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Recuperar das Dependências (Adicção)

Contra o estigma, a negação e a vergonha associados aos comportamentos adictivos. O silêncio não é seguramente a melhor opção para a recuperação; ninguém recupera sozinho.

Recuperar das Dependências (Adicção)

Contra o estigma, a negação e a vergonha associados aos comportamentos adictivos. O silêncio não é seguramente a melhor opção para a recuperação; ninguém recupera sozinho.

"As Palavras leva-as o Vento"


Palavras ao vento
 


“Certa vez um homem tanto acusou o seu vizinho de ser um ladrão que um dia ele acabou por ser preso.
Passado algum tempo depois provou-se que afinal era inocente. Imediatamente, o rapaz foi libertado, e após muito sofrimento e humilhação, decidiu processar o homem que tinha sido o responsável por tal desgraça na sua vida.

No tribunal, o homem disse ao juiz:
- Mas as criticas não causam assim tanto mal...
E o juiz respondeu:

Olhe, você vai escrever num papel todas as acusações e criticas negativas que fez sobre este homem que esteve preso. Depois rasga a folha em pedaços e deite pelo caminho de casa. Amanhã volte ao tribunal para ouvir a sua sentença!


O homem obedeceu e no dia seguinte voltou ao tribunal. O juiz disse:
- Antes de ouvir a sentença, vai apanhar todos os pedaços de papel que deitou para o chão ontem a caminho de casa!
 


- Mas...Sr. Dr. Juiz... Isso é impossível...não posso... Respondeu o homem assustado. – O vento já deve ter espalhado os pedaços de papel por tudo o que é lugar e não vou conseguir encontra-los.
Ao que o juiz respondeu:
- Da mesma maneira, uma simples acusação ou critica negativa pode destruir a honra de um homem, espalhando-se a um ponto de não conseguir consertar o mal causado.
- Se não se pode falar bem de uma pessoa, é melhor que não se diga nada!”

Sejamos senhores da nossa língua, para não sermos escravos das nossas palavras.”

“Quem ama, não vê defeitos...Quem odeia não vê qualidades...
E quem é amigo vê as duas coisas!!”

Atitudes positivas e motivadoras vs. pensamentos derrotistas irracionais

Por vezes, fruto do nosso passado (familia de origem) desenvolvemos, ao longo da vida, crenças familiares disfuncionais e/ou relacionamentos com pessoas significativas abusivas capazes de potenciar o fracasso e a rejeição, por ex, Não és merecedor..., Não és capaz..., Os outros são melhores que tu...., Não vais conseguir..., Se mostrares quem és os outros não vão gostar de ti.... O sofrimento e a frustação vão tornar-se insuportaveis e não irão passar, nunca "Estou doido/a, devo ser diferente ". Este padrão de crenças negativas podem bloquear o desenvolvimento do nosso potencial (competencias e habilidades), como seres humanos espirituais, não religioso sem dogmas e divindades. 


Pensamentos derrotistas irracionais reforçam o negativo, conduz ao perfecionismo (padrão rigido de pensamento) e ao impossivel, antecipando cenarios/situações catastroficas. Vivemos o medo/ansiedade, por antecipação, e acreditamos nesses mesmos medos irracionais. "

Algumas pessoas afirmam, resignadas e passivas, "Não vale sequer a pena tentar, porque não vou ser capaz. Isto não vai passar."

O que é que pode fazer hoje para mudar de atitudes e comportamentos derrotistas?

Só por hoje
:

Pode valorizar a gratidão, e fé e a esperança.

Pode sentir orgulho da honestidade e da autenticidade. Você é livre, nesse sentido possui a liberdade de escolha para arriscar e sonhar.

Pode sentir as emoções (positivas e/ou as dolorosas) e valorizar a capacidade de estar em sintonia/equilibrio com o Eu interior (sentimentos, ambições, valores e crenças positivas).

Você é um ser unico e excepcionalmente valioso. Ninguem pode enfrentar os seus "fantasmas" e fazer esse trabalho por si.

Pode sonhar "acordado" e acreditar que o impossivel não existe.

Pode definir metas/planos e objectivos de vida.

Pode ter um proposito e um sentido no dia-a-dia (familia, trabalho, amizades, comunidade, hobbies, etc).

Pode arriscar só por hoje... O não está garantido! O que pode acontecer é vencer o medo irracional que o bloqueia. 

Pode mudar...mudando pequenas coisas (palavras, rotinas, atitudes e comportamentos).

Até o ninho estar pronto o passaro tem imenso trabalho...todavia, dia-a-dia vai fazendo aquilo que lhe compete e sabe fazer. Sem ansiedade, sem medo de falhar, sem querer atingir a perfeição, sem competir cegamente. Se o ninho é destruido pela tempestade ele retomará o seu trabalho com mesma motivação. Um dia o ninho estara terminado

 

Dependência emocional - " O amor é cego"

  

A dependência emocional é um tipo de patologia emocional e de relacionamentos, recentemente descrita por estudiosos do comportamento humano nos EUA. È uma experiência comportamental patológica alteradora o estado de humor. Este designação faz parte do jargão profissional, que é incompreensível para as pessoas que se encontram fora desta actividade e incoerente para alguns que trabalham nesta área. Todavia, considero mais importante observarmos o significado desta patologia que afecta milhares de homens e mulheres.

