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Recuperar das Dependências (Adicção)

Contra o estigma, a negação e a vergonha associados aos comportamentos adictivos. O silêncio não é seguramente a melhor opção para a recuperação; ninguém recupera sozinho.

Recuperar das Dependências (Adicção)

Contra o estigma, a negação e a vergonha associados aos comportamentos adictivos. O silêncio não é seguramente a melhor opção para a recuperação; ninguém recupera sozinho.

Dr William D. Silkworth

 Dr. William Duncan Silkworth (1873-1951)

 

27 de Julho de 1938 - O Dr. Silkworth escreve um artigo que é publicado no livro "Big Book", dos Alcoolicos Anónimos,intitulado “A Opinião do Médico" 

 

"Especializei-me no tratamento do alcoolismo durante muitos anos. 

No inicio dos anos 30, tratei um paciente que, apesar de ter sido um homem de negócios competente, com muita capacidade para ganhar dinheiro, era um alcoólico de um tipo que eu tinha chegado a considerar irrecuperável.

Durante o seu terceiro tratamento adquiriu determinadas ideias sobre um possível programa de recuperação. Como parte da sua reabilitação, começou a dar a conhecer os conceitos do seu programa de recuperação a outros alcoólicos, incutindo neles a necessidade de fazer o mesmo com os outros. Este conceito veio a tornar-se a base de uma associação formada por alcoólicos em recuperação e pelas suas famílias em rápido crescimento. Tudo leva a crer que este homem e mais uma centena se recuperaram .

Pessoalmente, conheço também um numero de casos idênticos em que outras abordagens diferentes falharam por completo.

Estes factos parecem ter a maior importância médica, e devido às extraordinárias possibilidades de rápido crescimento inerentes a este grupo, eles podem vir a assinalar uma nova abordagem nos anais do tratamento do alcoolismo. É bem possível que estes homens tenham um solução para milhares de casos de pessoas com problemas com o álcool.

Pode confiar-se inteiramente em tudo aquilo que partilhem a respeito de si próprios.

Atenciosamente, 

William D. Silworth"

 

Comentário: No passado dia 27 de Julho de 2014 celebrou-se setenta e seis anos (76) após a publicação da carta do Dr. Silkworth. Podemos constatar que a sua visão sobre "(...) estes homens..." veio revelar-se uma realidade inquestionável, não só nos EUA, mas em todo o mundo, incluindo Portugal. Faço votos que mais profissionais da saúde, em Portugal, possam também ter uma visão semelhante sobre o tratamento do alcoolismo visto ainda existirem imensos mitos, estigma e falsos preconceitos sobre o programa de recuperação dos Alcoólicos Anónimos.  

RIP, Dr Silkworth.

 

Parar de comer compulsivamente

 

A minha história começa como tantas outras. Sempre fui uma criança gordinha, mas nunca obesa, o que não me preocupava nada, até ao dia em que alguém verbalizou que eu estava gorda e precisava de perder peso. Não sei quem foi, nem quando. Só sei que me marcou profundamente. De repente, eu era diferente dos outros. Tinha peso a mais, tinha de o perder e, pior ainda, tinha de deixar de comer para o conseguir.

A partir desse momento, parecia que estava sempre alguém à espreita, pronto a apontar o dedo e a lançar um olhar reprovador, cada vez que metia um pedaço de bolo à boca. Desde então, o dedo acusador passou a estar presente em todos os momentos que houvesse comida e eu a desejasse comer.

 

Como criança pensei que a solução passava por comer às escondidas. Se ninguém vir o que como, é como se não acontecesse, ninguém me pode acusar ou lançar olhares reprovadores… Foi assim que aprendi a comer às escondidas. Nesses momentos, era só a comida e eu, a minha nova melhor amiga. O prazer foi crescendo, à medida que criava um mundo secreto, só meu.

 

Com a entrada na adolescência a situação agravou-se e o aumento de peso tornou-se evidente. A primeira reacção foi fazer de conta e evitar os espelhos. O que não se vê, não existe… Os comentários continuaram e ajudaram a que comesse cada vez mais, numa espécie de espiral compulsiva. Evitava comer em público.

