Contra o estigma, a negação e a vergonha associados aos comportamentos adictivos. O silêncio não é seguramente a melhor opção para a recuperação; ninguém recupera sozinho.
Contra o estigma, a negação e a vergonha associados aos comportamentos adictivos. O silêncio não é seguramente a melhor opção para a recuperação; ninguém recupera sozinho.
Pequenos excertos de pedidos de ajuda que recebo todos os dias por email, posteriormente, foram enviadas as respectivas respostas para cada situação.
Se você identificar com alguma situação e ou comportamento em concreto pode escrever um email e solicitar apoio. A resposta será enviada o mais brevemente possível. Todos os dados pessoais foram alterados de forma a manter a confidencialidade.
A publicação destes pequenos excertos tem como propósito quebrar o ciclo disfuncional associado ao estigma, à negação e à vergonha. Na sociedade atual, é cada vez mais frequente o aparecimento deste tipo de problemas, refiro-me aos comportamentos adictivos. Por vezes, a distancia, entre pessoas com problemas adictivos idênticos, pode ser uma porta, um prédio e/ou uma mesa do escritório. A ajuda surge quando o ciclo disfuncional do silêncio é interrompido. É possível recuperar a dignidade, peça ajuda.
Pedidos de ajuda que quebram o estigma, a negação e a vergonha:
"Chamo Mario (nome ficticio) durante uma pesquisa na Internet sobre a codependência encontrei o seu blogue que me despertou o interesse. Li vários artigos do blogue e gostei. Identifico um problema serio nos relacionamentos de intimidade. Não me sinto realizada e gostada, como considero que mereço. Sinto-me atraída por homens que não disponíveis para me amar. Não foi um caso, mas já acontece há alguns, demasiados, anos. Gostaria de saber como funciona as consultas online. Agradeço desde já a sua atenção e disponibilidade.
"Chamo me João (nome ficticio) e tenho 24 anos. Desde que me conheço sempre tive problemas com a comida. A comida é mesmo um vício. Às vezes, abuso imenso e depois só me apetece vomitar. Engordei 40kgs nos últimos 2anos. Parece que não consigo parar de comer e fico super irritada comigo própria por me ter deixado chegar a este ponto. Tenho sentimentos de culpa. Preciso de ajuda. Não aguento mais este sofrimento."
"Chamo me Carlos (nome ficticio) quero pedir orientação sobre um problema que existe há anos na nossa família e que não conseguimos resolver. Um familiar, com 52 anos, tem há muitos anos problemas com álcool. Quando bebe, mesmo que sejam 3 ou 4 cervejas fica logo perturbado e torna-se agressivo. Saliento que ele não se embebeda todos os dias, mas quando o faz, duas ou três vezes por mês, conduz, já foi a tribunal por conduzir alcoolizado, já ficou sem carta de condução temporariamente, já teve que pagar multas elevadas e já cumpriu trabalho comunitário imposto pelo tribunal. Já perdeu vários empregos, aliás já está desempregado há 3 anos. Não sabemos o que fazer. A situação está a piorar cada vez mais. Precisamos de ajuda."
Chamo me Tavares (nome ficticio). Encontrei por acaso o seu blogue sobre comportamentos de adição. A minha história é a de alguém que luta e sofre com a adição pelos doces. Tenho alternado entre períodos de ser muito cuidadosa e saudável e depois como que algo se apodera de mim e perco a noção de tudo, faço muito mal a mim mesma, isolo-me e caio na compulsão. Passei por alguns traumas na vida, de entre os quais ter ficado viúva aos 28 anos, e ainda bloqueei mais. Não sei porquê este meu perfeccionismo, de querer sempre tudo perfeito, exigir de mim e dos outros aquilo que afinal é mesmo humanamente impossível...tem sido muito complicado gerir todos os meus desequilíbrios e quedas, quer seja a nível pessoal, familiar e profissional. Preciso de ajuda, por favor."
Comentário: Quebre o silêncio disfuncional, tal como aconteceu a centenas de indivíduos e famílias resilientes que conseguiram alcançar a Recuperação e um novo modo de vida. Se identifica um problema, você não está sozinho/a.
Sabia que o alcoolismo e/ou a dependência de substâncias psicoactivas ilícitas afectam o sistema familiar ao longo de varias gerações. Todos, sem excepção são afectados pela adicção, incluindo as crianças, por exemplo, através da negligência e/ou abuso de menores.
Consequências prováveis, mas em muitos casos negadas pelo sistema familiar: Abuso físico, sexual e emocional, as necessidades físicas, psicológicas e sociais das crianças são negligenciados.
