Contra o estigma, a negação e a vergonha associados aos comportamentos adictivos. O silêncio não é seguramente a melhor opção para a recuperação; ninguém recupera sozinho.
Contra o estigma, a negação e a vergonha associados aos comportamentos adictivos. O silêncio não é seguramente a melhor opção para a recuperação; ninguém recupera sozinho.
Tratamento dos comportamentos adictivos. Importante: Todos os dados pessoais foram alterados de forma a manter o anonimato dos seus intervenientes.
Consulta com Cristina (nome fictício. Dependência emocional), abordamos a questão da intimidade nos relacionamentos românticos. Paixão, no início de um relacionamento, pode não ser sinonimo de intimidade e de compromisso, ao invés, pode ser sinónimo de sofrimento. Para algumas pessoas, intimidade é sinonimo de medo – medo do desconhecido, medo da rejeição e do compromisso, medo da exposição, medo do falhanço, medo do medo. A intimidade numa relação é semelhante a um contrato, celebrado por duas pessoas, onde ambas as partes se comprometem a preservar, a partilhar e a colher os seus benefícios, salvaguardando o bem-estar da relação. A intimidade é fruto do compromisso e da honestidade, de ambos os parceiros, faz parte de um processo com propósito e sentido em conjunto com o parceiro/a.
Consulta com Álvaro (nome fictício. Alcoolismo) falamos sobre a diferença entre a realidade e a ilusão. Quando ficamos iludidos (negação), através do alcoolismo, só conseguimos enxergar a realidade (verdade) após sofrimento e consequências negativas. O alcoolismo afecta seriamente todas as áreas da vida do individuo. Qual é o limite para a negação do alcoolismo? Não tem... “É só mais uma bebida, amanhã não bebo mais!”
Consulta com Maria (nome fictício. Distúrbio alimentar) falamos sobre sentimentos e os comportamentos. Podemos confundir os sentimentos, com aquilo que realmente é o nosso caracter; é necessário desvincular os sentimentos dos comportamentos. Não somos aquilo que sentimentos, mas aquilo que fazemos com os pensamentos e com os sentimentos.
Nas consultas abordamos com frequência, a questão da vida e da morte. Alguns indivíduos estiveram "perto" da morte, como consequência do sofrimento da adicção ativa (doenças, tentativa de suicídio, problemas de saúde e/ou overdose, acidentes). Quando se está doente da adicção ativa, as regras para se sobreviver são diferentes da maioria dos mortais. Paradoxo, tanto o sofrimento como o isolamento, aparentam ser uma “companhia” do dia-a-dia, uma segurança, mas no lado oposto, da mesma moeda, são um motivo suficientemente forte para questionar a razão de estar vivo. Em recuperação, é possível atenuar a dor/sofrimento através da ajuda de outras pessoas de confiança.
Consulta com Hilário (nome fictício. Adicto ao Jogo) identificamos pensamentos e crenças que mantêm o individuo fechado e isolado (vergonha tóxica). A forma como se defende do sofrimento, por ex. da vergonha e do sentimento de culpa, é atuar com base no prazer imediato, acting out, que reforça o isolamento, a vergonha toxica e o sentimento de inadequação. É um círculo de pensamentos, sentimentos e comportamentos disfuncionais quem mantêm o problema do jogo e o sofrimento; jogar para evitar o confronto com a realidade e a mudança de paradigmas.
Pequenos excertos de pedidos de ajuda recebidos por email, posteriormente, foi uma enviada resposta para a cada situação em particular.
Se você identificar com alguma situação e ou comportamento em concreto pode escrever um email e solicitar apoio.
A publicação destes pequenos excertos tem como propósito quebrar o ciclo disfuncional associado ao estigma, à negação e à vergonha. Na sociedade atual, é cada vez mais frequente o aparecimento deste tipo de problemas, refiro-me, obviamente, aos comportamentos adictivos. Por vezes, a distancia, entre pessoas com problemas adictivos idênticos, pode ser uma porta, um prédio e/ou uma mesa do escritório. A ajuda surge quando o ciclo disfuncional do silêncio é interrompido.
