Primeiro as pessoas e depois as coisas
Gostar de pessoas e usar coisas, em vez de gostar de coisas e usar pessoas
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Gostar de pessoas e usar coisas, em vez de gostar de coisas e usar pessoas
Suicídio: um acto silencioso e isolado fundamentado em sentimentos temporários e dolorosos.
Acompanhei inúmeras pessoas que durante uma fase atribulada e dolorosa das suas vidas, afectadas pela adicção activa, contemplaram o suicídio. A adicção é uma doença que na sua génese gera imenso sofrimento, isolamento e que precisa de ser tratada; não é uma questão moral ou fraqueza, mas um problema de saúde, tal como muitos outros. Após ultrapassarem essa fase adversa, essas são pessoas, hoje, não menosprezam as lições do devir. A maioria de nós, nos momentos atribulados de dor intensa, questiona a existência angustiada e atormentada, mas depois de transpor estes sentimentos dolorosos, ficamos mais lúcidos e conscientes das nossas limitações. Apesar de precisarmos de aprender a viver com a dor, podemos e conseguimos mitigar o sofrimento e o isolamento. Como bem sabemos, e por vezes ignoramos, o ego inflamado pode conduzir-nos às nuvens, mas quando fica dorido, também pode arrastar-nos para a escuridão.
É um mito considerarmos que o suicídio é um "acto de cobardia ou de coragem". A fim de esclarecer melhor esta questão, podemos fazer esta analogia; decidir matar outra pessoa só por não gostarmos dela nunca será considerado um acto de coragem ou cobardia. Podemos aplicar a mesma logica ao suicídio; fazer mal a nós mesmo, quando nos sentimentos angustiados e deprimidos, também nunca será um acto de cobardia ou coragem. Qualquer pessoa que pense no suicídio estará naquele período de tempo, a viver uma vida atormentada e em sofrimento atroz. Para todos os efeitos, está doente e debilitada. Como é que gerimos os nossos sentimentos quando nos sentimos impotentes perante a angústia e o tormento? Quando sentimos que estamos sós e rejeitados?
“Não tome decisões permanentes, sobre sentimentos temporários.”
Apesar do sofrimento e da dor temporária; é possível recuperar da adicção, um dia de cada vez.
Saiba mais sobre a dor e o suicidio SOS Voz Amiga. Você não está sozinho/a
O Recuperar das dependências comemora este mês de Agosto 5 anos de presença no Sapo Mulher. Estamos todos de parabéns!
Um dos principais objectivos deste projecto online é a luta contra o estigma, a negação e a vergonha associados às dependências de substâncias psicoactivas, vulgo drogas e álcool, e aos comportamentos adictivos (jogo, distúrbio alimentar, sexo, dependência emocional, furto, compras). De acordo com a natureza da adicção; informação é poder, nesse sentido, é possível recuperar a motivação para a mudança de estilos de vida mais saudáveis e equilibrados, numa atmosfera de aceitação e confiança – recuperação.
Este projecto, para além de Portugal, já ultrapassou fronteiras e podemos encontrar visitas oriundas de vários continentes, tais como:
Visitantes: Actualmente estão contabilizadas 155.876 visitas e 256.526 page views!
Aproveito esta data para agradecer a todos aqueles, que participaram com comentários, publicações e tornaram possível este projecto, em especial, ao Sapo por ter disponibilizado esta plataforma online.
Recuperar é que está a dar seja da adicção, da recaída, da crise, da doença, da perda/luto, da separação/divorcio, da dignidade e da auto estima.
O dia 26 de Junho assinala o Dia Internacional Contra o Abuso de Drogas e o Trafico Ilícito. Este dia, para mim, é de reflexão, onde dedico algum tempo à pesquisa de artigos publicados forma a manter-me actualizado sobre a evolução deste fenómeno avassalador, para uns representou uma verdadeira tragedia. Nomes sonantes vítimas das dependências, recordo, Micael Jackson, Amy Winehouse e Whitney Houston, só para enumerar alguns, sem esquecer os indivíduos desconhecidos e as suas famílias.
