Contra o estigma, a negação e a vergonha associados aos comportamentos adictivos. O silêncio não é seguramente a melhor opção para a recuperação; ninguém recupera sozinho.
Contra o estigma, a negação e a vergonha associados aos comportamentos adictivos. O silêncio não é seguramente a melhor opção para a recuperação; ninguém recupera sozinho.
Uma Ferramenta Essencial para a Recuperação e Bem-Estar
A literacia financeira é a capacidade de entender e utilizar eficazmente diferentes habilidades financeiras, incluindo a gestão financeira pessoal, a elaboração de orçamentos e o investimento. Para pessoas que desenvolveram comportamentos adictivos, seja em recuperação ou não, a literacia financeira é uma ferramenta essencial para alcançar a estabilidade e o bem-estar. Vamos explorar alguns dos princípios básicos da literacia financeira e como podem ser aplicados na vida quotidiana.
Compreender a Importância de um Orçamento
Elaborar um orçamento é o primeiro passo para uma gestão financeira eficaz. Um orçamento ajuda a entender quanto dinheiro entra e sai todos os meses. Para pessoas em recuperação de comportamentos adictivos, um orçamento pode ser uma maneira de recuperar o controlo sobre as suas finanças, identificar gastos desnecessários e garantir que recursos sejam alocados para necessidades fundamentais como habitação, alimentação e tratamento. Além disso, um orçamento bem planeado pode ajudar a estabelecer limites claros para os gastos supérfluos, permitindo que as pessoas em recuperação evitem tentações financeiras que possam comprometer a sua estabilidade.
Para criar um orçamento eficaz, comece por listar todas as fontes de rendimento, incluindo salários, benefícios sociais e outras formas de rendimento. Em seguida, liste todas as despesas fixas e variáveis, como renda, serviços públicos, alimentação, transporte e despesas médicas. Subtraia as despesas totais do rendimento total para determinar se há um saldo positivo ou negativo. Utilize este saldo para ajustar o orçamento, cortando despesas desnecessárias ou encontrando formas de aumentar o rendimento.
Gerir Dívidas
A dívida pode ser um dos maiores obstáculos para a recuperação financeira. É crucial entender os tipos de dívida (como cartões de crédito, empréstimos pessoais, etc.) e desenvolver um plano para pagá-las. Priorizar o pagamento de dívidas com taxas de juro mais altas pode ajudar a reduzir o fardo financeiro mais rapidamente. Manter um diálogo aberto com credores e procurar aconselhamento financeiro pode ser essencial para gerir de forma eficaz as dívidas existentes. Além disso, é importante evitar contrair novas dívidas desnecessárias durante o processo de recuperação.
Para gerir eficazmente as dívidas, comece por fazer uma lista de todas as suas dívidas, incluindo o montante devido, a taxa de juro e o prazo de pagamento. Em seguida, elabore um plano de pagamento que priorize as dívidas com as taxas de juro mais altas, enquanto continua a fazer pagamentos mínimos nas outras dívidas. Considere também a possibilidade de consolidar as dívidas em um único empréstimo com uma taxa de juro mais baixa, se isso for viável.
Poupança e Fundo de Emergência
Ter uma poupança é um objetivo fundamental para a estabilidade financeira. Criar um fundo de emergência pode proporcionar uma rede de segurança em momentos de crise, evitando que se acumulem mais dívidas. Mesmo pequenas contribuições regulares podem crescer com o tempo e fornecer um colchão financeiro necessário. Para pessoas em recuperação de comportamentos adictivos, um fundo de emergência pode ser particularmente importante, pois oferece uma sensação de segurança e estabilidade durante períodos de incerteza.
Para começar a poupar, defina uma meta de poupança realista com base nas suas circunstâncias financeiras. Automatize as transferências para a poupança sempre que possível, para garantir que uma parte do seu rendimento seja reservada regularmente. Além disso, procure oportunidades para reduzir gastos e direcionar as economias para o fundo de emergência. Lembre-se de que cada pequena contribuição é valiosa e que a consistência é a chave para construir uma poupança sólida ao longo do tempo.
A violência é um comportamento irracional humano complexo e transversal na sociedade. Em cada um de nós, existe um potencial significativo de raiva, hostilidade, agressividade. Ao longo de mais três décadas de experiência profissional observei/observo esse comportamento irracional (cérebro – mecanismo fight ou fly) em pessoas que jamais pensávamos assistir. Indivíduos, homens e mulheres de “ar doce” tornarem-se agressivos. Há muito que decorre um debate científico inflamado sobre o comportamento violento; é resultado de fatores psicológicos, sociais ou biológicos. Investigação atual indica que violência resulta, de facto, de uma combinação dos três.
