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Recuperar das Dependências (Adicção)

Contra o estigma, a negação e a vergonha associados aos comportamentos adictivos. O silêncio não é seguramente a melhor opção para a recuperação; ninguém recupera sozinho.

Recuperar das Dependências (Adicção)

Contra o estigma, a negação e a vergonha associados aos comportamentos adictivos. O silêncio não é seguramente a melhor opção para a recuperação; ninguém recupera sozinho.

A Auto-Estima


 

Antes de falar na Auto-Estima vamos abordar alguns sintomas da doença da adicção. Encontramos na adicção, quer seja às substancias psicoactivas lícitas, incluindo o álcool e ou ilícitas ou comportamentos - jogo, sexo, distúrbio alimentar, compras (shopaholics), shoplifting (furto), três vertentes, que estão interrelacionadas, que contribuem para uma baixa auto-estima no individuo adicto:

 

1. Física – Compulsão; processo uma vez despoletado pode ser extremamente difícil interromper,

 

2. Mental – Obsessão, preocupação exagerada (fixação) e ilusão (Negação),

 

3. Emocional /Espiritual - Total egocentrismo e isolamento social (egoísmo).


Sabemos também que este “triângulo” afecta todas as áreas da vida de um adicto (area individual, familiar, social) automaticamente afecta a sua auto-estima (auto conceito) de uma forma corrosiva e progressivamente. A baixa auto-estima é um problema comum, na maioria dos adictos, e em diversas situações passa despercebido sendo difícil de identificar. Recordo-me de um adicto afirmar de uma forma espontanea “ Quando eu uso drogas sinto que a minha auto-estima é alta”. Para alguém que tem um problema de adicção, usar (ou abusar, uso problematico) drogas lícitas, incluindo o alcool e ilícitas é perfeitamente “normal”. Faz parte do seu dia-a-dia, como por ex. alimentar-se e/ou dormir.

Para muitos potenciais adictos o uso de drogas lícitas, incluindo o álcool, e/ou ilícitas ou comportamentos adictivos surge da incapacidade para se auto-aceitarem (auto conceito) e lidar com os sentimentos dolorosos em situação de crise (baixa aptidão e falta de competências), associado a sentimentos de raiva, tristeza, ansiedade, confusão e medo. Desenvolvem um autocrítica muito rígida e perfeccionista, ex. certo e errado, julgamento pessimista de si mesmo, e /ou em alguns casos os adictos/as procuram a aceitação e o reconhecimento dos outros para o seu sentimento de inadequação. Na minha opinião, ninguém com uma auto-estima saudável se torna adicto/a, não quero com isto afirmar que a causa da adicção seja a baixa auto estima. É um sintoma, entre outros, de alguém adicto.

 

 

Viver Um Dia de Cada Vez


 

Para aqueles que estão em Recuperação da Adicção activa, quer seja de substancias psico activas (abstinentes de álcool e/outras drogas ilícitas) ou comportamentos  - jogo, sexo, trabalho “workaholics”, sexo, compras (shopaholics), shoplifting (furto), disturbio alimentar e codependência que procuram lidar com os seus sentimentos de uma forma construtiva, assim como, viver as dificuldades do dia-a-dia, viver no presente pode ainda ser extremamente frustrante e penoso se pensarmos que Recuperação significa mudança e em alguns casos recomeçar do zero. Esta realidade acarreta desafios e adversidade, por ex. reconquistar a dignidade, a confiança e a honestidade, adaptação ao sistema familiar, superar o estigma, quebrar as barreiras da negação e enfrentar a vergonha tóxica. Recuperação não significa cura e não é um acontecimento isolado, mas um processo de transformação de avanços e recuos.

A adicção é uma doença primaria, não é um sintoma de outra doença, é crónica e progressiva. A recaída também faz parte deste processo. Ninguém se torna adicto de um dia para o outro, não é uma escolha individual, como também ninguém recupera num determinado dia ou semana. Por isso, a recuperação da adicção activa é também gradual e progressiva sendo importante o tempo (processo). Este tempo, não pertence a ninguém, não é controlável, mas extremamente importante, muitas vezes sustentado em fracassos, na rejeição, na perda de controlo, nos erros mas também em pequenas "grandes" vitorias e desafios de crescimento emocional e espiritual, não religioso sem dogmas e divindades.

Trabalhar a Assertividade para a Vida


 

A oração da serenidade é uma abordagem espiritual, não religiosa sem dogmas e divindades, ao tema da ASSERTIVIDADE:
“Concedei-me Senhor, Serenidade para aceitar as coisas que não posso modificar, Coragem para modificar aquelas que posso, e Sabedoria para distinguir umas das outras .”