Em Portugal, estou em crer, que este dia, nunca mereceu a devida atenção e até posso acrescentar que para a maioria da população portuguesa passa despercebido, principalmente devido ao estigma, à negação e à vergonha associados à dependência de substâncias psicoactivas, vulgo toxicodependência. Estamos atrasados duas décadas em relação ao que se pratica, se ensina, investiga e no tratamento das dependências a nível internacional. Trabalho nesta área, desde 1993, e ainda constato, por parte dos profissionais de saúde, um certo tipo de ignorância e/ou desinteresse. Por exemplo, as universidades portuguesas ainda não possuem as condições e os recursos necessários a fim de motivar os seus alunos para a área das dependências. Tenho outro exemplo, mais concreto, conheci vários psicólogos e são unânimes em afirmar que aquilo que aprendem, sobre as dependências nas universidades, é insuficiente. Já para não referir a questão da prevenção das dependências, que tal como o tratamento do abuso e dependência de drogas, é uma matéria que ainda não mereceu por parte dos responsáveis políticos, dos media, dos tribunais e dos advogados, das mais diversas Ordens de profissionais da saúde e da sociedade em geral a devida atenção. Todos nós, eu e você, negamos as evidências óbvias.
Durante a minha formação profissional tive o privilégio de estar presente numa das instituições mais reputadas do mundo, sobre o tratamento das dependências de substâncias psicoativas, vulgo drogas, incluindo o álcool, refiro-me obviamente a Hazelden Foundation (http://www.hazelden.org/)
Nesse sentido, decidi escrever este post de forma a revelar algumas das características do Modelo Minnesota; a sua génese, a filosofia e a sua história. Para os menos informados este modelo de tratamento é aplicado num regime de internamento residencial tratamento cuja duração é de 90 dias, aproximadamente.
Aproveito para enaltecer a dedicação e o compromisso de algumas pessoas genais e visionários, durante o final dos anos 40, nos EUA, que dedicaram uma parte considerável das suas vidas a ajudar indivíduos a recuperar a sua dignidade e a recuperação da adicção. Lutando contra o estigma, a negação e a vergonha associados a esta doença.
Com este post não pretendo fazer uma abordagem completa e exaustiva deste modelo de tratamento, apenar pretendo salientar e revelar alguns detalhes sobre a sua historia e pessoas.
Para pensarmos no tratamento do alcoolismo e a génese do modelo Minesota precisamos de recuar até ao final dos anos 40, marcado pelo período pós-guerra (II grande guerra mundial), a segregação social, o tratamento do alcoolismo com uma forte vertente religiosa (evangelização) os asilos para doentes mentais e cadeias. Nesta altura ainda não existia o DSM, Manual de Diagnostico de Doenças Mentais, que só surgiu em 1952, nos EUA.
Modelo Minnesota “Uma abordagem evolucionária e multidisciplinar na Recuperação da Adicção.” Jerry Spicer, Presidente Hazelden Foundation, Minnesota, EUA (1949 a 2011)
Génese – Instituições envolvidas (Minnesota Model)
1948 - Pioneer House (filosofia do tratamento dos Alcoólicos Anónimos, AA - http://www.aa.org/?Media=PlayFlash) era designado, na altura, como um clube/associação, onde surge o primeiro membro de AA e a primeira figura do Addiction Counselor (1949) como profissão, em colaboração com o Serviço de Saúde Publica de Minneapolis, EUA
1949 - Hazelden (filosofia do tratamento do AA)
1950 Hospital State Wilmar – departamento de psiquiatria (equipa de profissionais cuja abordagem ao tratamento foi inovadora contando também com introdução da filosofia do AA)
No passado dia 22/05 atingimos os 100.000 visitantes. Hoje atingimos o extraordinario numero de 200.000 page views no blogue Recuperar das Dependências (Ver visitas: simeter). Aproveito para expressar os meus agradecimentos a todos os seguidores, bem haja.
