O poder da escolha pessoal
- «Estou cansado de chorar,
- Estou cansado de gritar,
- Estou cansado de estar triste,
- Estou cansado de fazer de fingir,
- Estou cansado de estar só,
- Estou cansado de estar zangado,
- Estou cansado de sentir que estou louco,
- Estou cansado de sentir que estou preso,
- Estou cansado de sentir que preciso de ajuda,
- Estou cansado de saber o que tenho que fazer,
- Estou cansado de perder oportunidades,
- Estou cansado de sentir que sou diferente,
- Estou cansado de perder pessoas,
- Estou cansado de sentir que não tenho valor,
- Estou cansado de sentir um vazio dentro de mim,
- Estou cansado de sentir que não consigo libertar-me,
- Estou cansado de pensar que gostava de voltar atrás e começar tudo outra vez,
- Estou cansado com a vida, que gostava, mas que nunca irei ter,
- Acima de tudo, estou cansado de estar cansado.» Autor anónimo
Este texto reflete um rol de problemas na vida do individuo. Reflete a frustração, a desilusão, o remorso e a ausência de esperança. Reflete a impotência, característica daqueles que sofrem sintomas (físicos e psicológicos) da adicção activa, seja a substâncias psicoactivas do sistema nervoso central, vulgo drogas lícitas e/ou ilíctas, seja a comportamentos adictivos (jogo, compras, sexo, dependência emocional, internet/redes sociais, perturbação do comportamento alimentar). A impotência, incapacidade do individuo em controlar a adicção, é por si só uma fonte inesgotável de dor e sofrimento.
Consoante a sua natureza os problemas evocam a impotência e a frustração, desgosto, desespero ou tristeza, vergonha, raiva e culpa no individuo. É através do sofrimento, que os eventos ou conflitos geram em nós, que lhes atribuímos o grau da dor. A adicção representa, para o individuo (e sua família), um grau muito elevado de dor e sofrimento. Nesse sentido, possuímos a tendência para evitar o sofrimento emocional, e desde cedo, aprendemos a fugir e a negar a dor, utilizando auto afirmações habilidosas, tais como, « Há-de passar» ou «Amanhã é que eu vou fazer qualquer coisa» ou « Amanhã vou ao medico» ou « O meu problema não é assim tão grave», enfim cada individuo personaliza as suas próprias desculpas e justificações de acordo com o seu contexto individual e social. Com a dor e o sofrimento, também aprendemos, que não é negando os problemas que encontramos as respostas mais apropriadas e construtivas. O mesmo fenómeno ocorre naqueles que são afectados pela adicção activa, incluindo a família.
A adicção, seja a substâncias psicoactivas e/ou a comportamentos adictivos, é sinónimo de dor e impotência (consequências negativas). Quando estamos em dor sabemos, imediatamente, que algo precisa de atenção, acção especifica ou apoio. Você considera que é um adicto/a? Se a resposta é sim, numa escala de 1 (reduzida) a 10 (elevada) qual é o grau de sofrimento em relação à adicção?
Descubra o seu poder pessoal em lidar com a adicção – impotência, perda do controlo e dor.
O individuo é o agente de mudança (atitudes e comportamentos) – ninguém é culpado. É preciso compreender a adicção, adquirir conhecimento (profissional sobre o assunto), experimentar novas crenças e sensações geradoras de mudança, resiliência e aceitação. Não existe um comprimido «milagroso» que resolve o assunto; pode mitigar o sofrimento e adiar a solução, a questão fulcral é comportamental (mudança de pensamentos, sentimentos e acções).
Possuímos mais competências e recursos do que aqueles que imaginamos. Muitos indivíduos adictos, em dor e sofrimento, desenvolvem mecanismos psicológicos de defesa que reforçam o ciclo adictivo – prazer/recompensa vs. Dor e sofrimento. Quando estamos em dor e em sofrimento, o mundo à nossa volta, é negativo e doloroso. A dor e o sofrimento poderão ser o percursor do isolamento e a vergonha que é necessário interromper. É preciso falar sobre aquilo que está a incomodar, expressar os sentimentos e receber apoio e orientação.