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Recuperar das Dependências (Adicção)

Contra o estigma, a negação e a vergonha associados aos comportamentos adictivos. O silêncio não é seguramente a melhor opção para a recuperação; ninguém recupera sozinho.

Recuperar das Dependências (Adicção)

Contra o estigma, a negação e a vergonha associados aos comportamentos adictivos. O silêncio não é seguramente a melhor opção para a recuperação; ninguém recupera sozinho.

Sinais de perigo em relações abusivas

  

As relações amorosas de intimidade são uma parte importante no nosso universo emocional e espiritual, não religioso sem dogmas e ou divindades. São uma parte fundamental e profunda, como seres humanos e seres gregários; precisamos uns dos outros para obter qualidade de vida (auto estima, auto realização, limites, princípios e valores morais e éticos, unidade e coesão, confiança, cumplicidade) todavia porém, acontece conhecer pessoas que de inicio se revelam amistosas, cordiais, compreensivas mas que a médio ou longo prazo mudam de atitudes e comportamentos e tornam-se disfuncionais, agressivas e abusadores.
Todos nós, homens e mulheres, tememos esta possibilidade, porque quando nos envolvemos com alguém aquilo que nos atrai nessa pessoa são as suas características positivas, desejarmos partilhar e crescer emocionalmente (dar e receber) para que a relação se desenvolva e se solidifique naturalmente. Por vezes é extremamente difícil definir limites numa relação de intimidade porque o abuso instala-se de uma forma subtil e progressiva. A maioria de nós já se viu envolvido em relações disfuncionais, em que sentimos enganados, traídos, com dôr, vergonha e culpa, ódio, inseguros, isolados, chocados, rejeitados, ciúme extremo, angustia, humilhação, ou o oposto em que já magoamos seriamente alguém. Costumo dizer que as pessoas nos desiludem, mas nós também desiludimos os outros. Ninguém é perfeito.


 


Contudo, podemos sempre mudar hábitos e crenças disfuncionais (abuso) e adoptar atitudes e comportamentos que favoreçam a tolerância pela diferença, a compreensão, a dignidade e o respeito, a confiança, a honestidade, a empatia nos relacionamentos amorosos íntimos. Em situações de crise no relacionamento de intimidade, pedir ajuda a outra pessoa pode abrir uma “outra porta” e trazer alguma esperança e auto estima.

Apresento uma lista de sinais de perigo em relações potencialmente abusivas. Esta lista destina-se simplesmente a ser utilizada como orientação e proporciona algumas dicas para se estar atento. Não é destinada para o inventário negativo nem pretendo ser dogmático. Pode identificar outras “pistas” que não constem nesta lista.

Esteja atento e questione as relações onde:

Existe abuso de drogas e/ou álcool, jogo.

Existe um historial de problemas com a lei (ex. delinquência).

O potencial abusador/a não trabalha ou não vai à escola.

Existe abuso físico de crianças ou animais de estimação.

O potencial abusador/a abusa dos irmãos e/ou de outros familiares.

O potencial abusador/a envolve-se em lutas violentas.

O parceira humilha outras pessoas ou censura excessiva utilizando termos depreciativos.

O potencial abusador/a destrói coisas (bens e/ou propriedade).

O potencial abusador/a está sempre com raiva (agressividade) de algo ou alguém.

O/a potencial abusador/a tenta isolar o parceiro/a de outras pessoas (ex. amigos) e quer controlar com quem o parceiro/a está, e ou os locais onde esteve.

O/a potencial abusador/a faz criticas constantes ou força o parceiro/a a ter sexo quando este não está motivado/a.

O potencial abisador/a mente ou tem outros relacionamentos (relações paralelas).

O potencial abusdador/a é fisicamente “duro” (empurra, puxar, dar pontapés, etc.) .

O potencial abusador/a abusa do dinheiro do parceiro/a ou toma partido em outras situações, do dia-a-dia, em que o parceiro/a está em desvantagem.

O potencial abusador/a acusa o parceiro/a de se insinuar (ex. flirt e ou sedução) com  outras pessoas, incluindo estranhos.