Um dos objectivos desta plataforma online consiste em lutar contra o estigma, a negação e a vergonha associados aos comportamentos adictivos. Desde 1993 estou determinado em contrariar aquilo uma parte significativa da nossa sociedade (cultura) teima em reforçar, através de mitos e preconceitos, que o individuo adicto não tem solução e o que o tratamento não funciona; pelo contrario, é possivel recuperar a qualidade de vida. Recuperar É Que Está A Dar
Nota: Se você está em recuperação da adicção activa envie o seu testemunho para joaoalexx@sapo.pt
O problema
"Era uma vez um lavrador. Embora trabalhasse noite e dia, nunca conseguia deixar de ser pobre. De cada vez que começava a sentir que estava a tirar o melhor partido de uma situação, tudo acabava sempre por falhar. Se num ano havia seca, no outro havia cheia. Se num ano os rebanhos adoeciam, no ano seguinte os lobos dizimavam-nos. Se num ano o preço do cereal descia, no ano seguinte o rei subia os impostos.
Certo dia, o lavrador estava sentado num tronco, cabisbaixo e desesperado. De repente, apareceu uma estranha e grotesca criatura a dançar, a cantar e a rir à volta do lavrador. Os pelos que lhe cobriam o corpo estavam emaranhados, os olhos selvagens faiscavam e tinha os dentes pretos. O cheiro que exalava quase fez o lavrador chorar.
— Quem és tu?
— Eu, bom homem, sou o teu problema. Só passei por aqui para ter a certeza de que eras o mais infeliz possível!
— Monstro! Então é por tua causa que nunca coisa alguma me corre bem?
— Pois é! Eu sou o teu azar, a tua desgraça. Sem mim, serias um homem com sorte.
Rápido como o vento, o pobre homem agarrou o seu problema pelo pescoço e amarrou-o com cordas fortes. Em seguida, abriu uma cova bem funda e atirou a sua desgraça lá para dentro. Tapou-a com pedras e regressou a casa.
No dia seguinte, a sorte começou a mudar. As ovelhas deram à luz gémeos, as vacas começaram a dar duas vezes mais leite, as culturas cresciam mais depressa e mais alto do que nunca, e as árvores estavam carregadas de frutos. Todos os comerciantes queriam comprar os seus produtos e toda a gente vinha adquirir os seus legumes, frutos e animais. Em poucas semanas, o homem, que fora tão pobre, estava rico.
O lavrador tinha um vizinho que habitualmente era bem-sucedido. Este homem rico sempre olhara com desdém para o lavrador e ridicularizara o seu trabalho. Agora via que o lavrador estava quase tão rico como ele e, ainda por cima, em tão pouco tempo. Um dia, não conseguiu aguentar mais a curiosidade e foi visitá-lo.
— Parabéns, vizinho, pela sua recente boa sorte. Devo dizer que estou admirado com a rapidez com que conseguiu fazer prosperar esta quinta. Qual é o segredo?
— É simples. Encontrei a raiz do meu infortúnio. O meu problema veio vangloriar-se da minha má-sorte e eu apanhei-o. Enfiei-o num buraco fundo, que cobri com pedras, um buraco que fica na minha pastagem. Essa é, sem dúvida, a razão pela qual finalmente tive sorte, depois destes anos todos de trabalho e fracasso.
O lavrador rico não gostou que o vizinho tivesse finalmente triunfado na vida. Naquela mesma noite, rastejou até ao buraco onde o problema do vizinho estava enterrado. Durante toda a noite levantou as pesadas pedras e cavou a terra até encontrar o problema. Desamarrou-o e pô-lo em liberdade.
— Muitíssimo obrigado — gritou o problema. — O senhor é um verdadeiro amigo.
— Agora — disse o homem rico — podes voltar a atormentar o teu antigo dono outra vez.
— Não, não, não! — Gritou o problema. — Aquele homem tratou-me muito mal e atirou-me para dentro deste buraco. Mas o senhor foi tão amável em libertar-me! Vai ser um amo muito melhor. Vou ficar consigo para sempre. Assim foi e assim devia ser."