Sabia que muitas famílias, não são todas, afectadas pelo alcoolismo e ou dependência de outras drogas são incongruentes derivado à negação dos sentimentos e à posse de um ou mais segredos entre membros da família.
Sabia que as famílias perturbadas tendem a negar os sentimentos, principalmente, os dolorosos. Alguns membros da família, incluindo as crianças, não é permitido exprimir o que que sentem, por exemplo, o sentimento de raiva.
As consequências negativas, óbvias da adicção, observadas por todos, como um problema é negada. Acrescenta-se um novo modelo ou sistema falso de crenças de forma a negar a realidade dolorosa, alguns exemplos, o problema é a falta de dinheiro, a relação conflituosa entre cônjuges, o problema é o filho/a que é irresponsável e que exige demasiada atenção, dificuldades no emprego, demasiado stress, etc. etc.
A negação da realidade, na família desestruturada, aliado ao sistema de crenças, oculta e retarda o desenvolvimento e o crescimento dos jovens e das crianças, nas áreas fundamentais da sua vida (Brown, 1986). Este tipo de constatação pode ser doloroso, mas caso haja mudança de comportamentos, pode ser o princípio do fim do sofrimento e da confusão.
Algumas características da família disfuncional: negligente, desrespeitadora, incongruente, imprevisível, rígida e por vezes caótica.
O Amor romântico e para onde vamos, depois de morrer, sempre se destacaram como os grandes mistérios da humanidade. É difícil definir o conceito do amor, apesar de ser diferente de pessoa para pessoa, mas é fácil, para todos nós o reconhecerem. Você com certeza sabe quando é atingido pelo amor; não é muito diferente quando é atingido pela gripe. Ao longo dos anos, milhares de homens e mulheres, têm sido desenvolvidas várias filosofias sobre o conceito do amor e/ou quando um individuo está sob o efeito do amor e as razões pelas quais é necessário para a vida, todavia, as conclusões a que se chega não acrescentam nada mais do “ Amor é a amizade em chamas”. Tais sentimentos são utilizados para a composição de excelentes letras para musicas e/ou poesia, na realidade, não se ajustam à perspectiva da psicoterapia. Ao longo dos séculos, e apesar de inúmeras tentativas quanto a uma definição concreta de um conceito sobre o amor, estas têm-se revelado infrutíferas, todavia, não há como negar; na realidade, o amor existe e é essencial para a maioria dos seres humano, tal como respirar, comer e/ou dormir.
Tradicionalmente, o amor é um estado de espirito associado ao coração, inclusivamente, muitas pessoas afirmam sentir o amor no seu peito, o que é compreensível visto o coração bater mais depressa quando estamos completamente imersos nas fantasias do amor e/ou na descoberta/procura de um parceiro/a romântico. Na realidade porém, o termo utlizado nestas circunstâncias atribuído ao “coração” não é mais do que uma metáfora de algo que representa uma parte essencial da natureza humana. O amor está dentro de nós. Nós sentimos, gostamos e sofremos por ele e com ele. Algumas vezes, pensamos que não conseguimos viver sem o amor. É capaz de fazer com que os adultos se comportem como adolescentes, e aos adolescentes sentirem que agem como uns idiotas. Perseguimos o amor, imploramos, mentimos, enganamos e roubamos por ele. Idolatramos e somos capazes, sob o efeito do amor, compor poemas épicos. Mas depois, no fundo, parece que pouco sabemos sobre o amor, ou não é?
Não existe amor que justifique violência. Não existe confiança se há violência. Não existe comunicação através da violência. Violência é um abuso emocional e fisico com consequencias trágicas. Violência é violar a integridade e a liberdade de expressão e de escolha. Violência na relação é dependência; para haver violência são necessarias duas pessoas.
Amor é liberdade. Amor é confiança. Amor é honestidade. Amor é tolerância. Amor é comunicação e entendimento.
Se você é sujeita/o qualquer tipo de violência; não sofra em silêncio; partilhe os seus sentimentos, para um dia conseguir terminar a relação de dependência emocional.
Nota: De acordo com os ultimos dados o homem, apesar de em menor numero comparativamente às mulheres, também é vitima de violência domestica pela parte da sua parceira.
Sabia mais sobre a violência doméstica. Siga o link da APAV
50 Razões pela qual você deve interromper a progressão dos comportamentos adictivos:
Drogas lícitas, incluindo o álcool, e/ou ilícitas,
Dependência emocional,
Distúrbio alimentar,
Sexo,
Jogo,
Compras,
Furto.