Pedidos de ajuda que quebram o estigma, a negação e a vergonha. Todos os dados pessoais foram alterados de forma a manter a confidencialidade dos intervenientes.
"Chamo-me T. e a minha relação com o meu pai está, neste momento, está estagnada, já praticamente não falamos um com o outro. Optei por não responder a determinadas conversas (mas não sei se é a melhor opção). O meu pai foi ao medico, há uns dias, e foi-lhe diagnosticado uma cirrose hepática, também por excesso de álcool. Sei que a minha mãe sempre foi infeliz. Acha que há alguma coisa que eu possa dizer/fazer que o vá ajudar? Sei que se as coisas não mudarem, não serei capaz de manter esta relação, sinto que estou sozinha. Preciso de ajuda, Obrigado."
"Chamo-me C. e o meu pai é alcoólico. Após algumas tentativas de desintoxicação, está novamente a beber. A minha mãe não consegue ajudá-lo e decidiu-se pela separação. Ele não acredita que ela concretize. Ela só quer que ele reconheça a necessidade de ajuda para uma nova tentativa de desintoxicação e uma vida sem álcool. Ele não aceita que está doente e mente convictamente dizendo que não bebe. Como o posso levar a perceber a sua doença?Ajude-me."
" Chamo-me M. e venho por este meio pedir ajuda em relação ao vício das drogas leves. Gostaria de saber o que preciso de fazer para me tratar. Sinto me doente e perdi a energia para fazer seja o que for. Consumo drogas leves há vinte anos, e cada vez mais, sinto que o meu corpo e mente, estão cada vez pior e quero mudar de estilo de vida. Tenho muito para viver e está a mexer em todos os níveis da minha vida. Obrigado"
"Bom dia, chamo-me L. e nunca imaginaria que tal coisa pudesse tomar proporções tão devastadoras e incapacitantes. Era eu, uma adolescente de 14 doloridos anos, perdida num mundo de inseguranças, medos irracionais e rejeições quando perdi toda e qualquer vontade de viver a vida, pois havia sido identificado a bulimia, que me consume todo o meu ser. Atualmente, os meus dias baseiam-se exclusivamente em comida, vómitos, exercícios, peso, dietas, calorias, pensamentos, balanças, dor, culpa, compulsividade. Preciso de uma orientação. Obrigado"
"Chamo me A e venho pedir ajuda, estou deprimida e não sei o que fazer à minha vida. Descobri no computador, no telemóvel e na conta bancaria do meu marido que ele é adicto ao sexo (pornografia, prostituição e outras coisas que tenho vergonha em falar). Estou casada há 25 anos e temos dois filhos maravilhosos. Ele apesar das evidências continua a negar. Estou desesperada, ajude-me, por favor."
Comentário: O silêncio disfuncional não o/a protege da doença da adicção, nesse sentido, peça ajuda. Tal como fizeram centenas de indivíduos e famílias resilientes que conseguiram alcançar a Recuperação e um novo modo de vida. Se identifica um problema, você não é o/a unica/o e não está sozinho/a.
Não queria começar sem agradecer o convite feito pelo João Alexandre para escrever para os seus blogues. Obrigado!
Decidi escrever sobre este tema porque continuo a assistir a um fenómeno recente, a meu ver, pouco ético de lidar com o cliente/paciente e sua família. Em desespero, as pessoas estão prontas para fazer qualquer coisa, ou aceitar qualquer proposta para parar o sofrimento diário.
