Contra o estigma, a negação e a vergonha associados aos comportamentos adictivos. O silêncio não é seguramente a melhor opção para a recuperação; ninguém recupera sozinho.
Contra o estigma, a negação e a vergonha associados aos comportamentos adictivos. O silêncio não é seguramente a melhor opção para a recuperação; ninguém recupera sozinho.
Obrigada pela "persistência" da dica “Arte Bem Viver” que agora recebi e li.
Chorei, confesso.
Porque aprendi recentemente e constantemente luto para conseguir ser silêncio...
Passei por quase tudo, perdas, divórcio, doença crónica, acidentes, ameaças à integridade física e financeira, pessoas alegadamente amigas que não o eram, alienação parental, desilusão atrás de desilusão e riscos de perda de esperança, que felizmente inverto porque nasci a reclamar, mas a mirar o "copo meio cheio". Sou aquela que é “forte”, “supermulher”, se desenrasca e “adeus”, qual descartável humano, ou desnecessitada de qualquer ajuda por me encararem como lutadora que tudo ultrapassa sozinha.
Se me perguntam como estou nem posso dizer que bem, nem que mal, porque as respostas são desastrosas e nada empáticas, encolho então os ombros, sorrio e digo "um dia de cada vez". Hoje aprendi a sua expressão: se me perguntarem “como estás”, não direi o habitual, mas "faz - se por isso".
Um dos meus amigos ensinou-me sem querer, uma expressão que anotei, "sempre em frente" e "força". Nunca me disse "pensamento positivo" felizmente, pessoa sábia. Não suporto ou sequer admito tal expressão, viro costas com uma desculpa, se estão por bem.
Queira - se ou não, há um estigma brutal contra a doença, a incapacidade física ou limitação mental, por muito que se fale disso... Modas. Estigma contra os pobres, doentes, idosos, pessoas instituídas, desempregados. Sou direta. Não adocem pílulas com intenções ou falsa compreensão.
Quando um individuo identifica um problema relacionado com o jogo (qualquer atividade offline ou online que envolva apostar, jogar e ganhar) constata, que a sua capacidade de tomar decisões, das mais básicas às mais complexas, fica afetada, nestas situações especificas, um dos sinais inequívocos é a perda de controlo. O individuo não consegue prever, com antecedência qual vai ser o resultado das suas ações, no que ao jogo diz respeito. Mesmo assim, consciente, da sua impotência, o individuo, devido ao desejo intenso (craving) continua a jogar (apostas, vídeo jogos, poker, raspadinhas, bingo, etc.) apesar das consequências negativas a nível profissional, familiares, financeiras e económicas, obrigações sociais, etc. A maioria dos jogadores patológicos não revela muita apreensão quanto ao dinheiro que envolve a atividade/jogo. Esta preocupação poderá existir, após já não ter mais dinheiro para jogar e vê-se obrigado e interromper o jogo e a enfrentar as devidas consequências, por exemplo; dividas, gastar dinheiro do orçamento familiar, pedir dinheiro emprestado, gastar poupanças, etc. Todavia, este período de remorso é temporário e de curta duração. Inclusivamente, algumas famílias apelidam a esta fase; “fase de cordeiro” de “promessas e juras” que rapidamente são quebradas; o círculo vicioso reinicia mais uma e outra e outra vez.
Alguns sinais associados ao jogo patológico
Serie de derrotas – cada vez que lançamos moeda ao ar e aparecer “cara”, as possibilidades de isso acontecer são de 50%. Isto significa que se eu lançar a moeda ao ar, dez vezes seguidas e aparecer “cara”, nada me garante que à 11ª vez que repetir o mesmo ato, voltar a lançar moeda saia “cara”, porque as possibilidades continuam a ser de 50%. O resultado de cada lançamento não é determinante e não interfere no lançamento seguinte; a moeda não possui memoria. Muitos jogadores patológicos pensam que perder várias apostas, de seguida, vão iniciar uma serie de vitorias. Na realidade, apesar de perder, nada nos garante que a seguir vamos ganhar/vencer.
Sorte – Cruzar os dedos, ferraduras, amuletos, santinhos, bruxaria, crucifixos, soprar nos dados, etc. Muitos jogadores patológicos acreditam que este tipo de superstição ou outras, não mencionadas, poderá mudar a sua sorte. Outros acreditam que devem jogar sempre na mesma máquina ou vestir a camisa da sorte ou escolher um número da sorte aumentam as probabilidades de vencer. Na realidade, este tipo de amuletos ou outras coisas não possuem qualquer interferência na possibilidade de ganhar. É o tipo de jogo que cada um seleciona que determina se ganha ou perde.