O potencia abusador/a faz acusações realçando a traição e estar a ser enganado/a.

O potencial abusador/a não ouve activamente o parceiro/a ou não mostra interesse nas opiniões e sentimentos...As coisas são sempre feitas à sua maneira.

O potencial abusador/a ignora, adopta o “tratamento do silêncio”, interrompe as conversas constantemente.

O potencial abusador/a mente, não aparece aos encontros, desaparece por alguns dias.

O potencial abusador humilha a família e/ou amigos do parceiro.

O potencial abusador/a faz comentários obscenos sobre outras pessoas na presença do parceiro/a.

O potencial abusador/a culpa o parceiro/a por todos os problemas.

O potencial abusador/a controla o que o parceiro/a veste ou faz.

O potencial absusador faz ameaças sobre suicídio se o parceiro/a quiser desligar-se da relação.

O potencial abusador exibe mudanças extremas do humor; por ex., diz que o parceiro/a é a pessoa mais interessante e no minuto a seguir afirma que é estúpido/a , gordo/a, ou afrontar (directamente ou indirectamente).

O potencial abusador/a compara o actual parceiro/a com outros/as parceiros/as anteriores.

O potencial abusador/a injuria e condena outros parceiros/as.

Afirmações Positivas


 

A afirmações positivas podem alterar as “velhas” crenças disfuncionais (erros cognitivos e legado negativo do historial de vida) e reeducar um novo e saudável mecanismo cognitivo de crenças que promovam a auto-realização, a auto estima, o respeito, a dignidade, a Fé, num poder Superior, não religioso sem dogmas e divindades, a esperança, a confiança. Um dia de cada vez. Podemos tornar os sonhos e a ambição reais. Em recuperação conseguimos aquilo que nunca acreditamos ser capaz de atingir.

“Nós somos aquilo que pensamos”

Repita para si e acrescente o porquê: Por exemplo: sou uma pessoa competente, porque continuo a investir na formação profissional.

Sou uma pessoa arrumada e asseada.

Estou sempre a aprender e a mudar de atitudes e comportamentos.

Sou realmente uma pessoa maravilhosa.

Sou fantástico/a.

Sou uma pessoa competente.

Ando aprender a discordar sem ser desagradável.

Ando a aprender a dizer Não de uma forma mais confortável.

Ando a aprender a ouvir de uma forma mais confortável.

Sou uma pessoa amorosa.

Sou uma pessoa linda.

Ando a tornar-me mais assertivo/a.

Ando a fazer o meu melhor.

Sou uma pessoa valida sem que sejam necessárias provas disso.

Ando a aprender a ter menos medo.

Sou uma pessoa corajosa.

Ando a aprender a Não culpar os outros.

Ando a acentuar melhor os talentos dos outros.

Ando a permitir que cresça emocionalmente e espiritualmente (não religioso, sem dogmas e divindades).

Sou um/a amigo/a do amigo, preocupado/a e generoso/a.

Sou uma pessoa com talento.

Sou capaz de mudar aquele comportamento que não gosto em mim.

Sou mais talentoso/a do que aquilo que imagino ser.

Sou forte e determinado/a.

Sou realmente capaz de mudar as minhas atitudes e comportamentos.

Sou uma pessoa especial.

Sou capaz de enfrentar qualquer situação que se depare no meu dia-a-dia.

Procuro sempre partilhar e dar.

Sou uma pessoa prudente e forte.

Sou uma pessoa arrojada e descontraída.

Sou sensível e liberal.

Sou capaz de estar feliz e descontraída/o mesmo quando as coisas aparentam não correr à minha maneira.

Ando a aprender a expressar o meu interior (self/Eu).

Ando a tornar-me uma pessoa com as qualidades que mais gosto em mim.

Sou uma pessoa distinta e excepcional.

Mereço ser amada/o e amar.

As afirmações positivas podem funcionar. Pode arranjar post-it e colar no espelho, no carro, no wc, no quarto, saudações de boas vindas no telemovel e pc. Use a sua criatividade.
As afirmações positivas também servem com forma de auto inspiração e motivação para continuar em frente ou para parar e reflectir. Se encontrar outras auto-afirmações positivas que nao estejam nesta lista...optimo! Use e abuse.