 

 

 

Dia Nacional da Recuperação da Dependência de Substâncias

Aproveito o dia de hoje, alusivo ao Dia Mundial Contra a Droga para valorizar todos aqueles, sem exepção (homens, mulheres, incluindo os mais jovens) que estão em recuperação das Dependências (novo e saudavel estilo de vida) e que contribuem para uma sociedade melhor, sendo membros dignos e activos nas suas familias e na nossa comunidade - "sobreviventes".

Na minha opinião, esta "guerra contra a droga" é uma "ferramenta" politica sem qualquer efeito pratico e concreto. Não "cola" e as pessoas realmente não percebem o que se passa. Não acho que seja possivel algum dia, erradicar a droga da nossa sociedade. É uma rede demasiado complexa que sobrevive e irá manter-se activa - é uma "guerra fantasma".


Existem institições, profissionais e pessoas anónimas (rostos e vozes) que assumem um compromisso honesto e abnegado para a RECUPERAÇÃO das dependências, em vez de procurarem somente o lucro e o prestigio.

Capital de Recuperação das Dependências é: Resiliência, compromisso, honestidade, entre-ajuda, espiritualidade, responsabilidade, tolerância, determinação, altruismo, amizade, motivação, liderança, fé e esperança, equilibrio, emoções, impotência e entrega, trabalho e gestão financeira, dor e perda, familia e sociedade.

Partilha / A Esperança de um novo modo de vida

"Olá! Sou a Marta e sou uma adicta em recuperação limpa de drogas há 9 anos e dois meses.

Gostava de partilhar aqui neste blogue um pouco sobre a minha experiência.

Na minha opinião, para interromper a dependência das drogas, em primeiro lugar temos de admitir a nossa adicção e a impotência perante as drogas e que precisamos de ajuda.

Assim sendo, com força de vontade e através da identificação de pessoas com os mesmos problemas, consegui parar de usar drogas e, parar para pensar; se estas pessoas conseguem eu também iria conseguir!

È possível recuperar um modo de vida saudável, pensando um dia de cada vez, procurando as ajudas certas e especializadas.

Quem deseja recuperar da dependência consegue, MAS É PRECISO QUERER, comigo foi assim.Tive um percurso de drogas curto e duro.

Deu para ver muito rapidamente o que é o fundo do poço e levar ao desespero aqueles que mais gostam de mim. No entanto, a verdadeira lesada, magoada e cansada daquela vida era apenas eu, estava a destruir-me lentamente, dia após dia.

Só eu é que poderia mudar a minha vida, obviamente com ajuda de outras pessoas, pois sozinha não seria capaz. Finalmente, consegui deixar de viver naquela profunda solidão em que me encontrava.

Neste programa, conheci pessoas maravilhosas que me mostraram o lado bom da vida e o quanto é bom estar abstinente e em recuperação.

Hoje, sei que não estou sozinha  é muito bom sentir isso.     

Estou muito agradecida a este programa de recuperação dos 12 Passos de Narcóticos Anónimos.

Marta

Comentário: Gostaria de agradecer à Marta a sua amabilidade em partilhar connosco a sua experiência pessoal. Creio que para aqueles que desejam recuperar das dependências (comportamentos adictivos) a Esperança de um modo de vida diferente e saudável é aquilo que mais ambicionam, um dia de cada vez. Afinal, é possível viver abstinente de substâncias e feliz. A recuperação duradoura, no caso da Marta, é motivo de júbilo e de realização pessoal. Os meus parabéns e Recuperar É Que Está a Dar.

 

PÁRA!!! Faz aquilo que te digo, já.

 

Neste texto irei reflectir e promover a discussão aberta e sincera sobre um assunto que considero relevante na abordagem terapêutica junto de indivíduos com dependências (comportamentos adictivos). Não procuro ser carismático nem tendencioso, nem levantar polemicas sobre tratamentos / abordagens específicas ou certos profissionais, todavia penso que está na altura de rever a estratégia e o tratamento das dependências (individual, de grupo e famílias).
 
Desde 1992 trabalho na área do tratamento das dependências – comportamentos adictivos. Já acompanhei aproximadamente 700 indivíduos e os seus familiares.
Como profissional, admito que tenha utilizado inadvertidamente a confrontação autoritária, no passado, justificando a minha frustração – como a única “ferramenta”, existindo a probilidade de ter sido desrespeitoso, e em alguns casos ofendido os sentimentos de algumas pessoas.
 