Quebra o silêncio e o isolamento. Deixa de ter vida dupla, sem segredos e mentiras relacionados com a adicção.
Assume o controlo da sua vida quebrando a negação, o estigma e a vergonha associados aos comportamentos adictivos.
Aprende que a adicção é uma doença; não é uma fraqueza e não é um ato voluntario.
Você participa na solução do problema, em vez de contribuir para o agravamento dos sintomas da adicção.
Deixa de ser a “ovelha negra” da família e o centro dos problemas – “bode expiatório.”
Interrompe a compulsão, da dependência de substâncias psicoativas lícitas, incluindo o álcool, e as ilícitas, através da abstinência.
Programa de recuperação; plano e objetivos específicos de vida.
Ao pedir ajuda profissional não está sozinho/a; quebra a solidão e a vergonha.
Aprende a lidar, de uma forma construtiva, com os sentimentos dolorosos; raiva, dor, medo, ressentimento, vergonha e culpa.
Adquire autonomia, mestria e propósito no rumo da vida.
Relação saudável com colegas e empresa: faz parte da equipa; em vez de fazer parte dos problemas.
Melhora a saúde física e mental.
Faz mudanças significativas na sua vida: atitudes e comportamentos – você é o agente da mudança.
Gestão construtiva dos recursos financeiros; poupanças, investimentos, etc.
Melhora a performance e produtividade no trabalho ou faz mudanças na área profissional.
Melhora a qualidade da relação com os colegas de trabalho e/ou patrão.
“Deixa de cometer os mesmos erros à espera de resultados diferentes”.
Estabelece relacionamentos saudáveis e positivos com as outras pessoas.
Reconquista a dignidade e a auto estima afetada pelos comportamentos adictivos.
Liberdade de escolha e decisão no rumo da sua vida (sair da zona de conforto).
Faz planos realistas, cumpre e recompensa-se, em vez de fazer promessas infindáveis que não cumpre, que servem somente como álibi, desculpas e justificações.
Liberta-se da auto piedade e pára de culpar os outros e o mundo à sua volta; responsabilização e respeito.
Faz um serio investimento na sua vocação.
Desenvolve relacionamento de intimidade, honestidade e compromisso com o seu parceiro/a.
Desenvolve competências individuais e sociais; assertividade, gestão de emoções, estabelece limites, gere a impulsividade, gestão do stress, organiza atividades saudáveis (hobbies).
É devolvido/a à sanidade. Interrompe a logica adictiva (circulo de pensamentos que reforçam as crenças e padrões de comportamentos disfuncionais).
Melhora o relacionamento com a família, incluindo as crianças.
Vive um dia de cada vez.
Adia o prazer imediato. Define critérios saudaveis e prioridades, no dia-a-dia.
Aprende a sorrir, a divertir-se e a não se levar demasiado a sério.
Trabalha as competências da comunicação na gestão dos conflitos; é assertivo. Não é passivo/a ou agressivo/a ou manipulador/a.
Aprende que os ressentimentos do passado são fonte de aprendizagem em vez de serem fonte de descontentamento, remorso, ódio – ressentimentos de “estimação”.
Identifica os efeitos negativos do perfecionismo e cria uma lógica construtiva e mais realista de acordo com as suas limitações e talentos.
Desenvolve hábitos alimentares saudáveis e diversificados.
Integra os paradoxos no seu devir, alterando paradigmas disfuncionais; as pessoas não são perfeitas, sofremos desilusões, mas também desiludimos os outros.
Identifica as suas emoções e é honesto/a. Sentir é OK, não existem sentimentos certos e errados.
Identifica as áreas de risco de deslize/recaída e os fatores de proteção – abstinência/recuperação. A recuperação é uma prioridade na sua vida.
Desenvolve e promove uma relação espiritual com uma entidade/algo superior, sem dogmas e ou divindades: conceito individual e livre (espiritualidade).
Realiza alguns dos seus sonhos, todavia aprende a importância da persistência e da esperança; basta acreditar.
Adota comportamentos saudáveis que reforçam e promovem a sua sexualidade e o sexo, sem mitos, preconceitos ou tabus.
Desenvolve hábitos e comportamentos saudáveis com a alimentação, com o seu corpo e o seu peso.
Aprende a definir limites nos relacionamentos de intimidade: existe o amor saudável e/ou a dependência emocional, que não é amor.
Aprende a importância da genuinidade, da coerência, da integridade e da liberdade.