 


Na sua essência rogamos para discernir sobre pensamentos positivos que permitem comunicar e tomar decisões. Quando fazemos escolhas e tomamos decisões construtivas estamos a ser ASSERTIVOS e melhoramos os nossos relacionamentos.

Para a maioria de nós o medo distorce e sustenta algumas coisas que não gostamos; com a raiva reagimos e tomamos decisões precipitadas e as emoções limitam e condicionam as nossas decisões.

Características das Pessoas:
1. Falta de Assertividade e ou Passividade
A falta de assertividade é permitir que as outras pessoas nos tratem da maneira que entenderem sem que desafiemos aquilo que é dito ou feito. Significa fazer aquilo que as outras pessoas querem, apesar da nossa vontade ser diferente – ex. agradar aos outros, facilitar, encobrir, manipular."Porque dizemos sim, quando queremos dizer não?"

O problema na comunicação é evitado.

Os seus direitos legítimos são renunciados.

Os direitos dos outros são encarados como prioritários em relação aos seus. Isto cria um padrão no comportamento dos outros em relação a si fazendo com que eles beneficiem e tirem vantagem. Se voce pensar ”Se estiveres bem eu estou bem" ou "Se estiveres mal eu estou mal” está a negligenciar as suas necessidades

Permite que os outros avaliem e definem como você sente e pensa – “Não tem voto na matéria.

Permite que os outros escolham as suas actividades.
Os seus objectivos, no presente, são um dia alcançados – adiamento, vitimização e resignação. Os objectivos dos outros são mais importantes. “Esperar com os braços cruzados; à espera de um milagre.”

Nega e reprime a raiva e o ressentimento – minimiza e racionaliza os sentimentos desconfortáveis.

Na interacção com os outros, preocupa-se somente em respeitar os outros. Procura a aprovação e agradar.

Falta de confiança em si próprio. Baixa auto-estima.

Espera por favores e serviços.

A recuperação da adicção para a vida


 Sendo a adicção às substâncias psicoactivas lícitas, incluindo o alcool, e/ou ilícitas, uma doença do cerebro sabemos que o consumo de drogas afecta seriamente o funcionamento normal do cerebro (neuroquimica/neurotransmissores - ex. libertação anormal de dopamina) conduzindo o adicto na senda da gratificação imediata, aquela sensação de preazer e/ou bem estar unica capaz de modificar e o atenuar (adormecer) as emoções dolorosas do dia-a-dia, por ex. fracasso ou rejeição numa relação de intimidade, o despedimento, a perda de alguém significativo, cansaço fisico e/o a sensação de perda de energia, ansiedade e/ou sentir-se deprimido, etc. Aprende-se a oscilação das emoções e descobre-se um mundo de novas experiências sensacionais e unicas com drogas.


 

Ao interromper a progressão da adicção activa, o período inicial de abstinência total às drogas, incluindo o álcool, as principais prioridades passam por se manter “limpo” de drogas, a todo e a qualquer custo. Depois, aprender o conceito de doença, aderir à abstinência (responsabilização e participação activa), fazer novos amigos, reencontrar o lugar na família por ex. reparar danos consequência do passado disfuncional, identificar e reaprender a lidar com emoções (tais como; raiva, medo, vergonha e culpa, ressentimento) de uma forma construtiva, por ex. não agir nos impulsos, prevenção da recaída e viver um dia de cada vez. Todo este processo, leva aproximadamente cinco anos, exige muita responsabilização, compromisso e motivação da parte do adicto. Ninguém o pode substituir neste “trabalho” e desafio individual. 

Para um adicto no activo consumir drogas, incluindo o álcool, pode ser um “hobbie” extremamente absorvente, pode passar 7 dias por semana/365 dias por ano a pensar como obter e consumir substâncias, é a prioridade numero um da sua vida. O objectivo é consumir drogas, incluindo o álcool, sem olhar aos meios, se for necessário magoar, agredir, mentir, roubar, manipular pessoas queridas. A obsessão e a compulsividade da adicção exige que assim seja, nada é suficiente importante que o impeça o adicto de o fazer.