A estratégia de confrontação adoptada na área das dependências emergiu sob a influencia de fortes factores culturais. Originalmente, praticada em comunidades (tratamento em regime de internamento de longa duração) para indivíduos dependentes de substâncias. Esta abordagem confrontacional cedo se expandiu a um tipo especifico de relacionamento profissional autoritário, que em muitos casos foi causador de vários tipos de abuso e desrespeito pelo indivíduo, pelos seus valores e princípios. È provável que existam relatos que confirmem o desrespeito, o abuso, principalmente em populações vulneráveis.
 
A abordagem centrada na confrontação era definida como um processo onde o terapeuta fornecia feedback directo e orientado para a realidade do paciente, não obstante as suas emoções e pensamentos. Esta comunicação variava entre a compaixão e a preocupação extrema e o desrespeito e a agressividade. Também se alternava no tempo, na intenção e na intensidade ao longo da relação terapêutica na instituição onde a intervenção ocorria. Esta abordagem foi encarada como uma abordagem necessária ao tratamento – a única “ferramenta”, o único tipo de linguagem conhecido e utilizado entre profissionais e os seus pacientes, dependentes de álcool e drogas.
 
O principal papel do terapeuta era corrigir os erros, combater a ilusão e a negação, assumir o comando, educar, quebrar o mecanismo de defesa e ser o elo de ligação entre a realidade do seu paciente. A mensagem expressa na sua essência era “Nós, profissionais, possuímos aquilo que tu precisas.” e a tarefa seria “Juntar as peças soltas do puzzle.”
 
Esta técnica de confrontação era essencialmente fundamentada em quatro princípios relacionados entre si:
1.       A dependência está enraizada num caracter imaturo, egocêntrico e num emaranhado mecanismo de defesa. No DSM II o alcoolismo e a dependência química eram classificados como um desordem de personalidade. Vernon Johnson (1973) afirmava “O alcoólico nega, rejeita qualquer tipo de ajuda. Mesmo que as circunstancias sejam as mais dramáticas. O alcoólico não está em contacto com a realidade”. Naquela altura, os profissionais acreditavam que os indivíduos dependentes de substancias psicoactivas eram incapazes de gerir as suas próprias vidas de uma forma responsável. Existia um défice no conhecimento e no discernimento profissional que funcionavam contra a mudança - estigma.
 
2.       Só é possível penetrar no emaranhado sistema de defesa - “concha protectora” do dependente de álcool e/ou drogas através de doses maciças de confrontação autoritária.
 
3.       Outras abordagens tradicionais de psicoterapia são completamente ineficazes quanto a penetrar na estrutura defensiva e capaz de modificar os defeitos de caracter dos dependentes.
 
4.       A confrontação verbal é a ferramenta mais eficiente capaz de provocar mudanças no comportamento do dependente de álcool e/ou drogas.
 

Recuperar dos comportamentos adictivos


 

Recuperar dos comportamentos adictivos é:

Entregar...,  partilhar...,  seguir sugestões...,  arriscar...  sonhar...  cometer erros e aprender com eles...,  tomar decisões, é confiar...,  pertencer...,  realização pessoal..., dar e receber (abraços)...,  fazer afirmações positivas..., auto-avaliação...,  discordar..., sorir (gargalhadas)...,  produzir e descansar...  chorar...viver um dia de cada vez...,  ser diferente...  dormir... tratar do fisico...alimentação saudavel... gostar de si proprio...é meditar...

Ser corajoso/a..., ser humilde..., ser honesto/a..., ser responsável..., ser pai/mãe..., filho/a..., marido e mulher..., ser membro de família..., ser falível..., ser um “exemplo” para os outros..., ser feliz..., ser realista..., ser assertivo/a..., ser tolerante..., ser bondoso/a, sentir aprovação, ser divertido/a..., ser parceiro/a ...ser genuíno/a...ser resiliente...,

Ter fé e esperança..., ter família..., ter amigos/as..., ter planos e objectivos..., ter auto-estima..., ter segurança..., ter um propósito e um sentido na vida..., ter limites saudáveis nas relações..., ter orgulho saudável (dignidade)...,ter dinheiro..., ter trabalho..., ter sexo e intimidade..., ter tempo livre...ter gratidão...ter motivação...ter ética...ter uma comunidade... ter intuição...ter alimento...