Desenvolve objetivos de vida auto motivacionais. Busca a motivação intrínseca.
Aprende que para se ser feliz é preciso sair da zona de conforto.
Elabora com regularidade o diário da Gratidão. Do que é que se sente grato/a?
Identifica padrões de comportamentos disfuncionais na gestão do stress crónico.
Identifica a diferença entre a vergonha saudável e a vergonha tóxica.
Desenvolve exercício físico e hábitos saudáveis de alimentação.
Você não é o único e não está sozinho/a.
Esta lista não tem fim… Recuperar é que está a dar
Veja os bastidores do filme "When love is not enough"1 que aborda a relação entre Bill W (Co-fundador dos Alcoólicos Anónimos) e a sua mulher Lois Wilson (Co-fundadora dos Al-Anon2), com a participação do actor Barry Pepper "Bill W." e da actriz Winona Ryder "Lois Wilson".
O filme retrata a relação, entre marido e esposa, extremamente afectada pelos efeitos do alcoolismo, durante a "Grande depressão", no inicio dos anos 30, nos EUA.
Em 1999, a prestigiada revista - Time Magazine afirmou que Bill W. era considerado uma das 100 personagens do século.
Notas:
1. Tradução: "Quando o amor não é suficiente"
2. Al-Anon é a designação americana dos grupos de Ajuda-mutua que reunem as mulheres e familiares, dos indivíduos alcoólicos
O alcoolismo pode igualar-se a um conjunto de doenças (ex. doenças cancerígenas, diabetes) que são herdadas na família. Ao contrário destas doenças que referi, o alcoolismo, infelizmente não é sobejamente conhecido e investigado (prevenção, tratamento e recuperação) em Portugal pelas entidades competentes e profissionais.
Há muitas gerações, que se perdem no tempo, que pertencemos a uma “cultura que bebe”, que reforça e promove o consumo de bebidas alcoólicas, em alguns casos, até o abuso do álcool é considerado normal, corajoso, destemido, engraçado e divertido.
Não é novidade que o álcool é um óptimo “lubrificante” nas relações entre pessoas e também associado a uma “fonte” de lazer e bem-estar. Se no inicio de um acto social, nos sentimos desconfortáveis ou constrangidos, após ingerirmos uns “copos” passados uns minutos já nos sentimos aliviados, desinibidos e “confiantes.”- Muleta extra utilizada para quebrar o gelo. Por isso, muito cedo (em alguns casos durante a adolescência) aprendemos estes comportamentos mas raramente os desaprendemos. Podemos recorrer á “muleta” sempre que quisermos porque sabemos perfeitamente que “Não nos vai deixar mal.”
Reconheço vários aspectos benéficos no consumo de bebidas alcoólicas na nossa sociedade. É obvio que o álcool consumido de forma consciente e saudável não representa perigo. Várias vezes refiro que o álcool não é o problema nº 1, mas as pessoas (aquelas que não estão informadas, aquelas que o consomem abusivamente e aquelas que o vendem abusivamente). Não sou “fundamentalista”, mas um cidadão (e pai) e um profissional atento aos problemas relacionados entre as pessoas (sociedade) e o álcool.
Todavia gostaria de “debruçar” sobre os efeitos do alcoolismo na família, ao longo de gerações, e expor questões que na minha opinião, continuam ignoradas e negligenciadas, o que é grave (CRISE negligenciada). Não é nada que não se saiba, mas raramente se investiga e discute até ao surgimento de notícias trágicas e comoventes – ex. casos extremos violência doméstica associados ao alcoolismo e casos de negligência e/ou abuso (físico, sexual e emocional) de crianças associados ao alcoolismo.
Qual a influencia, no publico em geral, quando determinadas pessoas, figuras publicas, admitem que numa determinada altura das suas vidas se confrontaram com a adicção? Na nossa sociedade, ainda existe o preconceito de que o alcoólico e ou o dependente de substancias é um individuo marginal, fraco, sem recursos e ou sem o apoio da família e desempregado. O vício é um rótulo moral, estigma da nossa cultura.
A adicção é uma doença primária, progressiva, crónica e caso não seja interrompida pode ser fatal. Na realidade, a adicção é uma doença negada e difundida entre uma parte significativa da população, todos nós, conhecemos alguem, directa ou indirectamente, afectado por este problema.