De acordo com um estudo, é mais perigoso o jogo online (apostas, poker, vídeo jogos) do que o jogo físico, por exemplo, casino. O jogador patológico é capaz de estar mais de 10 horas focado no jogo que selecionou para si e estar online facilita o comportamento repetitivo.
Referencias: "Your First Step To Change" 2nd Edition - Division on Addiction at Cambridge, Harvard Medical School, Massachusets Department Of Public Health
O que é certo e o que é errado? O que é normal e o que é disfuncional?
É através dos valores/convicções que sabemos, adquirido através da experiência e conhecimento, a distinguir aquilo que está certo e aquilo que está errado. Ao conseguir identificar, esses mesmos valores/convicções, permite-nos definir o que queremos ou rejeitamos, assim como, por exemplo, definir limites saudáveis nos relacionamentos, em detrimento da ausência de limites, por exemplo: relação caótica. É através dos valores/convicções que definimos objetivos, tomamos decisões (desde as mais básicas às mais complexas), cooperamos uns com os outros, estabelecemos limites nas relações, definimos um rumo, com sentido e propósito, na nossa vida. Adquirimos esses mesmos valores/princípios na família e na sociedade. Isto é, são as mensagens que recebemos, enquanto crianças, que moldam as crenças, as convicções e são as crenças e as convicções que moldam as normas das nossas condutas; por exemplo, o respeito mutuo, a liberdade e a igualdade, o amor, a comunicação, a honestidade, a solidariedade, a responsabilidade, a ética e a moral, a importância dos afetos, etc.
Quais são os valores/convicções que aprendemos em relação ao sexo e à sexualidade?
Os nossos valores/convicções geram qualidade de vida ou sofrimento?
Quais foram as referências sobre o sexo e a sexualidade? Com duas décadas de aconselhamento, atrevo-me a dizer que um número muito significativo de pessoas, homens e mulheres, aprenderam na rua com os amigos e na sociedade com recurso a mitos, tabus e algumas tradições rígidas e disfuncionais. Ainda se transmitem às crianças mensagens de reprovação, principalmente, quando surgem os primeiros impulsos, de que o sexo é pecado, perversidade, motivo de vergonha e sentimento de culpa.
Afinal, o que é que está certo e o que é que está errado em relação à sexualidade e o sexo?
Segundo a Organização Mundial de Saúde define: “A sexualidade é uma energia que nos motiva a procurar amor, contacto, ternura, intimidade; que se integra no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados; é ser-se sensual e ao mesmo tempo sexual; ela influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações e por isso influencia também a nossa saúde física e mental.” Acrescentaria, é uma componente integrante dos afetos, da comunicação interpessoal e do prazer.
Em pleno seculo XXI, no domínio do sexo e da sexualidade, Portugal ainda permanece em negação, refiro-me à educação sexual nas escolas, assim como, por razões históricas e culturais, teimam em existir (resistir) com o nosso consentimento, mitos e tabus, praticas e valores morais rígidos, que contribuem para distorcer e agravar as condutas em relação ao sexo e à sexualidade, à linguagem dos sentimentos e aos relacionamentos uns com os outros. Ainda se associa ao sexo e à sexualidade pecado, impureza e deve ser unicamente contemplado entre parceiros, como fator reprodutivo.
Ao longo de duas décadas de acompanhamento de pessoas com problemas relacionados com comportamentos adictivos (dependência de substâncias psicoactivas, lícitas e/ou ilícitas, vulgo drogas, incluindo o alcool, jogo, perturbação do comportamento alimentar, dependencia emocional, sexo, shoplifting -furto, compras) o isolamento é um factor presente em todas as adicções.
O isolamento que refiro funciona como uma redoma e um escudo. Isolamento da realidade da doença. Isolamento através das vidas duplas, reforçado pelos segredos, pela vergonha, sentimento de culpa e pela fantasia do controlo. Uma afirmação muito comum, " O meu problema é diferente dos outros. Eu controlo"
Estas pessoas lutam sózinhas contra a doença, o estigma, a negação e a vergonha, todavia, esta luta é inglória e extremamente frustrante, porque do ponto onde começam é o ponto onde acabam, efeito espiral (ciclo vicioso) característico da progressão da adicção. Isto é, o problema tem tendência para se agravar, todavia, a percepção da pessoa sobre o problema é precisamente o oposto.
Recuperar da adicção é um processo complexo onde TODOS os intervenientes; os indivíduos, familiares e profissionais procuram estar numa espécie de sintonia e focados na solução. Recuperar é que está a dar