Porquê o anonimato? Se pegarmos numa curiosidade verificamos que nas dezenas de irmandades de 12 Passos existe sempre uma palavra que não muda. Então vejamos: Narcóticos Anónimos, Alcoólicos Anónimos, Cocaína Anónimos, Famílias Anonimas, Nicotina Anónimos, entre muitas outras. É fácil, é a palavra “Anónimos” está sempre presente porque é extremamente importante. Esta palavra está sempre presente para proteção. Mas para proteção de quem? Também é fácil. Para proteção dos membros dessas irmandades.
A importância do anonimato surge resultante da experiência acumulada, ao longo de varias décadas, por membros das mesmas irmandades. Sabe-se que a recuperação não é fato consumado, isto significa que a recuperação é construída e alicerçada, todos os dias, um dia de cada vez. Um individuo que hoje está em recuperação; amanhã pode não estar. Para além disso, a vida é uma maratona, e aquilo que hoje podemos considerar inofensivo, não significa que não possa trazer consequências para nós ou para as nossas famílias, a medio e a longo prazo; capaz de gerar muitos momentos de dor e sofrimento.
O que me revolta, é saber que pessoas que estão nesta área de serviço (profissionais no tratamento de adições) e que trabalham com esta abordagem de tratamento (12 Passos dos Alcoólicos Anónimos, vulgo AA) sabem o porquê da existência do anonimato, e mesmo assim, cedem as exigências dos media (por exemplo: a televisão) para ter um espaço num canal a emitir em direto a nível nacional. Isto pode significar, na prática, uma assistência de milhares senão milhões de espectadores.
Não é uma maneira digna de tratar um cliente que é humilhado em frente a milhões de espectadores, entre eles estão familiares, amigos dos familiares, filhos, patrões, enfim, a sociedade em geral. Podem afirmar, que o cliente e a família aceitam este tipo de exposição, mas na realidade, estas pessoas estão em total desespero, aceitam qualquer coisas que os ajude a sair do problema, e os centros de tratamento (instituições) sabem disso. Na minha opinião, deviam protege-los e não expô-los desta maneira.
De acordo com notícias dos Estados Unidos da América, uns indivíduos davam uns dólares aos sem-abrigo alcoólicos de Nova Iorque em troca de uma luta. Ou seja, estas pessoas concordaram agredir-se mutuamente para ter em troca dinheiro para mais uma bebida. Fica aqui a comparação para reflexão.
Na minha breve passagem profissional por Portugal, o centro de tratamento onde fui Coordenador Terapêutico também foi a um desses programas de televisão da manhã, mas com uma pessoa com varios anos de recuperação, sem aquela pressão do desespero para parar de usar, onde aceitou contar a sua vida em frente das camaras. O resultado foi o mesmo: durante aquele dia recebemos dezenas de telefonemas, e eventuais clientes. Então eu pergunto, porque não levam um cliente que tenha uns anos de recuperação? Ou então, levem o cliente e a família em desespero ao programa se isso significa a “oferta” de um tratamento para o cliente, mas POR FAVOR, não mostrem a cara e mudem a voz. Não quebrem o anonimato das pessoas, porque muitas vezes é só isso que elas têm, ou que elas ficam para reconstruir as suas vidas novamente. E todos nós de uma maneira ou de outra sabemos disso.
Leitura recomendada: "Dependência, Estigma e Anonimato nas Associações de 12 Passos" da Catarina Frois, Edição/reimpressão:2009, Editor: Imprensa de Ciências Sociais. Livraria Bertrand.
Comentário: Desde já os meus agradecimentos ao Nuno Albuquerque pela sua participação no Recuperar das Dependências. Também partilho da mesma opinião, quando se expõe publicamente, o sofrimento e o desespero, cujo intuito é a ajuda, as audiências e a publicidade ao centro de tratamento em questão. É uma triangulação (cliente, meio de comunicação social e instituições) confusa e pode revelar-se promiscua, caso não existam políticas e orientações que salvaguardem os direitos do cliente. Já assisti, a esses ditos programas, e parece que alguns limites são de facto, ultrapassados, por ex. informação clinica (confidencial) sobre o cliente e a evolução em tratamento. Este tipo de informação deverá ser partilhado, exclusivamente, entre profissionais, nunca em público.