Estar confuso/a..., estar com medo..., estar com raiva e ressentido/a..., estar desconfortável..., estar ambivalente e desconfiado/a..., inseguro/a e desiludido/a..., estar magoado/a..., estar com auto piedade, estar desorganizado/a e descontrolado/a...

Sentir vergonha e culpa..., sentir rejeição e frustração..., sentir solidão e inadequação..., sentir perda e o luto...sentir embaraço..., sentir tristeza e magoa...,


Recuperação é Ser..., é Ter..., é Estar e Sentir...viver a vida plena, tal como é.

Quando nascemos recebemos este dom e esta benção da própria natureza.

Só os que desenvolvem a capacidade de se adaptar e resistir a adversidade é que conseguem ter sucesso e usufruir da espiritualidade. Somos os “arquitectos” do nosso destino.

A vida tem um fim...

Imagine este cenário e responda às questões:
Você está dentro do caixão, no seu próprio velório, morto, claro!!...
Quais os comentários que ouve das pessoas sobre si?! Sobre as suas características (qualidades e defeitos) enquanto estive vivo.

Está satisfeito/a com a sua vida (recuperação) agora?! 

Recuperação dos comportamentos adictivos através da espiritualidade

Recuperação dos comportamentos adictivos através da espiritualidade (poder Superior, não religioso, sem dogmas e ou divindades). Se as suas próprias atitudes e comportamentos disfuncionais não mudam; na realidade nada muda; contudo, algumas pessoas rejeitam qualquer tipo de ajuda e apoio exterior quando por exemplo essa ajuda pode ser a uma forma de manifestação de um poder Superior, não religioso sem dogmas e divindades, nas suas vidas. 

 

 

Quando perdemos o controlo dos nossos actos; podemos adquirir alguma consciência através da partilha e “feedback” das outras pessoas. Para um adicto, pode soar a um risco porque sabe que está a agir de forma errada, e isso pode significar ouvir aquilo que não quer ouvir.  As vezes, quando falamos com alguém sobre algo do foro intimo parece que acabamos por conseguir ouvir aquilo que dizemos num tipo de frequência diferente. Estamos em sintonia com o outro, em vez de estar, exclusivamente, em sintonia connosco mesmo. 


Na recuperação da adicção o adicto contempla e deseja mudar, em direcção ao conhecimento, à auto-realização, à necessidade de pertencer e à segurança, à aceitação, à rendição e à paz de espirito; essencial ao discernimento e ao perdão, à honestidade e à confiança nas relações com as outras pessoas, procura “modelos” saudáveis e referências espirituais nos outros e num poder Superior, não religioso, sem dogmas e divindades.

Acredito que o ser humano tem uma predisposição física no cérebro (neocortex) que o impele a acreditar em algo Superior. Já os nossos antepassados que habitavam nas cavernas e se vestiam de peles de animais deixaram um legado de manifestações de adoração a algo superior; deus do fogo, deus do trovão; deus da chuva, deus do sol para enumerar somente alguns. 


Será que quando o ser humano confrontado com doenças (ex. adicção), crises, tragédias, traumas despoleta algo dentro de si (adquire a consciência da sua vulnerabilidade perante a adversidade e busca a fé num poder Superior) provavelmente “adormecido”, de forma a manter a espécie (mecanismo de sobrevivência do gene)? 

 

 

 

Transição do Tratamento para o Regreso à Vida Activa


 

Transição do Tratamento em regime de Internamento Residencial para o Regresso à Vida Activa – Pós-tratamento


 


Trabalho desde 1993 na área do tratamento, em regime de internamento residencial, e acompanhei aproximadamente 650 casos (adictos), e algumas dessas pessoas estão abstinêntes de substâncias há vários anos, enquanto outras, após um período indeterminado retornam aos “velhos” e “familiares” comportamentos da adicção activa, refiro-me aos deslizes e à recaída.
O que motiva as pessoas a mudar de comportamento e almejar uma vida abstinente de substancias psico activas lícitas, incluindo o alcool, e as ilícitas, e “normais” enquanto outras não?

