Contra o estigma, a negação e a vergonha associados aos comportamentos adictivos. O silêncio não é seguramente a melhor opção para a recuperação; ninguém recupera sozinho.
Contra o estigma, a negação e a vergonha associados aos comportamentos adictivos. O silêncio não é seguramente a melhor opção para a recuperação; ninguém recupera sozinho.
Chamo me Rogério Lima, moro em Alagoinhas/BA, Brasil, jogador compulsivo em recuperação há 270 dias, graças ao meu Poder Superior[i], às minhas reuniões de ajuda mutuo, aos meus amigos e ao amor que sinto pela minha família.
É com muita felicidade e gratidão que aprendi a viver um dia de cada vez, e tem dado certo. Sei o quanto preciso do meu ontem, para fazer julgamentos de minhas imperfeições. Tenho muitas ferramentas para fazer o meu hoje em abstinência, reformulando meus antigos comportamentos e acreditando positivamente que só eu posso, mas não posso sozinho. Quanto ao meu amanhã e seus resultados, somente meu Poder Superior poderá traçar este caminho.
Sei que tenho erros e acertos; tristezas e alegrias; desânimo e vitalidade; isso acontece porque sou humano e carrego um turbilhão de sentimentos. Hoje, vivendo o programa de doze passos, sei o quanto é importante identificar e trabalhar essa intensidade de emoções que passam por mim diariamente. Compreendo que felicidade completa não existe, e também não teria graça. Preciso encher minha alma de aceitação e renuncia, parece contraditório, porém a vida é assim, viver o lado positivo e me manter invadido de fé e serenidade para os problemas que venham a acontecer.
Aprendi a acreditar no tempo de Deus[ii], durante esse 270 dias sem qualquer tipo de aposta, situações que imaginava demorar a acontecer, simplesmente aconteceram. Defino isso como entrega! Algo jamais praticado por mim.
Estou consciente o quanto é importante para mim, um jogador compulsivo em recuperação, chegar aos nove meses; deixo a euforia de lado, e abro espaço para crença, onde tenho e posso levar a mensagem, a outro dependente que ainda sofre. Sinto muita satisfação quando isto acontece.
- Sabia que o alcoolismo afecta o sistema familiar, incluindo as crianças, ao longo de varias gerações? Todos são afectados (avós, pais e filhos).
- Alcoolismo na família, incluindo as crianças. Possíveis consequências: Abuso físico, sexual e emocional.
- Algumas famílias afectadas pelo alcoolismo são incongruentes derivado à negação dos sentimentos (membros da família) e à posse de um ou mais segredos entre membros da família?
- Um alcoólico/a pode ser um individuo que seja: esposo, padre, politico, medico, esposa, advogado, psicólogo, professor, investigador, conselheiro, estudante, irmão, irmã, engenheiro, filho, filha, soldado, policia, actor, actriz, psiquiatra? Não precisa de beber todos os dias, de beber grandes quantidades de álcool e de ser agressivo.
- A grande maioria dos indivíduos que abusam de álcool considera que não precisam de ajuda para o problema com a bebida. Quantos portugueses precisam de ajuda para o problema com o álcool? Uma parte considerável deste fenómeno preocupante permanece "escondido" e negado.
- A Industria milionária e poderosa do álcool e os seus parceiros. Sabia que existem no mercado, bebidas alcoólicas cujo preço está ajustado em função do consumidor. Vendem-se bebidas alcoólicas, para indivíduos com idade acima dos 16 anos, em garrafões, garrafas, em pacotes e copos. Os preços baixos proporcionam uma maior oferta, potenciando a procura, desde os mais jovens aos mais idosos.
- Sabia que as crianças, filhas/os de pais alcoólicos, "carregam" para o resto das suas vidas adultas as consequências do alcoolismo? São adultos que receiam a intimidade, que negligenciam as suas necessidades básicas (amar e ser amado), baixa auto estima, não existe limites nos relacionamentos, são adultos que desenvolvem relacionamentos de intimidade disfuncionais.
- Visto o álcool ser uma substância psicoactiva, depressora do sistema nervoso central, alguns alcoólicos apresentam sintomas depressivos.
Para um indivíduo que abusa do álcool, ou doente alcoólico e está em negação, você sabia que quando ele afirma que não tem um problema com o álcool não está a mentir? Sim. Porque para ele beber e estar sob o efeito do álcool, é perfeitamente legitimo e é um acto social. Faz parte da sua vida, visto ter uma relação especial com o álcool.
1. Você bebe álcool quando está zangado/triste?
2. O seu consumo de álcool interfere na hora de chegar ao trabalho?
3. A sua família está preocupada com o seu consumo de álcool?
4. Bebe álcool mesmo quando afirma, para si mesmo, que não o vai fazer?
5. Esquece de coisas enquanto esta embriagado/a?
6. Sente dores de cabeça e ressaca (mau-estar) depois de beber?
Se respondeu Sim a uma ou mais destas questões, peça ajuda pela sua saúde.