Quais são as orientações que visam proteger o cliente, previamente esclarecidas e definidas, entre a instituição de tratamento e os meios de comunicação social? Por exemplo; quanto á exposição publica, qual/quais são os fatores de riscos e as possíveis consequências psicológicas no individuo? De que forma são defendidos? Caso se vejam a constatar danos, quem são os responsáveis? A instituição ou os meios de comunicação social? Enfim, existem imensas questões delicadas que devem ser contempladas e esclarecidas, pelas partes interessadas, de forma a prevenir qualquer tipo de dano.
Gostaria também de aproveitar o tema do anonimato, lançado pelo Nuno Albuquerque, para falar sobre a ética, em especial no centro de tratamento com as características já referidas neste texto. Na minha opinião, este tipo de instituições de tratamento, que utilizam os 12 Passos dos Alcoólicos Anónimos[i] devem ter um código de ética (politicas, orientações e regras) e supervisão (supervisor) clinica, de grupo e/ou administrativas (Case management) que definem a organização e a relação entre a própria instituição (hierarquia e constituição), os seus profissionais (instrumentos de avaliação e confidencialidade) e os próprios clientes (conduta e expectativas), a fim de serem salvaguardadas os direitos e os deveres de todos. Só conseguimos usufruir, em pleno, da liberdade quando cumprimos as regras.
Caro leitor/a, se algum dia procurar ajuda, para si e/ou para um familiar, para tratamento da adicção solicite informação sobre o código de ética da instituição.
[i]Importante: Para evitar mal-entendido, gostaria de informar que não existe qualquer tipo de relação comercial, institucional e/ou profissional entre os grupos de ajuda mutua dos Alcoólicos Anónimos (AA) e estas instituições privadas. Por exemplo, nos grupos de ajuda mutua não existem profissionais, não apoiam com qualquer tipo de instituições privadas, a participação dos seus membros é totalmente grátis, não existem cotas ou outro tipo de pagamento/contractos, quando os seus membros vêm a público são totalmente anónimos (não se revela o rosto e a voz dessa pessoa).
As instituições privadas de tratamento, em regime residencial de internamento, da adicção utilizam somente os 12 Passos, na filosofia do tratamento.
Pequenos excertos de pedidos de ajuda que recebo todos os dias por email, posteriormente foram enviadas respostas a cada situação em especial.
Se você identificar com alguma situação e ou comportamento em concreto pode escrever um email e solicitar apoio. A resposta será enviada o mais brevemente possível. Todos os dados pessoais foram alterados de forma a manter a confidencialidade.
A publicação destes pequenos excertos tem como propósito quebrar o ciclo disfuncional associado ao estigma, à negação e à vergonha. Na sociedade atual, é cada vez mais frequente o aparecimento deste tipo de problemas, refiro-me aos comportamentos adictivos. Por vezes, a distancia, entre pessoas com problemas adictivos idênticos, pode ser uma porta, um prédio e/ou uma mesa do escritório. A ajuda surge quando o ciclo disfuncional do silêncio é interrompido.
Pedidos de ajuda que quebram o estigma, a negação e a vergonha.
1. “Chamo me J. e gostaria de saber como gerir/ conduzir uma situação de consumo excessivo de álcool. A pessoa em questão não reconhece o consumo abusivo. Bebe praticamente todos os dias sozinho e em contexto não-social. Quando o faz, num contexto social, o consumo de bebidas alcoólicas tende sempre para o excesso. Estou preocupada e não sei como conduzir esta situação.”