Sempre me despertou imenso interesse o trabalho da prevenção da recaída e as fases de recuperação no vasto e complexo universo de tratamento e de recuperação da adicção.
Qual o significado do tratamento em regime de internamento para uma pessoa, se pensarmos que a recuperação é algo para a vida? Não existem tratamentos no mundo, que garantam 100% de sucesso, isto é, após o período de internamento, que pode variar entre 3 a 4 meses em primaria (primeira-fase) e 12 meses em segunda-fase (extended care/halfway) os adictos consigam permanecer abstinentes e recuperar os valores emocionais e espirituais, não religioso sem dogmas e ou divindades, de volta para o resto da vida. Também partilho da ideia que no tratamento da adicção, como doença crónica, existe sempre a probabilidade de recaída para algumas pessoas ao longo das suas vidas. Somos seres complexos, por um lado, demasiado previsíveis por outro...

Na minha experiência de trabalhar em tratamento não me recordo de alguém que tenha terminado o tratamento, afirmasse “João, vou para casa e vou voltar a usar drogas e continuar dependente”. Pelo contrario. No caso das pessoas que recaíram, após o tratamento, a grande maioria afirmava que tinha sofrido experiências demasiado horríveis, relacionadas com dependência das substâncias psicoactivas lícitas, inlcuindo o alcool e as ilícitas. Acredito também que após um tratamento de internamento as coisas nunca mais serão vividas da mesma forma, quer para aqueles que permanecem abstinentes quer para aqueles que têm deslizes e recaídas. Adquiriram um conhecimento e uma consciência da realidade e da doença, como uma mais-valia. É como plantar uma "semente", o resto deixa de estar ao nosso alcance. È preciso saber aguardar pelos resultados...

Existem vários factores associados a uma transição com sucesso após o tratamento, em regime de internamento para o regresso à vida activa. Após um período de tempo em tratamento em regime “fechado” é chegado o grande momento; ambicionado e temido ao mesmo tempo – de regresso à vida activa. Para a maioria dos adictos abstinentes, familiares, amigos, e em alguns casos no local de trabalho, é um período onde se experimenta um misto de emoções tais como; ansiedade e alegria, insegurança e confiança e re-adaptação.

Adictos abstinentes que possuam fracos recursos e/ou que não se sintam confiantes podem estar mais vulneraveis quanto cometerem deslizes, ao contrario daqueles que sintam mais confiantes. Individuos que desconheçam e/ou não confiem nos recursos de protecção disponíveis (pessoas, lugares e coisas -P.L.C.) para os apoiar, durante a abstinência, tal como, aqueles individuos que tenham duvidas acerca da viabilidade e da eficácia desses mesmos recursos protectores é possível, perante a adversidade, não utilizarem as “ferramentas” de recuperação para si mesmos.

Historia dos 12 Passos / Alcoolicos Anónimos

 

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Bill W.

 



Curiosidades
Os Alcoólicos Anónimos (AA) são uma irmandade de homens e mulheres que tem proporcionado, desde 1935, a milhões de pessoas por todo o mundo, uma maneira de recuperar do alcoolismo. A sua filosofia, atraves dos seus princípios, os 12 Passos e as 12 Tradições providenciam um modelo e o protótipo para muitos grupos diferentes de ajuda-mutua. Os grupos de ajuda-mutua que se auto intitulam de anónimos e que aplicam os 12 passos vêem o AA como o fundador.
Existem muitos factores que influenciaram o AA no seu inicio de seguida irei mencionar alguns.

Nos finais dos anos 20, Bill Wilson, um dos co-fundadores do AA, depois de lutar contra o álcool durante anos foi visitado por um dos seus colegas dos “copos”, chamado Ebby Thatcher, que o informou que tinha conseguido ficar sóbrio, utilizando a religião – referia-se grupo de Oxford.
Ebby Thatcher, por sua vez, recebeu ajuda de Rowland H. que antes tinha sido classificado, pelo famoso psiquiatra suíço Carl Jung, como um caso sem solução. De qualquer forma, o Dr Jung afirmou, que ocasionalmente tinha observado algumas pessoas a ser salvos do alcoolismo por um milagre religioso.
 
Rowland H. no final dos anos 20 fazia parte do grupo de Oxford, grupo com denominação evangélico que procurava o espírito do cristianismo do século XX. Ele ficou sóbrio e tentava ajudar outros alcoólicos utilizando os princípios/valores do movimento religioso, que mais tarde se tornaram a fundação para o desenvolvimento da recuperação dos AA. Alguns desses princípios davam ênfase auto-avaliação, confissão, recompensa, dar a si mesmo através da ajuda aos outros.