Todos nós, seres humanos, precisamos de criar e desenvolver vários tipos de elos/ligações com os outros. Somos seres gregários. Precisamos de relações amorosas, criar vínculos, laços de pertença. Contudo, surge um serio problema quando esses vínculos e laços se tornam padrões disfuncionais repetitivos de insatisfação, insegurança, infelicidade e rejeição, de vergonha e culpa, baixa auto estima, isolamento, raiva e ressentimento e dependência.

Isto significa que o amor levado a um extremo pode conduzir ao sofrimento e desgoverno a que podemos designar de dependência emocional – “o amor é cego”. Por vezes, evocamos e abusamos da palavra/conceito Amor quando na realidade o comportamento é o oposto. A nossa cultura/sociedade reforça a crença disfuncional de que devemos procurar a felicidade “mágica” no amor-paixão e/ou no parceiro/a ideial (principe perfeito e/ou princesa perfeita).

Consideramos perfeitamente natural que a exaltação amorosa seja o tema principal na literatura, no espectáculo, na canção. Somos constantemente bombardeados, através dos media, através de promessas de uma relação apaixonada que nos traga satisfação e realização pessoal. Diariamente, assistimos a telenovelas, programas de televisão, revistas, romances, anúncios que apelam às nossas emoções (à imaginação, ao sonho, à sedução e à sensualidade) e às relações perfeitas e fáceis.

Quase que dependemos dos relacionamentos de “sucesso” para conseguimos um propósito e sentido na vida. O amor apaixonado é aquilo que alguém sente geralmente por um parceiro/a impossível. De facto, é exactamente, por ser impossível que existe tanta paixão. Para que exista a paixão, terá de existir uma luta continua, obstáculos a ultrapassar e um desejo de obter mais do aquilo que é oferecido. Literalmente, paixão significa sofrimento, e frequentemente, quanto maior é o sofrimento maior é a paixão. A prioridade e a razão da felicidade gira em torno da conquista, da sedução, do romance, do flirt, do sexo. A intensidade emocional, de um caso de amor apaixonado não é comparável ao conforto mais subtil, de um relacionamento estável, de confiança e empenhado. Assim se o parceiro/a, finalmente recebesse por parte do alvo da sua paixão, que tão ardentemente deseja, o sofrimento terminaria e a paixão em breve se esfumaria. Nessa altura, provavelmente iria deixar de gostar dessa pessoa, porque a magoa doce-amarga teria desaparecido.

 A sociedade prepara-nos para o desafio da vida; adquirir a liberdade, autonomia e espiritualidade, (não religioso, sem dogmas e divindades), sem ser a “custa” de outra pessoa/, parceiro/a ou coisas materiais? Como é que aprendemos a amar, sem que a nossa propria identidade se dilua na dependencia do amor?

Recuperação Inicial e Recuperação Duradoura


 


Alguns estudos empíricos e longitudinais revelam que a recuperação é um processo de desenvolvimento que necessita de uma evolução constante.

Se por um lado o processo de reabilitação inicial tem como objectivos a elaboração e aprendizagem de competências de vida (sociais, de resolução de problemas, de higiene básica, de comunicação) necessárias para realizar uma série de comportamentos ajustados ao que é esperado pelas normas sociais e penais vigentes, de forma a que o dependente adquira recursos internos para lidar de forma construtiva com as adversidades do dia-a-dia, estes mesmos desenvolvimentos podem ser insuficientes com o passar do tempo.

Partindo da premissa que com o início de uso de substâncias alteradoras do humor o desenvolvimento emocional é travado ou desenvolvido de forma insuficiente, é necessário um acompanhamento mais orientado numa fase inicial de recuperação.

A incapacidade de lidar com a frustração e com sentimentos de cariz negativo, a categorização da realidade em categorias exclusivas (ex.: confia totalmente ou não confia nada), a instabilidade emocional são factores que podem fragilizar o processo individual de adaptação a uma realidade raramente por eles vivenciada durante o tempo de consumo.

Um dos factores também verificado em muitos dos casos é uma visão distorcida de si mesmo, dos outros e do mundo, e do futuro, que impede, por vezes, uma saúde mental estável necessária para o crescimento associado a uma vida saudável sem recurso a drogas lícita e ou ilícitas, incluindo o álcool. Esta visão foi elaborada tendo em conta crenças que o paciente adquire durante a infância e todo o percurso de uso de substâncias. No entanto se não forem trabalhadas durante o seu processo de recuperação podem criar obstáculos que por vezes são considerados pelos mesmos como intransponíveis.

Assim sendo é necessário ter em consideração que a recuperação é um processo em constante mudança que tende a ser cada vez mais elaborado e preciso, e consequente, também por vezes necessário é um acompanhamento individual a médio prazo para uma melhor adaptação ás dificuldades que se vão apresentando.

Dr Pedro Garrido - Psicólogo Clínico
965172940


 

 


 

Comentario: Agradecemos a colaboração, a dedicação à causa e a disponibilidade do dr Pedro Garrido em colaborar connosco no nosso blog. Precisamos de todos aqueles que abraçam esta missão. Um grandioso e iluminado Bem Haja.