2.“Chamo me A. e sou filho de mãe alcoólica e isso reflete se na minha vida sentimental. Os meus pais separaram se quando eu era criança, vivi com a minha avó até ao início da adolescência, depois fui viver com a minha mãe e aí então, foi realmente muito difícil. Sinto me inadequado e desconfiado nos relacionamentos de intimidade. Sou demasiado exigente comigo e com as outras pessoas, inclusive tenho a necessidade de controlar tudo e todos. Descobri o seu blogue e por isso procurei a sua ajuda. “
3. "Chamo me L. escrevo lhe este email pois estou preocupada com uma situação que está a ocorrer a uma amiga minha : ela quando come doces , pizzas , salgados ( comida pouco saudável , em geral) vomita tudo a seguir. Isto é , ela se comer comida saudável leva uma vida normal , só quando se excede, ingestão compulsiva, é que tem a necessidade de vomitar tudo. Será esta situação normal? Será um vicio ?
Obrigada”
4.. “Chamo me P e encontrei por acaso o seu blogue. A minha história é a de alguém que luta e sofre com a adição pelos doces. Tenho alternado entre períodos de ser muito cuidadosa e saudável e depois, algo se apodera de mim e perco a noção de tudo, faço muito mal a mim mesma, estrago a minha vida, isolo me e caio na compulsão. Depois é a paranoia dos dias perfeitos para mudar de vida. O tempo passa e ainda não fui mãe, mas a sensação que tenho é que hipotequei a minha vida, congelei a vida com medo de sofrer. O açúcar tem sido o veneno que me anestesia da realidade, faz -me fugir de encarar a vida e de ter coragem para tomar decisões e para me amar como sou...a tal auto estima...Ajude-me!”
5.. "Chamo me M e estou numa relação com um toxicodependente. Apaixonei me por ele. E só soube da sua adicção com drogas duras há menos de dois meses. Sempre notei que receava intimidade e o compromisso. Oscilava entre o sarcástico, distante, desinteressado. Explodia sem razão aparente e criticava-me negativamente. Falei com ele, já não suportava esta rejeição da sua parte. Disse lhe que não queria mais esta relação para mim. Ele mudava ou nada fazia efeito. Ele mudou do dia para a noite, mais atento, carinhoso. Passado uma semana voltou outra vez à rejeição. Mais uma senti me muito insegura. Estou confusa e a ficar farta deste comportamento instável. Até quando aceitar a instabilidade? Será que ele não consegue ter uma relação amorosa estável? Eu também consumo ganzas e bebo álcool. Será que o João me pode ajudar?”
A sociedade moderna, foi sendo educada a confiar a terceiros, competências essas, que em última instância serão nossas. Um bom exemplo disso será a educação dos nossos filhos, a gestão das nossas casas, a nossa saúde e também a nossa segurança.
Os governos manipulam as pessoas, mediante interesses financeiros e criam melhores ou piores condições de vida consoante as necessidades dos mercados, hoje em dia existe um novo tipo de escravatura. Escravatura, que será mais dissimulada, talvez até pelo adormecimento de grande parte da população, mas também porque as pessoas foram ensinadas a viver (fuga/evitamento) com medos. Alguns exemplos, medo da religião, medo dos governos, medo dos patrões, medo … medo e mais medo!
Provavelmente, são poucos, aqueles que conseguem viver realmente livres … livres de medos infundados, livres nas suas atitudes e livres, na sua forma geral, de viverem em plenitude este dom que temos que é a vida !
Basta recuarmos, alguns seculos, e as pessoas viviam em pequenos grupos, e era nesses grupos que estabeleciam regras para o funcionamento da comunidade. Plantavam em comum, viviam em comum e a defesa das suas aldeias era feita por todos. Completamente alheios, em grande número dos casos, a leis e regulamentações impostas por terceiros, escolhiam viver as suas próprias leis e tradições.
O que nós observamos, hoje em dia na nossa sociedade, são cidades sobrelotadas e onde, apesar de existirem tantas pessoas, os níveis de isolamento são cada vez maiores.