Bill Wilson conseguiu permanecer sóbrio durante alguns meses frequentando os grupos de Oxford e tentando ajudar outros alcoólicos.
Foi mais tarde, em Maio de 1935, em Akron, Ohio, EUA que Bill, co-fundador dos AA conheceu Dr. Robert H. Smith, mais conhecido entre os membros de AA, como Dr. Bob, outro dos co-fundadores do AA. Nessa noite de Maio, Bill desejando beber, telefonou para um dos homens do clero de Oxford, onde manifestou o desejo muito forte de ajudar outro alcoólico onde este o encaminhou para o Dr. Bob.

Era esperado que aquela reunião tivesse a duração de quinze minutos, quando finalmente terminaram tinham estado quatro horas a conversar. O que impressionou o Dr. Bob foi que Bill também sofria do mesmo problema e mais importante ainda, que Bill precisava tanto de si como Bob precisava de Bill. Isto aconteceu no dia 10 de Junho de 1935, em que Dr. Bob ingeriu pela ultima vez bebidas alcoólicas. Este dia é celebrado como o dia do aniversario dos AA.
 
Datas:

1879 – Nasce Robert Holbrook (Dr Bob) Smith a 8 de Agosto, Vermont, EUA.

1895 – Nasce William Grifith Wilson (Bill) a 26 de Novembro, Vermont, EUA.

1915 – Dr. Bob casa com Anne Ripley a 25 de Janeiro.

1918 – Bill casa com Lois Burham a 24 de Janeiro.

As esposas, Lois e Anne, tornaram-se vitais para o desenvolvimento do programa dos 12 passos pelo apoio que proporcionaram aos seus maridos e pelas suas contribuições para o movimento que mais tarde viria a ser conhecido pelo Al-Anon (grupo de ajuda-muta para as família de alcoolicos).

1933 – Dr. Bob começa a frequentar o grupo de Oxford para lidar com o seu alcoolismo. Apesar da orientação espiritual do denominado movimento cristão, ele continua a beber. Nesta altura, Bill dá entrada no Towns Hospital, em Nova Iorque. Pela primeira vez onde o Dr William Silkworth o informa de que o alcoolismo, é como um tipo de alergia ao álcool. Nesta altura, Bill pensa que está curado.

1934 – Em 11 de Dezembro, Bill toma a sua ultima bebida. É admitido novamente no Towns Hospital, em Nova Iorque, mas desta vez ele afirma ter tido uma experiência espiritual durante a sua estadia neste hospital. Dr. Silkworth diz-lhe “Agarra-te a isso”. Bill e Lois começam a frequentar o grupo de Oxford. Bill W., nos cinco meses seguintes, envolve-se com dezenas de alcoólicos procurando ajudar e nenhum deles permanece sóbrio – mas Bill consegue.

1935 – 12 de Maio. O primeiro encontro entre Bill e Dr. Bob em Akron, Ohio, EUA, que em principio ia durar quinze minutos, de facto durou quatro horas. O dia 10 de Junho é reconhecido como o dia de aniversario dos Alcoólicos Anónimos. Nesta altura, a classe medica, nos EUA, começou seriamente a questionar o seu trabalho,  sobre os alcoólicos, por causa de a taxa de sucesso no tratamento ser muito baixa.

1939 – Em Abril, é publicado o livro dos A.A., mais conhecido como o “Big Book”. È uma compilação pratica dos primeiros 100 membros na qual já se encontra a primeira mulher no A.A.. Dois dias depois, Hitler invade a Polónia, interferindo no desenvolvimento de A.A., enquanto o mundo se prepara para a guerra.
Também neste ano, Florence R. é a primeira mulher a tornar-se membro do AA. Ela opõe-se ao titulo escolhido no Big Book “ One Hundred Men” por razões obvias.

1940 – Nesta altura, Lois W., esposa de Bill decide que tal como o marido que precisa de ajuda para o alcoolismo, ela também precisa de fazer algo. Nesta altura, as famílias reuniam-se com os alcoólicos desde 1935. Foi a partir desta data que começaram a efectuar reuniões abertas e reuniões fechadas.

