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Recuperar das Dependências (Adicção)

Contra o estigma, a negação e a vergonha associados aos comportamentos adictivos. O silêncio não é seguramente a melhor opção para a recuperação; ninguém recupera sozinho.

Recuperar das Dependências (Adicção)

Contra o estigma, a negação e a vergonha associados aos comportamentos adictivos. O silêncio não é seguramente a melhor opção para a recuperação; ninguém recupera sozinho.

Empatia

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Podíamos disseminar a empatia na familia, no trabalho e na sociedade. Seriamos mais felizes.

Pensamento positivo

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Existem pessoas que fazem girar o mundo pela positiva.

Terence T. Gorski - comportamentos adictivos

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Terence T. Gorski, 1959 - 2020 (EUA)

É com enorme pesar que soube do falecimento de Terence T. Gorski. Foi uma referencia e um mentor, desde os meus primordios no aconselhamento dos comportamentos adictivos. Em 1982 fundou a CENAPS - The Center For Applied Science, era um profissional reconhecido internacionalmente. Dedicou a sua vida a ajudar pessoas afectadas pela adicção e outras doenças mentais. Foi-se a vida, fica o seu exemplo de compromisso e dedicação para com o tratamento e a recuperação dos comportamentos adictivos.  Os meus pesames para a sua familia. Descanse em paz.

 

As pessoas mais felizes gostam de pessoas

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As pessoas mais felizes gostam de pessoas

Entre o medo de comer e a vontade de comer demais

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Sofri de anorexia-bulímica durante 20 anos, até ao dia em que decidi procurar ajuda psiquiátrica (Outubro de 2017). Isto significa que passei mais de metade da minha vida a lutar contra duas doenças que fragilizaram fisiológica e psicologicamente durante as fases mais importantes da vida em termos de desenvolvimento pessoal – a adolescência e a primeira década da idade adulta. Já tinha 34 anos quando recorri a ajuda especializada.

Três meses depois de começar o tratamento – medicação e terapia – já me sentia mais capaz de me manter fiel a uma promessa que nunca sei se será para sempre: não praticar atos de compulsão alimentar seguidos de purga e não fazer restrição alimentar. Não é fácil abandonar por completo um vício que alimentei durante tanto tempo, pois os meus distúrbios alimentares, por muita dor física e emocional que me causassem, sempre foram a forma dominante de preencher um vazio interior que sempre senti.

Já tive recaídas desde então, mas isso não significa que fracassei, mas sim que ainda estou num processo de construção de auto controlo que me permita viver além deste vício e da fobia de engordar.

A dificuldade não está em decidir tratarmos-mos, mas sim em nos mantermos empenhados em cumprir essa resolução, por muito que nos custe dar esse salto de fé. Os meus distúrbios alimentares têm na sua base um transtorno de ansiedade crónico, posteriormente diagnosticado. Todos temos coisas dentro de nós por resolver e que nos causam ânsias, mas o importante é mantermos o foco no presente que podemos controlar e na construção de um futuro mais saudável e livre de fobias e vícios que nos impedem de viver plenamente.

Visite a pagina da Joana no facebook Tripolaridades - Ansiedade, Anorexia, Bulimia

Joana Marques

Comentário: Muitos parabéns Joana, por ter decidido quebrar o ciclo vicioso da doença e pedir ajuda, iniciando assim a recuperação, um dia de cada vez. Parabéns por lutar contra o estigma, a negação e a vergonha associados às perturbações do comportamento alimentar através da pagina do facebook. Obrigado por participar com a sua historia no blogue recuperar das dependencias. Recuperar é que está a dar, sucessos e tudo de bom!

" A recuperação é uma dádiva"

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“A Recuperação é uma dádiva, que só foi possível acolhê-la quando me rendi, baixando os braços com humildade, pedindo ajuda.”

 

 Vivi muitos anos a acreditar que controlava o uso de drogas. Uma vida dupla, com muita manipulação, “a brincar com a vida”. Tempos limpa, tempos a usar, tempos a fazer tratamentos, a construir e a destruir. A última recaída, levou-me rapidamente a um estado de degradação, um completo descontrolo facilitado com dinheiro que meu pai deixou quando faleceu.