Sabia que um adicto (alcoólico, dependente de substancias licitas e/ou ilícitas, jogador, sexo, distúrbio alimentar, dependência emocional, shoplifting - furto, compras -shopaholics) pode ser marido, padre, politico, medico, esposa, bispo, desportista, advogado, piloto, psicólogo, irmão, irmã, engenheiro, filho, filha, soldado, policia, actor, actriz, musico, psiquiatra, juiz.
Celebridades que admitiram publicamente um problema com a adicção.
Eric Clapton (musico)
Ringo Star (musico)
Boy George (musico)
Anthony Hopkins (actor)
Betty Ford (primeira dama - faleceu)
Tiger Woods (desporto)
Stephen King (escritor)
Buzz Aldrin (austronauta)
Bill Cliton (president dos EUA)
Robbie Williams (musico)
David Duchovny (actor)
Tom Sizemore (actor)
Ben Affleck (actor)
Jamie Lee Curtis (actriz)
Drew Barrymore (actriz)
Samuel L. Jackson (actor)
Elton John (musico)
Melanie Griffith (actriz)
Ewan McGregor (actor)
Robert Downey Jr (actor)
Eminem (musico)
Nick Nolte (actor)
Joaquim Phoenix (actor)
Eddie Van Halen (musico)
Iggy Pop (musico)
Mickey Rourke (autor)
Naomi Campbell (modelo)
Annie Leibowitz (fotografa)
Dennis Quaid (actor)
Jonnhy Depp (actor)
Michael Douglas (actor)
Richard Dreyfuss (actor)
Phillip Seymour Hoffman (actor)
Billy Bob Thornton (actor)
James Goldolfini (actor)
Elizabeth Tayler (actriz)
Robbie Williams (actor)
Liza Minneli (actriz)
Winona Ryder (actriz)
David Bowie (musico)
Mike Tyson (desporto)
Dennis Rodman (desporto)
Oliver Stone (cinema)
A lista não acaba aqui. Existem também figuras publicas portugueses que admitiram o seu problema...e que hoje conseguem ter qualidade de vida.
Vamos quebra o Estigma, a Negação e a Vergonha associado aos comportamentos adictivos. Se identificar problemas relacionado com substancias psicoactivas legais e/ou ilegais e/ou comportamentos, peça ajuda.
Um garoto, a que vamos chamar Júlio, de 15 anos, quando conversava evitava o olhar e falava muito baixo, todavia, era muito doce e muito forte. Morava num bairro social, num T1, no mesmo prédio mas em dois andares diferentes. No primeiro andar morava a avó que padecia de cancro, em fase terminal, no rés-do-chão morava o pai alcoólico com um cão. Todos os dias, o rapaz levantava-se muito cedo, tratava da casa, preparava o almoço, depois corria para a escola onde era um óptimo aluno, mas muito solitário. Ao final da tarde e de regresso a casa, fazia compras, não esquecia de levar o vinho, lavava o T1 onde o pai e o cão tinham feito porcarias, vigiava os medicamentos, dava comer à pequena família, depois à noite, quando a tranquilidade regressava, oferecia a si mesmo um instante de felicidade, estudava.
Um dia, o Julio foi convidado para participar num projecto entre turmas na escola. Ele, dois colegas e o professor estiveram a falar sobre o assunto. Após a reunião, voltou para casa, para as suas duas divisões caóticas, deslumbrado e aturdido de felicidade. Era a primeira vez na vida que lhe falavam amigavelmente, que o convidavam para tratar de um assunto insignificante e abstracto, tão diferente das provações incessantes que enchiam a sua vida quotidiana. Esta conversa (reunião) insignificante, para um jovem de um ambiente familiar normal, adquirira para o Júlio um deslumbramento muito especial e distinto. Afinal, era possível conviver e fazer parte das coisas normais e abstractas. Passados uns anos, antes do exame final do 12º ano, o Júlio, exclamou “Se por desgraça, passar no exame, não poderei abandonar o meu pai, a minha avó e o meu cão.”
Recordo outro indivíduo a que vamos chamar de Mário, 40 anos, alcoólico e dependente de drogas desde longa data, pai solteiro de duas filhas jovens, que não conhece, vive com a sua mãe de 80 anos, num bairro social, num T1, mais dois irmãos, um de 35 e o outro de 38 também dependentes de drogas e álcool, não sabe ler e escrever e apresenta sérios problemas de saúde consequência da dependência (no fígado). O seu pai morreu, com uma cirrose no fígado, vítima do alcoolismo. O Mário, não completou a primeira classe, como não tinha “jeito” para estudar, foi trabalhar na construção civil, com o seu pai. È um individuo de tracto dócil, simpático e sempre esteve disponível para ajudar os outros.