Não é de estranhar observarmos alguém ser assaltado em plena luz do dia e apesar de dezenas de pessoas assistirem ao assalto, nenhuma tem sequer iniciativa para tentar ajudar a vítima.
Imagine este cenário: Você está em sua casa, tranquilo com a sua família a assistir a um filme depois de um dia cansativo de trabalho, e de repente, entram 3 homens mascarados em sua casa e depois de o espancarem a si, violar a sua mulher e maltratar os seus filhos, roubam tudo o que têm e pelo qual tanto trabalharam. Quais os tipos de cicatrizes emocionais deixará a todos, até ao final das vossas vidas ? Algum dia conseguirão superar a dor de tal agressão? Muito dificilmente.
A Defesa Pessoal: em prol da nossa integridade
A defesa da nossa integridade e de todos os nossos entes queridos, cabe a nós de a assegurar, esqueçamos a polícia e os vizinhos, esqueçamos todas as pessoas que moram no prédio, pois muito dificilmente alguma correrá em seu auxilio. A defesa pessoal é a forma mais básica que possuímos, refiro-me ao nosso instinto natural de sobrevivência, face a uma agressão, podermos reagir da forma correta e eficaz, e na mesma proporção de força perante determinada ameaça.
Dedique três ou quatro horas da sua semana, seguindo um programa eficaz de defesa pessoal, onde profissionais competentes o ensinam a dominar técnicas, a dominar a sua mente e reações? A sua vida e a da sua família não valerão muito mais?
Além disso junta o útil ao agradável, pois juntamente com o facto de estar a aprender a defender-se, também estará a praticar exercício físico e a sua saúde agradece! Se desejar saber mais sobre a Defesa Pessoal contacte-me.
Comentario: Os meus agradecimentos ao João Carvalho (Personal Trainer) pela sua contribuição no Recuperar das Dependências. Tal como refere no seu artigo, e também partilho da mesma ideia, de facto, estamos expostos a niveis elevados e preocupantes de insegurança, de exposição ao risco e à violência gratuita, para constatar esta realidade, basta ligar a televisão e ler nos jornais diarios.
A defesa pessoal é uma actividade fisica onde aprendemos a estar mais seguros, porque adquirimos competencias (técnicas e pequenas dicas) e ficamos mais habilitados a prevenir e ou intervernir em situações criticas, caso seja necessario. Todavia, considero a defesa pessoal, como mais uma, entre muitas, actividade fisica salutar e promotora de qualidade de vida onde se priveligia a camaradagem, entre ajuda, o convivio, a concentração e a disciplina, o contacto fisico, a resistencia fisica e mental ao esforço e ao desenvolvimento de competencias geradoras de autoestima (auto conceito) e resiliência. Se está em recuperação dos comportamentos adictivos pratique exercicio fisico.
Recentemente faleceu o Coronel Lewis Melvin (Mel) Schulstad ex piloto da United States Air Force (USAF). Pessoa ilustre, visionário e um pioneiro, e sem sombra de duvidas, um individuo determinado e dedicado à causa do tratamento e da recuperação da adicção às substâncias psicoactivas lícitas e/ou ilícitas. Dedicou uma parte significativa da sua vida a promover o reconhecimento da carreira/profissão do Addiction Counselor. Inclusivamente, em 1974, foi o co-fundador e antigo presidente National Association of Alcoholism Counselors and Trainers, que uns anos mais tarde, em 1976, se viria a tornar National Association of Alcoholismo Counselor, e finalmente em 1982, na actual National Association of Alcoholism and Drug Abuse Counselors (NAADAC), congénere da portuguesa Associação Nacional de Conselheiros em Abuso de Drogas e Alcoolismo (ANCADA).
Schulstad (Mel) permaneceu 46 anos em recuperação da adicção. Com frequência partilhava a sua história na recuperação e de esperança. Apos a sua reforma, manteve-se disponível para ajudar e apoiar os outros.