Completamente obcecada pelas drogas e a usar compulsivamente à procura de algo que não sabia o que era. Comecei a ter medo de morrer, mas também tinha medo de deixar as drogas e viver sem elas.  Desconectada de mim.  Onde é que eu estava? E foi essa necessidade de me encontrar, mais o amor das minhas filhas que deu coragem para parar de usar, mais uma vez…

Pedir ajuda foi a primeira etapa. Por um lado, sentia-me tão frágil e por outro, queria viver.

Rendi-me perante os factos evidentes da minha destruição total como ser humano. A mais visível era a componente física, mas a mais dolorosa, era destruição da minha alma, invisível a olho nu, mas visível ao meu olhar- uma mágoa enorme, vergonha, desespero, frustração e muita confusão.

Foi quando conheci o programa dos 12 passos que comecei uma viagem diferente. Encontrei pessoas como eu, que tinham problemas com drogas e que queriam aprender a viver sem ter que as usar. As identificações sucederam-se, o sentimento de pertença e amor contribuíram para que começasse a acreditar, que afinal o meu caso, não era um caso perdido, como tantas vezes ouvi.

 

 

 

 

 

Nação resiliente no facebook 2016

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Passatempo no Facebook sobre a gratidão. Pedi aos seguidores  para completarem a seguinte afirmação: - «Estou grato/a por…» a fim de o seu conteúdo ser publicado aqui no blogue.

Escreva uma lista de 5 coisas pelas quais está grato/a.

 

  • Isabel Garrido

Estou grata por estar viva, estou grata por ter saúde, estou grata por ter uma família que me acarinha, estou grata por ter amigos (poucos, mas bons), estou grata por ter conseguido reestruturar a minha vida e ter continuado na luta.

  • Evelise Fonseca

Estou grata, vivo um dia de cada vez.

  • Vitor Guimarães

Grato por estar vivo, ter saúde, ter família e amigos, ter trabalho, grato por estar em recuperação.

  • Abdul Karim

Estar vivo

  • Maria De Fátima Antunes

Estou grata por ter saúde, pela casa que me abriga, pelas mantas que me aquecem, pela comida e porque estou limpa. 

  • Maria Aparecida Nunes

Estou grata por estar viva

  • Evelise Fonseca

Vida, saúde, amor, família e dinheiro

  • Bela Duarte

Acordar e sentir

  • Beatriz Silva

Estar em recuperação, por ter um filho maravilhoso, por os meus pais ainda estarem vivos, por ter amigos, por ter 1 cão e 3 gatas.

  • Iris Maria

Por ter encontrado seu Blog ★★★★★, por meus amigos verdadeiros, por ver meu filho formado, por poder ver a realização pessoal e profissional de minha filha, Deus

  • Leonor Nobre

Estou grata por ter uma mãe que me ama.

  • Sandra Pinheiro

Por ter gosto pela vida mesmo com todas as contrariedades.

  • Cecília Cavalheiro

Estou grata pelo filho que a vida me deu, pela família e amores, por ter vindo trabalhar, pela esperança na bonança depois das tempestades (renovada diariamente) e pelo que tenho para semear, no jardim de cada um, daqueles que a vida traz para a minha beira.

  • Maria De Fátima Antunes

Estou grata porque tenho saúde, paz, comida, amigos verdadeiros, e especialmente porque voltei a acreditar em mim 

  • Evelise Fonseca

 Viver, saúde, família, amor, amigos

  • Maria Aparecida Nunes

Viver

  • Patrícia Bento

Estou grata por Ser mãe, Ser esposa, Ser filha, Ter saúde e Ter trabalho.

  • Iris Maria

Estou grata por uma amiga não ter desistido de mim e também sou grata pelos que desistiram.

  • Dina Isabel Santos

Estou grata por todos os dias crescer/aprender mais um pouco

  • Carina Branco Dias

Grata pela minha família e amigos e por todos aqueles que me olham com carinho. Grata por ter estes olhos, braços, pernas, sexo vida e corpo. Grata por esta benção que se chama vida.