No inicio da abstinência também se aprende a dar um passo de cada vez. Em muitos casos, precisa-se de apoio e orientação da família, apoio profissional, económico e/ou pessoas significativas (amizades genuínos) de forma a se “elevar o olhar” e encarar os erros do passado de frente, com determinação e positivismo. Muitos adictos, incluindo a família, cujo ambiente se encontra disfuncional, “doente”, re-começam da “estaca zero”. Todos foram “apanhados pela rede” da adicção activa, ninguém escapa ileso à devastação e ao caos. Alguns membros de família sofrem de stress pós-traumatico. Todos foram afectados, por isso, estão todos “no mesmo barco”, é preciso fazer novos planos e uma “limpeza a casa”. È necessário repensar nas atitudes e comportamentos a mudar, ex. mais tolerância, honestidade, comunicação e compromisso de mudança da parte de todos, como um grupo. Ninguém muda de um dia para o outro e ninguém é perfeito, bem pelo contrario, os seres humanos são seres imperfeitos. Recordo-me de um pai que dizia, fazendo uma analogia, com sabedoria, “Esse exemplo é semelhante à fruta que está no cesto da cozinha, uma peça apodrece e passado algum tempo apodrecem as outras todas...

A recuperação da adicção às drogas, incluindo o alcool


 

Conheço pessoas (adictos) que permanecem em recuperação, vidas com qualidade e liberdade de escolha, há 19, 20, 25 anos. 
Eis alguns etapas que são factores de esperança e auto-realização na Recuperação individual:


 

Inicio de uma vida nova com esperança


 

Redução do medo sobre o futuro (desconhecido)


 

Reaparece a Auto-estima


 

Alimentação saudavel


 

Pensamento realista e define objectivos


 

O desejo de "fugir" desaparece


 

Esforço apreciado pela familia e amigos


 

Ajuste das necessidades familiares (ex. limtes e papeis)


 

Desenvolvem-se novos interesses


 

Novo círculo de amigos


 

Situações do dia-a-dia encaradas com coragem e esperança


 

Renascem os ideais, os sonhos e a ambição


 

Primeiros passos na estabilidade economica ( ex. pagamento de dividas acumuladas consequencias do passado)


 

Aplicação de novos valores e principios de uma vida saudavel e sustentavel


 

Para muitos surge um novo modo de vida, mais lúcido e esclarecido (proposito e sentido), a um nivel muito superior que jamais pensavam possivel alcançar.


 

"Mais será revelado". Irei continuar a explorar e a divulgar o conceito Recuperação da adicção

A toxicodependencia é uma doença do cérebro


 

 


 


" A toxicodependencia é uma doença do cérebro, e isso é importante"

Tradução "Addiction is a brain disease, and it matters" Dra Alan Leshner

"Os avanços cientificos dos ultimos 20 anos têm revelado que a toxicodependencia é uma doença crónica, recidivante (recaídas e deslizes) que resulta do efeito prolongados das drogas no cerebro. Tal como muitas outras doenças cerebrais, a toxicodependencia abrange aspectos comportamentais e de contexto social que são partes importantes do próprio disturbio. Assim, as abordagens terapêuticas mais efectivas incluirão componentes biológicas, comportamentais e de contextualização social. Reconhecer a toxicodependencia como uma doença crónica, recidivante, caracterizada pela procura e uso compulsivo de drogas pode ter impacto nas estrategias globais de saúde, nas politicas sociais, diminuir os custos sociais e de saude associados ao uso de drogas e à toxicodependencia. (...) Uma grande barreira é o tremendo estigma associado a quem consome drogas, ou pior, é toxicodependente. A perspectiva publica dos toxicodependentes é a de que são vítimas da sua situação social. Contudo, a visão mais comum é a de que os toxicodependentes são pessoas fracas ou más, sem vontade de orientar as suas vidas com moral e de controlar os seus comportamentos. (...) O abismo de implicações entre a perspectiva da "pessoa má" e a perspectiva do "sofredor de doença crónica" é tremendo. A título de exemplo, há muitas pessoas que acreditam que os individuos toxicodependentes nem sequer merecem tratamento. Este estigma, e o tom moralista subjacentre, conduzem a uma sobreposição significativa em todas as decisões relacionadas com o uso de drogas e os toxicodependentes. Outra barreira resulta de algumas pessoas que trabalham nos campos da prevenção e do tratamento da toxicodependencia mantêm ideologias entranhadas que apesar de usualmente diferentes, na origem e na forma, das ideologias do publico geral, podem ser igualmente problemáticas"

Artigo retirado da revista Cérebro Toxicodependente - boletim de neurociencias cognitivas e neuroimagem na toxicodependencia da Biopress

A importancia da confrontação nas relações e na Adicção


 