Foi também o c-autor do livro, com James Millan, “Under the Influence”, 1984 e autor do livro “Beyond the Influence”, 2000. Ambos os livros marcaram uma era no tratamento (biologia da adicção) e na recuperação da adicção.
Data do nascimento: 09 de Março de 1918
Data da morte: 06 de Janeiro de 2012
Uma singela e profunda homenagem a este ser humano “especial”, um ícone, cujo contributo e participação abnegada irá permanecer presente na memória de muitas pessoas, incluindo aqueles que estão em recuperação. Os meus pêsames à sua família.
Comentario: È urgente, novos recursos e competências, pessoas dedicadas e especializadas e instituições dedicadas, tanto a nível cientifico como empírico, no tratamento da doença da adicção às substancias psicoactivas licitas, incluindo o álcool, e/ou ilícitas. É imperativo aproximar a ciência (investigação) da prática (experiencia) e formar equipas multidisciplinares, de pessoas competentes, dedicadas e abnegadas com a causa. São necessárias reformas (quanto à metodologia, epidemiologia e etiologia) direcionadas à prevenção, ao tratamento e à recuperação, assim como um maior envolvimento da sociedade, cujo principal intuito é derrubar o estigma, a negação e a vergonha associado a esta doença. Aos indivíduos doentes, assim como às suas famílias, incluindo as crianças, é urgente devolver a dignidade que eles têm direito. Recuperar É Que Está A Dar
Recue uns 40 ou 50 anos e imagine-se, como mulher, a viver nos anos do Portugal do Estado Novo. Nesse passado não tão longínquo, as mulheres casadas não podiam ausentar-se do país sem autorização escrita do marido e as enfermeiras não podiam casar. A gestão dos bens do casal, incluindo da mulher, pertenciam ao marido e numerosas profissões estavam legalmente vedadas às mulheres.
Hoje os tempos são outros e, comparativamente, a situação da mulher melhorou muito, mesmo que ainda haja muito a fazer culturalmente. As mulheres são mais independentes, têm mais direitos e liberdades, formam-se em maior número nas universidades, distinguem-se em diversas profissões e ascendem a lugares de adminstração ou cargos politicos.
Com estas mudanças, teriamos, assim, muitos motivos para ter elevados índices de felicidade nas mulheres, mas paradoxalmente tal não acontece. Segundo alguns estudos* de referência, desde a década de 70 que o nível geral de felicidade da mulher nos EUA e na Europa, tende a cair e acentua-se à medida que a mulher avança na idade, contrariamente ao do homem. Em Portugal, as mulheres trabalham mais e dormem menos, as doenças associadas ao estilo de vida e ao stress, assim como o consumo de tabaco e anti-depressivos tendem a aumentar.
O que é que aconteceu?
Podemos associar vários factores que comprometem a saúde e o bem-estar da mulher, tais como factores biológicos mais propensos à depressão, a sobrecarga de trabalho resultante da desigualdade na distribuição das tarefas domésticas e responsabilidades familiares, o dilema carreira - família, as exigências da educação dos filhos na sociedade actual, a pressão cultural para corresponder a padrões de beleza e de desempenho irrealistas, entre outros.
No seguimento das recentes declarações do Secretario de Estado Adjunto e da Saúde, nos meios de comunicação social, sobre a prevenção, direcionada aos jovens, afirmou, tem “falhado tudo” considero revelante abordar a questão do álcool e das pessoas.