1944 – Marty Mann, a primeira mulher a alcançar a sobriedade prolongada dentro dos AA, foi também um dos membros a fundar o National Committe for Education on Alcoholism.

1950 – Em Julho tem lugar em Cleveland, (Ohio, EUA) a 1ª Convenção Internacional de AA. As 12 tradições são aceites. Depois de uma década de experiências, com este tipo de organização, as tradições são desenvolvidas. Em Novembro, Dr. Bob morre de crancro.

1951 – O Al-Anon é fundado e criado o escritório em Nova Iorque.

1953 – A partir de 17 de Agosto começa o movimento dos Narcóticos Anónimos (NA). A primeira reunião foi realizada no sul da Califórnia conhecida pela reunião de “Narcóticos Anónimos e Alcoólicos Anónimos do Vale de San Fernando”. Um dos membros fundadores chama-se Jimmy Kinnon, mais conhecido por Jimmy K, um dos autores do símbolo de Narcóticos Anónimos. Este pioneiro da organização foi membro de N.A. durante 36 anos mantendo-se abstinente e em recuperação através de N.A. Houve outras adictos que também participaram no movimento, conhecidos como; Frank e Doris C., Paul R., Steve R. e outros.
 
1953 - Neste anoA primeira reunião documentada aconteceu em 5 de Outubro. Os 12 passos e as 12 tradições de AA são escritas e publicadas com a participação de Bill W.

1956 – Primeira publicação, intitulada de Narcóticos Anónimos, constava de um folheto informativo de oito paginas, contendo 20 perguntas, uma sinopse do programa de NA (os Doze Passos) e os endereços dos grupos de Studio City e San Diego, na Califórnia.

1957 – Dia 13 de Setembro inicia a primeira reunião de Jogadores Anónimos.
 
1957 - O Al-Alateen (jovens filhos de pais Alcoolicos) começa como parte integrante do Al-Alanon. Alateen (teenagers)

1960 – Em 19 de Janeiro começam os Overeaters Anónimos.

1962 – O livro Branco foi publicado a partir da primeira publicação de NA em 1956.

1971 – Em 24 de Janeiro, Bill W. morre de efizema.
 
1971 -  A 6 de Julho começam os Emocionais Anónimos em Minneapolis, Minnesota (EUA) mas as suas raizes remontam a 1965 quando Marion F. leu um artigo num jornal sobre os 12 Passos dos Alcoolicos Anónimos.
 
1971 - Primeira convenção mundial de Narcóticos Anónimos.

1972 – Abertura do Escritório Mundial de Serviço de Narcóticos Anonimos (World Service Office), em Los Angeles, Califórnia.

1975 – Foi redigida a The NA Tree, sobre a estrutura de serviço que começava a ser implementada em NA.

1978 – Neste ano a mulher do presidente dos EUA, a Primeira Dama Betty Ford, inicia a sua recuperação em tratamento e mais tarde torna-se membro do AA.

1979 – Inicio das reuniões dos Alcoólicos Anónimos, igreja do Corpo Santo, em Lisboa, Portugal.

1983 – Publicação mais completa e actualizada do Texto Básico, mais conhecida como Livro Azul de Narcoticos Anonimos.

1985 – Morre Jimmy K. pioneiro do movimento de Narcóticos Anónimos.

1985 – Inicio das reuniões de Narcóticos Anónimos em Lisboa, Portugal.

1988 – No dia 5 de Outubro Lois Burham morre.

1991 – Publicação do livro Azul de Narcóticos Anónimos em Português.


Narcóticos Anónimos é a terceira maior irmandade depois dos AA e Al-Alanon. Segundo dados divulgados na revista oficial The NA Way Magazine, editada pelo WSO de Junho de 2003 existiam 30.000 reuniões semanais, organizadas por 19.742 grupos em 106 países.
 
Ficamos a saber pela mesma fonte que a literatura de NA se encontra traduzida em 23 idiomas: Bengali, Bahasa, Melayu, Portugês, Chinês, Alemão, Espanhol, Dinamarquês, Inglês, Farsi, Finlandês, Francês, Grego, Hebraico, Italiano, Japonês, Lituano, Manipuri, Holandês, Norueguês, Polaco, Russo, Sueco, Tagalog e Turco.

Actualmente, existem em território continental e ilhas cerca de 162 grupos e 200 reuniões semanais.
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