O que é a confrontação nas relações e na Adicção?
- É o acto de revelar, trazer, “puxar” ( arte que exige prática e aprendizagem) a pessoa a enfrentar, “ cara-a-cara “ a sua realidade distorcida – efeito espelho.
A confrontação, na comunicação nas relações e na Adicção, ocorre quando é observado uma discrepância/divergência entre:
 
a) Aquilo que a pessoa DIZ e a percepção do ouvinte acerca daquilo que a pessoa FAZ. Quando o problema da adicção (ex. consequências) é abordado a pessoa minimiza, justifica, racionaliza, mente, projecta, maximiza.


b) Aquilo que é dito agora (hoje) e aquilo que foi ouvido ou afirmado, anteriormente (há uma semana). "Promessas quebradas" e ou plano de intenções que não passam das palavras aos actos.

c) Aquilo que é dito agora e as suas acções no dia-a-dia.
Para o dependente de substancias psicoactivas lícitas, incluindo o alcool, e/ou substâncias ilícitas a sua realidade tem sido negada, reprimida e evitada por muito tempo através da sua adicção.
 
Para um individuo dependente de substâncias psicoactivas lícitas, incluindo o álcool, e/ou as ilícitas o mais importante é consumir "Beber só mais um copo" ou "Consumir drogas só mais uma vez...porque não tem problema e consegue controlar" nem que tenha de negar a sua realidade, por ex. consequências da adicção na área familiar, incluindo as crianças, área financeira, profissional, saúde, legal, etc. Nesta situação específica, o adicto é capaz de ser tão convincente que a própria familia acredita (nega) e é permissiva na confrontação.
 
Através da confrontação na comunicação dizemos aos outros como é que os observamos utilizando argumentos concretos, por ex. factos, evitando, assim o julgamento moralista e/ou a critica destrutiva. A confrontação para ser eficaz não pode ser conduzida de uma forma agressiva (ex. humilhação) mas de uma maneira firme, directa, com respeito e assertividade. A confrontação na comunicação é uma acto de coragem que gera confiança entre as pessoas ao invés de as separar. 
 
O intuito da confrontação é proporcionar conhecimento ao outro sobre determinado comportamento ou problema que só é observado pela pessoa que confronta.
 

 

 

Efeitos da dependência substâncias psicoactivas, incluindo o álcool, nas crianças da familia

Como consequência da adicção, muitas vezes as crianças são as mais esquecidas e negligenciadas neste processo disfuncional dentro da familia. O dependente de substâncias psicoactivas lícitas, inlcuindo o alcool e as ilícitas está preocupado (obsessão) com as drogas, o alcoólico fica preocupado (obessão) pelo beber compulsivo e a família fica preocupada com os comportamentos disfuncionais do dependente de substancias / alcoólico consciente do efeito nocivo nas crianças - porque elas são esquecidas. Perante este drama na família, os adultos não dispõem de disponiblidade para acompanharem as crianças no seu desenvolvimento, visto andarem preocupados uns com os outros

Algumas afirmações, acerca das CRIANÇAS, efetcuadas por alguns profissionais :
- Têm baixa auto-estima

- É provável que o rendimento na escola seja reduzido ou são demasiado responsaveis (excelentes alunos), comportando-se como uns “adultos” pequenos.
Não usufruem do convívio com outras crianças da sua idade, tornam-se uns perfecionistas e demasiado exigentes consigo mesmo.

São mais facilmente afectadas por sentimentos de frustração e rejeição do que aquelas crianças cujos lares não existe o factor álcool/drogas.

Têm problemas de ajustamento nos relacionamentos ( consigo mesmo e com os outros, por ex. auto conceito, limites ) durante a adolescência e na transição para a fase adulta.

 

Preocupação excessiva sobre usar drogas

 
 
Preocupação/ fixação (alguns exemplos, rituais, sentimentos, crenças, memorias e associações sobre drogas, incluindo o álcool) e a Adicção - pensamentos excessivos e intensos sobre o consumo de drogas lícitas, incluindo o álcool, e ilícitas. Preocupação/fixação  - atenção excessiva e intensa sobre o consumo de drogas lícitas, incluindo o alcool, e ilícitas, vulgo craving.