Nunca é demais, relembrar que a nossa cultura promove e incentiva o consumo/abuso de bebidas alcoólicas, em jovens menores de idade. Vejamos os resultados do estudo do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT). De acordo com a referida notícia, no Jornal de Noticias, o estudo do IDT sobre o consumo de álcool, tabaco e drogas em meio escolar refere que os jovens portugueses começam a consumir álcool cada vez mais cedo, beber em maiores quantidades e a embriagarem-se mais vezes. Estes fenómeno, sobre os jovens beberem maiores quantidades e embriagarem-se mais vezes já motivo de investigação e medidas excecionais de prevenção, quer seja nos Estados Unidos da América (EUA) ou no Reino Unido há pelo menos dez anos ou mais, é designado de Binge Drinking (beber álcool cujo intuito é a intoxicação/embriaguez). Em Portugal, não existe Prevenção, por exemplo em relação ao binge drinking. Até há data da publicação deste post, ainda é permitido por lei, aos jovens menores de idade, consumirem/abusarem de bebidas alcoólicas com a conivência dos políticos, dos tribunais, da ordem dos médicos e dos advogados.
Segundo o mesmo estudo, efetuado pelo IDT, 37% dos alunos com 13 anos (menores de idade) já experimentou beber álcool, numero que sobe para 90,8% nos jovens com 18 anos. Depois destes dados, pergunto:
Na minha opinião pessoal, estes números são apenas a ponta do iceberg. Em algumas zonas remotas do país, tipo aldeias, não existe controlo sobre este fenómeno.
Perante esta realidade constrangedora, o que é que se tem feito, nos últimos 5 anos, para prevenir este problema?
Quais são os custos para o Estado?
Com a crise económica e social, quais as instituições e profissionais, que monitorizam o fenómeno do abuso do álcool (binge drinking)e do alcoolismo, em Portugal? Neste período conturbado, as previsões apontam para um aumento do consumo do álcool.
Dica: Recuperar da Adicção activa é um processo complexo e pode ser altamente dinâmico. Nesse sentido, se você é do sexo masculino sugiro o seguinte.
Invista na monitorização e comunicação das suas emoções com indivíduos do mesmo género. Estabeleça laços de intimidade, de honestidade, de empatia, de respeito com homens. Fale dos aspectos vulneráveis do seu carácter (as suas inseguranças, os seus receios). Contrarie o preconceito e a tradição imposta na nossa sociedade de que o "Homem não chora." ou "Homem não revela as suas fraquezas e ou sentimentos" ou "Homem é duro"
Responda a esta simples questão:
Na sua opinião como é que define a sua masculinidade?
Chamo me Rogério Lima, moro em Alagoinhas/BA, Brasil, jogador compulsivo em recuperação há 270 dias, graças ao meu Poder Superior[i], às minhas reuniões de ajuda mutuo, aos meus amigos e ao amor que sinto pela minha família.
É com muita felicidade e gratidão que aprendi a viver um dia de cada vez, e tem dado certo. Sei o quanto preciso do meu ontem, para fazer julgamentos de minhas imperfeições. Tenho muitas ferramentas para fazer o meu hoje em abstinência, reformulando meus antigos comportamentos e acreditando positivamente que só eu posso, mas não posso sozinho. Quanto ao meu amanhã e seus resultados, somente meu Poder Superior poderá traçar este caminho.
Sei que tenho erros e acertos; tristezas e alegrias; desânimo e vitalidade; isso acontece porque sou humano e carrego um turbilhão de sentimentos. Hoje, vivendo o programa de doze passos, sei o quanto é importante identificar e trabalhar essa intensidade de emoções que passam por mim diariamente. Compreendo que felicidade completa não existe, e também não teria graça. Preciso encher minha alma de aceitação e renuncia, parece contraditório, porém a vida é assim, viver o lado positivo e me manter invadido de fé e serenidade para os problemas que venham a acontecer.
Aprendi a acreditar no tempo de Deus[ii], durante esse 270 dias sem qualquer tipo de aposta, situações que imaginava demorar a acontecer, simplesmente aconteceram. Defino isso como entrega! Algo jamais praticado por mim.
Estou consciente o quanto é importante para mim, um jogador compulsivo em recuperação, chegar aos nove meses; deixo a euforia de lado, e abro espaço para crença, onde tenho e posso levar a mensagem, a outro dependente que ainda sofre. Sinto muita satisfação quando isto acontece.