  • Leonor Nobre

Estar viva

  • Maria Aparecida Nunes

Respirar

  • Sofia Megre

Estou grata por ter saúde

Nota: bem hajam pela participação. Recuperar é que está a dar.

 

Ernest Kurtz

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1935 - 2015

 

No dia 19 de Janeiro de 2015 faleceu o conceituado e ilustre Dr. Ernest Kurtz vítima de cancro no pâncreas. 

O Dr. Kurtz estudou Historia da Civilização Americana em Harvard (1978) e enquanto tirava o seu doutoramento em Harvard, foi o primeiro investigador a quem foi concedido total acesso aos registos dos Alcoólicos Anónimos onde mais tarde escreveu um livro. Foi ordenado padre, na Igreja Católica Romana, em 1961 onde exerceu até 1979. No inicio dos anos 80, iniciou a carreira docente na Universidade da Geórgia. Foi também director de uma instituição de tratamento, para indivíduos dependentes de álcool e drogas, designada Guest House, onde outrora tinha estado internado e começado a sua recuperação do alcoolismo.

 

Participou também como investigador no Departamento de Psiquiatria da Universidade de Michigan e no Center for Self-Help Research. Entre 1978 e 1999, colaborou na Universidade de Rutgers (Summer School of Alcohol Studies) e entre 1987 e 1997, como palestrante na Universidade de Chicago.

 

O Dr. Kurtz dedicou uma parte significativa da sua vida profissional a investigar a adicção e a recuperação, com especial ênfase, a influência da espiritualidade na recuperação. Era também alcoólico em recuperação desde meados da década de 70.

 

Foi autor e co autor de vários livros

  • “Not God; A History of Alcoholics Anonymous”, 1979
  • “Vergonha e Culpa”, 2007
  • Foi também co autor com Katy Ketcham dos livros: “The Spiritual Imperfection”, 1997 e “ Experiencing Spirituality”, 2004

"Historia e imperfeição são os meus temas predilectos;  não necessariamente nesta ordem" Ernest Krutz, 1996 

 

Aproveito a oportunidade para prestar homenagem a tão distinta figura. Morreu o homem; mas a sua herança irá permanecer intacta para a eternidade. Ernest Krutz será sempre uma referência para todos aqueles que trabalham na luta contra o estigma, a negação e a vergonha associados aos comportamentos adictivos em prol da recuperação do individuo, da família e da sociedade. Os meus pêsames à sua família. Recuperar É Que Está A Dar.

Sou mãe de um adicto

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“Sou a mãe de um adicto*” por dfdwilkins

 

Ser mãe de um adicto não é a mesma coisa que ser mãe de um filho com cancro, diabetes ou VIH.

Ser mãe de um adicto não é a mesma coisa que ser mãe de um filho que serve o seu país no estrangeiro com honra.

Ser mãe de um adicto não é a mesma coisa que ser mãe de um filho que já não vive em casa, é chorado e lembrado todos os dias, pelos seus entes queridos

 

Sou a mãe de um adicto

Não existem maratonas, campanhas de angariação de fundos ou campanhas de sensibilização com pessoas bonitas e famosas sobre os efeitos trágicos desta doença

Não existem bandeiras hasteadas ou pulseiras coloridas que sirvam para reconhecer, orgulhosamente, as acções do meu filho

Só existem lagrimas, gritos silenciosos e angustia quando alguém bater à porta ou através de uma chamada telefónica com uma notícia trágica de algo que possa ter acontecido ao meu filho

 

Sou a mãe de um adicto

Vejo o meu filho todos os dias, mas não estou feliz, embora ache, com um certa dose de alívio, que a melhor maneira de o ajudar, não é querer controlar, pelo contrário, é deixar que ele tenha a sua própria vida e aprenda com as consequências das suas decisões

Quando oiço aquilo que ele diz, antecipo com medo e preocupação o futuro do meu filho, apesar de tudo, ainda tenho uma réstia de esperança

Quando olho para o meu filho, questiono-me se algum dia irei voltar a ter uma relação de confiança com ele, abraça-lo ou em último caso, se irei voltar a vê-lo outra vez