 

O Medo na recuperação dos comportamentos adictivos


Todos sabemos que o medo tem uma perspectiva positiva e uma perspectiva negativa, ocupa ambos lados da mesma “moeda”, na recuperação dos comportamentos adictivos. Quem gosta de sentir o medo? Ninguém.

Também sabemos que o medo faz parte das nossas emoções; quer gostemos dele ou não. Não é evitar e/ou fugir dos nossos “demónios" e fantasmas que conseguiremos vence-los. Conforme vamos vencendo uns “fantasmas”... outros surgiram. Esta é uma verdade da qual não podemos descurar. Todavia é através da coragem, da esperança e da fé num Poder superior, não religioso sem dogmas e ou divindsades, que conseguimos reforçar a autoestima e auto conceito. È confrontando e enfrentando os medos que vamos descobrindo as virtudes e habilidades em recuperação da adicção (vitorias e sucesssos).

Através do exemplo positivo dos outros adictos em recuperação, o adicto pode colher “ferramentas” e experiencias úteis para o dia-a-dia. A recuperação é um processo de avanços e recuos, ao longo da vida, em muitos casos a adicção activa pode “mascarar” outro tipo de problema (comorbildiade, depressão, problemas de ansiedade, adicção cruzada, compulsividade, etc.). 

 

Pessoalmente, já passei por um processo profundamente doloroso onde fui confrontado pelos meus “fantasmas” em que senti que não iria conseguir encontrar “forças” suficientes para “sobreviver” ao longo de aproximadamente três anos. Pensamentos catastróficos e irracionais, choque/dor, pânico, desilusão e frustração, depressão e ansiedade extrema invadiram-me e abalaram toda a “estrutura”. Foram tempos muito difíceis.

Em recuperação da adicção, seja o que for, haverá para cada problema, uma solução. A solução pode exigir sacrifício, determinação, honestidade, entrega, tolerância, humildade, inspiração e motivação.

O medo é um sentimento em que permanecemos alerta, ansiosos e com medo (sofrimento) por antecipação (preocupaçãpo e pensamentos catastróficos) causado pela expectativa de perigo eminente, desastre e/ou dor. È também uma das emoções crónicas mais conhecidas e até chega a ser epidémico na nossa sociedade. Adicionando, o medo é um factor preponderante na adicção quer seja para o adicto ou para a sua família. È uma energia activa e dinâmica que afecta todos e cada um.

Alguns tipos de medo mais comuns


Medo do abandono

Medo do próprio medo

Medo da rejeição

Medo do falhanço/sucesso

Medo do desconhecido

O medo é uma emoção que se aprende ao longo da vida; a re-educação cognitiva é o factor chave para se lidar com o medo de uma forma construtiva e saudável.

Pensamento negativo (pessimismo) é o “terreno” perfeito para o ciclo catastrófico do medo.


O "Preço" de ser Agradador/a


 

“Porque digo sim, quando quero dizer que Não?”


 


Ser agradador/a tem um “preço”negativo, através da alienação, da hostilidade indirecta e do comportamento autodestrutivo, para o próprio agradador/a e para as outras pessoas, directa e ou indirecta:
 
1. O agradador/a tem a tendência para criar uma atmosfera tensa à sua volta, na comunicação, em que as outras pessoas evitam dar um feedback honesto e espontâneo, como consequência esta atitude bloqueia o crescimento emocional (confiança) de ambas as partes.

2. O agradador/a, nos relacionamentos com os outros é capaz de gerar desconfiança e duvida. A atitude de ser sempre simpático e estar sempre disponivel, é bom demais para ser verdade. Gera uma sensação de incerteza e de insegurança nos outros. Nunca sabem se podem confiar ou se vão ser apoiados numa situação de crise que exija uma confrontação directa.