 

Para quem sofre da adicção a substâncias psicoactivas, incluindo o álcool, este tipo de pensamento/fixação/associação frequente e intenso sobre drogas, pode tornar-se intrusivo e/ou obsessivo e ser algo extremamente desconfortável, gerador de ansiedade, principalmente, para aqueles que se encontram em recuperação (abstinentes) há menos de doze meses. Por outro lado, sabendo dos riscos associados ao craving  é importante adoptar medidas protectoras a fim de prevenir o deslize ou recaida. Para aqueles que identificam estes pensamentos/fixação intensos (craving), não significa que algo esteja errado, pelo contrario, faz parte das recordações do passado (memorias e habitos enraizados). É possível, com o tempo, encontrar formas construtivas de lidar e aceitar com esta situação. Não significa que quem esteja exposto a este tipo de pensamentos/fixação esteja à "beira de uma recaida", contudo será benéfico falar, com alguém, sobre estes pensamentos obsessivos e sobre os sentimentos que podem despoletar, principalmente o medo, a raiva, a vergonha, o ressentimento, o sentimento de culpa. Este tipo de pensamentos/fixação/associação também podem ser parte da doença da adicção. Encorajo as pessoas interessadas a procurar mais informação sobre o conceito e as dinamicas desta doença, ex neurobiologia e efeitos psicologicos da adicção. Tal como acontece, com outras doenças cronicas, por exemplo, diabetes, os doentes precisam de procurar informação credivel sobre os cuidados a ter em relação à doença. 
 
 

A Recaída é um fenómeno comum à Adicção

A recaída é um fenómeno comum à adicção, substâncias psicoactivas licítas, incluindo o alcool e a nicotina, e as ilícitas. O mesmo fenomeno ocorre com os comportamentos, refiro-me ao jogo, ao sexo, disturbio alimentar, codependência, compras - shopaholics, shoplifting - furto. Muitos adictos/as ficam vulneraveis e expostas à recaída, em relação a determinadas atitudes, sentimentos e comportamentos, em recuperação, mesmo antes de iniciarem os consumos/comportamentos adictivos ou experimentarem a fixação/preocupação exagerada em consumir ou beber. Perdem a capacidade em se auto-avaliar e monitorizar (pensamentos e sentimentos) agem (comportamento) no desejo irresistível (craving) e reiniciam o consumo drogas lícitas, incluindo o alcool, ilícitas ou comportamentos (jogo, sexo, disturbio alimentar, compras). A estes comportamentos que despoletam e antecipam a recaída podemos designar de atitudes e comportamentos disfuncionais que boicotam a recuperação/abstinência.
 
Conheço adictos/as, que recaíram, quando colocados perante a questão "Se as coisas estavam a correr bem, durante a a recuperação/abstinencia, porque é que é optas-te por recair" Resposta "Não sei...não sei porque fui consumir drogas e alcool"
 
De forma o leitor/a conseguir discernir sobre determinados conceitos em relação à adicção vamos designar 1. adicção às substâncias psicoactivas licítas, incluindo o álcool e as ilícitas (drogas) e 2. Adicção comportamentos (jogo, sexo, distúrbio alimentar, codependência/relacionamento de dependência, compras - shopaholicsshoplifting - furto). Existem adictos que são simultaneamente adictos a substâncias e a alguns comportamentos. Por ex. substâncias psicoactivas e distúrbio alimentar ou jogo e substâncias psicoactivas.

Todas as drogas que alteram o humor têm a capacidade de modificar a forma como pensamos, sentimos e agimos e como consequencia podem causar danos graves no cerebro, danos psicologicos, danos fisicos e nos relacionamentos com as outras pessoas.

A adicção conduz a pessoa a consumir substâncias psicoactivas lícitas/ilícitas e/ou comportamentos a fim de obter gratificação imediata (bem estar e alivio), todavia há um custo elevado; o sofrimento, a obsessão e a compulsão a médio e longo prazo, como consequência, é inevitavel a perda de controlo. Uma vez adicto/a as consequências negativas das decisões  são imprevisíveis, isto significa que se perde a capacidade de gerir os comportamentos e atitudes de uma forma funcional e construtiva. Consumir substâncias psicoactivas lícitas/ilícitas e/ou agir nos comportamentos adictivos para aliviar o sofrimento/desconforto causado pelo consumo de drogas e/ou agir nos comportamentos impulsivo/compulsivo e continuado conduz ao ciclo adictivo, em "espiral".

Na adicção, o sofrimento fisico e psicologico associado à interrupção do consumo de substâncias lícitas e ou ilícitas designa-se de Síndrome da Abstinência, vulgo, ressaca. Gostaria de acrescentar que já observei adictos a comportamentos (jogo e sexo)  com os mesmos sintomas psicológicos, do Síndrome da Abstinência, que os adictos a substâncias psicoactivas