Contra o estigma, a negação e a vergonha associados aos comportamentos adictivos. O silêncio não é seguramente a melhor opção para a recuperação; ninguém recupera sozinho.
Contra o estigma, a negação e a vergonha associados aos comportamentos adictivos. O silêncio não é seguramente a melhor opção para a recuperação; ninguém recupera sozinho.
Obrigada pela "persistência" da dica “Arte Bem Viver” que agora recebi e li.
Chorei, confesso.
Porque aprendi recentemente e constantemente luto para conseguir ser silêncio...
Passei por quase tudo, perdas, divórcio, doença crónica, acidentes, ameaças à integridade física e financeira, pessoas alegadamente amigas que não o eram, alienação parental, desilusão atrás de desilusão e riscos de perda de esperança, que felizmente inverto porque nasci a reclamar, mas a mirar o "copo meio cheio". Sou aquela que é “forte”, “supermulher”, se desenrasca e “adeus”, qual descartável humano, ou desnecessitada de qualquer ajuda por me encararem como lutadora que tudo ultrapassa sozinha.
Se me perguntam como estou nem posso dizer que bem, nem que mal, porque as respostas são desastrosas e nada empáticas, encolho então os ombros, sorrio e digo "um dia de cada vez". Hoje aprendi a sua expressão: se me perguntarem “como estás”, não direi o habitual, mas "faz - se por isso".
Um dos meus amigos ensinou-me sem querer, uma expressão que anotei, "sempre em frente" e "força". Nunca me disse "pensamento positivo" felizmente, pessoa sábia. Não suporto ou sequer admito tal expressão, viro costas com uma desculpa, se estão por bem.
Queira - se ou não, há um estigma brutal contra a doença, a incapacidade física ou limitação mental, por muito que se fale disso... Modas. Estigma contra os pobres, doentes, idosos, pessoas instituídas, desempregados. Sou direta. Não adocem pílulas com intenções ou falsa compreensão.
Após a publicação sobre o abecedário da recuperação, amavelmente recebi um email da Alda Reis que respondeu ao meu apelo para participação dos visitantes/seguidores do blogue.
Segundo a Alda, acrescentou ao ABC da recuperação 2018:
Perdão,
Humor,
Dádiva,
Atitude,
Exercício físico,
Gratidão,
Auto Imagem
Bem haja Alda Reis pela sua participação.
Caso você também esteja interessado/a em participar no ABC da recuperação, pode faze-lo enviando um email para joaoalexx@sapo.pt com as palavras ABC no assunto da mensagem. Para participar não precisa de ser adicto/a, a sua opinião também é valida. Bem haja
Abecedário da Recuperação. As palavras são poderosas e mudam as pessoas
Abraços
Brindar
Convicções
Despertar
Espiritualidade
Felicidade
Genuinidade
Historia
Identidade
Justiça
Limites nas relações
Meditação
Nós
Objetivos
Poder superior, conforme cada um o concebe
Qualidade
Resiliência
Sentimentos
Tolerância
União
Voluntariado
Zelo
Caso você pretenda acrescentar algumas das suas palavras, ao ABC da recuperação envie email para joaoalexx@sapo.pt com as palavras ABC da recuperação no assunto da mensagem. Bem haja
Setembro de 2007/2017 – O blogue comemora 10 anos de existência. Em 2007, decidi criar dois blogues: 1. Sobre a prevenção das dependências e o 2. sobre o tratamento e a recuperação da adicção. Foram os primeiros blogues, em Portugal, escritos por um profissional (Addiction Counselor), a abordar a prevenção, o tratamento e a recuperação dos comportamentos adictivos – substâncias psicoactivas do sistema nervoso central, vulgo drogas, e/ou dos comportamentos.
Recordo a minha ambivalência em relação às primeiras publicações, estava consciente das minhas limitações e duvidas, em termos da escrita. Tinha varias questões na minha mente: «Será que alguém vai interessar-se pelos temas?» e « Será que as pessoas vão gostar do meu estilo de escrita?» Existiam um rol infindável de duvidas e questões para as quais não conseguia obter uma resposta concreta. Mas por outro lado, estava motivado e entusiasmado em explorar o potencial da Internet e lançar a discussão publica a fim de quebrar o estigma, a negação e a vergonha, partilhando ideias, experiência profissional, conhecimento e alguns avanços na investigação cientifica. Em setembro, decidi arriscar. Passados 10 anos, ainda bem que o fiz.
O blogue sobre a recuperação da adicção aborda ( envolve) a espiritualidade (conceito não religioso), o conhecimento empírico e a investigação cientifica na intervenção, na prevenção, no tratamento e na recuperação da adicção – doença primaria, progressiva e cronica, todavia, existe a esperança associada à recuperação.
O blogue conta também com a participação de pessoas (indivíduos anónimos) que partilham as suas experiências em recuperação da adicção, assim como, vários profissionais.
Passados dez anos, recebo uma media de 3 emails por semana, de adictos e/ou familiares que procuram orientação sobre a problemática da adicção nas suas vidas.
Aproveito também para manifestar a minha gratidão a todos aqueles que participam com textos (incluindo os profissionais e anónimos), mensagens, partilhas e comentários ao longo dos dez anos. Boa noticia, o blogue irá continuar disponível e a lançar a discussão aberta e honesta contra o estigma, a negação e a vergonha. Recuperar é que está a dar. Segundo o Dr. David Best e Alexandre Laudet Ph.D , os princípios da recuperação dos comportamentos adictivos assentam na esperança, na liberdade, na decisão e compromisso.
Considera que precisa de mudar algo na sua vida? Você está numa fase de ambivalência? Se a resposta a estas duas questões é sim, este post é para si.
Alguns factores servem para desmotivar:
Definir objectivos ambíguos e irreais.
Focar a atenção somente em problemas insolúveis.
Cismar pela negativa - andar sempre a queixar-se daquilo que não pode, não consegue e não resulta.
Falta de reconhecimento, ambição e não participar no processo de mudança com acções construtivas – agente de mudança.
Comparar e justificar o infortúnio com o sucesso dos outros.
Relacionar-se com pessoas, que afirmam "Não vais conseguir" ou “Não vale a pena tentares, porque não vais ser és capaz.”
Ansiedade extrema e projectar no futuro as desilusões e falhanços do passado como se fosse uma profecia; acreditar que vão voltar a acontecer. Consequentemente iremos ficar paralisados e incapazes de criar novas alternativas.
Assuma inteira responsabilidade pelos seus sentimentos e comportamentos. Cabe a nós decidir o rumo das nossas acções, de acordo com os sentimentos que estamos a sentir em determinada altura e em alinhamento com as nossas convicções. Quando conseguimos reunir a motivação necessária conseguimos feitos extraordinários e fora do comum.
1. Escreva uma lista das vantagens e das desvantagens na mudança.
2. Escreva uma lista das opções e dos recursos que dispõe a fim de reforçar as competências necessárias.
3. Escreva uma lista de pessoas que o/a apoiam na mudança.
4. Os seus objectivos precisam de ser específicos, realistas, auto motivacionais, medíveis no tempo, atingíveis e de fácil compreensão.
“ O desejo de fazer alguma coisa porque se considera essa coisa profundamente satisfatória e pessoalmente desafiadora é o que inspira os níveis mais elevados de criatividade, quer nas artes, quer nas ciências ou nos negócios.
Teresa Amabile, Professora da Universidade de Harvard