3. O agradador/a evita que os outros à sua volta cresçam emocionalmente. O agradador/a evita dar feedback genuíno, impedindo assim, que os outros conheçam realmente as suas  verdadeiras caracteristicas. Nos conflitos na comunicação, o/a agradador/a tem a tendência para forçar os outros a virar a agressividade contra eles próprios e a gerar sentimentos de culpa, frustração, e dependência nas relações intimas.

4. Por causa do seu estado agradador/a permanente, os outros á sua volta nunca sabem se a relação vai sobreviver a um possível conflito, caso a discussão surja espontaneamente. O agradar compromete seriamente a intimidade, porque as outras pessoas estão constantemente à defesa.

5. O agradador/a não é de confiança, porque quando explode, inexplicavelmente em raiva, é de tal  maneira imprevisível e agressivo/a, que os outros ficam em choque e incapazes de lidar com estas situações de crise aguda.

6. O agradador/a , ao reprimir a sua agressividade, pode pagar um preço a nível fisiológico, somantizando[1] problemas e a nível psicológico desenvolve um tipo de alienação e isolamento.

7. O comportamento do agradador/a torna-se irreal. Coloca limitações severas e rígidas nas suas relações, em ultimo caso, é vitima do seu próprio comportamento disfuncional.


[1] "Somatizar é manifestar no corpo, na forma de uma doença ou um sintoma, algum conflito interno (psíquico). Por exemplo, uma pessoa ansiosa que sente dor de cabeça, de estômago, como resultado da sua ansiedade."

Rendição à Adicção, inicio da Recuperação


 


A Rendição, incapacidade de controlar a progressão da adicção, implica acção na aceitação. Aceitar a doença (Adicção) é uma decisão importante quanto ao processo de recuperação (mudança de aittudes e comportamentos geradores de qualidade de vida). Todavia, isso não significa que a decisão de aceitar a doença seja de um dia para o outro, pode ser uma mudança lenta mas gradual e honesta. A  aceitação é uma atitude motivada pelo desejo e ambição de (re)iniciar o processo de recuperação que conduz à liberdade e a uma possibilidade de usufruir da felicidade. Para alguns adictos, interpretam a rendição, como uma perspectiva negativa que os impede de usufruir deste processo libertador e resiliente.
Jacquelyn Small (Transformadores: os Terapeutas do Futuro, 1982) descreveu a rendição segundo um conceito positivo e algumas das suas ideias são a base deste artigo.

O processo da Rendição
Se é um adicto/a a substâncias licítas, incluindo o alcool, e ou ilícitas, jogo, sexo, disturbio alimentar, shoplifting (furto), shopaholics (compras) é provável que se sinta como uma pessoa fraca, sem vontade própria, perdida, infantil e ingénua se considerar a rendição como um processo em que precisa de desistir e ficar subjugada a uma espécie de poder Superior (conceito não religioso sem dogmas e divindades) dominante, castigador e controlador. Contudo, não é isto que acontece quando participa activamente no processo de rendição descrito pelos três primeiros passos dos 12 passos do grupo de ajuda mutua dos Alcoolicos Anónnimos (AA).
Quando admite a impotência perante a doença da adicção, está a reconhecer que o seu ego sozinho é inadequado e ineficaz em derrubar as forças da adicção activa. Depois, atraves da boa vontade procura acreditar que uma fonte de poder imaterial, externa ao seu ego, pode interceder por si próprio e pelos outros, de forma a orienta-lo nos momentos de adversidade e complexos do seu devir.
E o terceiro passo é uma forma de aprendizagem na aplicação desta fonte de poder imaterial, sentimento de ligação com uma força superior que com quem comunica, cada vez que decidir entregar (ex. a preocupação exagerada e a necessidade de controlo) a sua vida aos cuidados desse poder, conforme O/A concebe, seja Ele, Ela ou Algo.

A esta atitude pode designar um acto de rendição, é um passo que permite entregar a ilusão do controlo da adicção activa e permite ajustar-se ao natural fluxo da vida. Quando isto acontece na vida dos adictos, inicia-se um processo de transformação em que se coopera e colabora nas forças que governam o universo em vez de lutar contra elas. È semelhante à energia que se recebe quando as coisas fluem naturalmente; tal como “a agua do ribeiro que corre entre as pedras”.