No tratamento dos comportamentos adictivos o sentimento de raiva e o ressentimento (gestão de conflitos e gestão da raiva) assumem destaque no plano de tratamento do individuo, quando existem evidências de passividade/agressão verbal, física ou emocional, quer seja durante a adicção ou também ao longo da vida. Alguns indivíduos com comportamentos agressivos/passivos desenvolveram mecanismos psicológicos de forma ocultar, reprimir e a negar a raiva e o ressentimento incapacitando os a ser honestos consigo próprios e com os outros, consciente ou inconscientemente. Estes mecanismos servem, principalmente, para culpar os outros afastando-os de qualquer responsabilidade, alimentar egos (preconceitos sociais) direcionar o foco da raiva, das doses elevadas de adrenalina e cortisol a fim de reforçar a crença distorcida de que é preciso estar alerta porque o mundo não é um lugar seguro.
As pessoas agressivas/passivas costumam ter reações irracionais despoletadas, por “gatilhos”, devido a sentimentos de injustiça reais ou cenários imaginários e repisam/ruminam os pensamentos incessantemente, assim como, ficam frequentemente emperradas em certas ideias fixas distorcidas ou comportamentos impulsivos. Também costumam interpretar as situações, com um grau de critica excessiva reagindo impulsivamente. Existem indivíduos com longo historial de problemas com agressividade e o abuso de drogas e álcool, jogo patológico, problemas com figuras de autoridade, passividade, incapacidade de aceitar críticas, relações tóxicas, violência doméstica, problemas com a justiça, indivíduos institucionalizados (exemplo, cadeia, estabelecimentos de apoio a crianças), trauma, comportamentos antissociais, ruminar ideias (vingança), problemas familiares disfuncionais, problemas de impulsividade no local de trabalho (colegas, direção, chefia, questões de género, etc.) depressão e ansiedade. Evitando estereótipos, os homens e a agressividade está associada a comportamentos físicos, irracionalidade, ameaça ao estatuto (macho) e impulsivos (adrenalina, cortisol). Enquanto nas mulheres a agressividade é reprimida e manifestada de uma forma mais impercetível e indireta, por exemplo, evitam o confronto direto, partilham com os seus pares (boatos), criam ligações e argumentos que servem para ruminar (ideias de vingança). Todavia, existem homens e mulheres agressivos e impulsivos.
Contra o estigma, a negaçãoe a vergonha. Em pleno seculo XXI, estas três palavras poderosas, possuem um efeito nocivo e têm um impacto devastador na sociedade, são como uma pandemia. A sociedade somos todos nós. O fenómeno é transversal, no dia a dia, afectam pessoas, familias e instituições no tratamento e recuperação dos comportamentos adictivos, através de preconceitos, tabus, segredos, recaídas, solidão e crenças retrogadas profundamente enraízadas no individuo. O meu trabalho, contra o estigma, a negação e a vergonhar é diagnosticar, informar, educar, acreditar, emponderar e ser um aliado na transformação de juizos, crenças, atitudes e comportamentos no individuo, na familia e na sociedade. Apesar dos efeitos adversos, é possivel recuperar dos comportamentos adictivos e adoptar um novo e saudavel estilo de vida. Existe a esperança.
A perda de um ente querido ou a mudança “radical” de estilos de vida e a dor associada, são temas transversais à sociedade. Sabemos da existência de tradições, rituais, regras, atitudes e comportamentos que adotamos a fim de carpir a perda e a dor. Contudo, persistem mitos e tabus sobre a regulação das emoções e a dor. Por exemplo, existem indivíduos, nos períodos de perda e dor, buscam o alívio e o alheamento no consumo de substâncias psicoativas, vulgo drogas, incluindo o álcool e/ou adotam comportamentos repetitivos, geradores de dependência, cujo intuito é o alívio imediato.
A perda e a dor são reações, indícios à perda de um ente querido ou mudança significativa na vida de uma pessoa (por exemplo, divórcio). Gostaria de referir que os indivíduos, homens e mulheres, dependentes de substâncias psicoativas, vulgo drogas, incluindo o álcool, assim como os comportamentos adictivos são afetados por este fenómeno, especialmente, quando iniciam o tratamento. Conheço centenas e centenas de pessoas que iniciaram o tratamento e nenhuma delas alguma vez pensou, apesar de terem consciência da existência de um problema grave, que mudar as atitudes e comportamentos (estilo de vida) fosse algo tão desafiante e exigente no compromisso, na confiança, na esperança, na motivação e persistência e na fé. Ao longo da progressão da adicção o individuo está exposto e vulnerável a situações de abuso emocional e/ou traumático (perda e dor)
Sentir a perda e a dor é condição para avançar na recuperação.
O tratamento psicossocial e espiritual contempla a abordagem à MUDANÇA. Para recuperar é preciso que o individuo contemple o desafio de enfrentar-se a si próprio, à perda e à dor, à mudança de estilos/hábitos/comportamentos na sua vida, existe o passado e barreiras a serem destruídas e substituídas por pontes para o presente ( e o futuro). Tudo isto, na prática, representa um desafio enorme, uma motivação musculada, tempo para reflexão e introspeção. Tenho sido testemunha, a nível profissional, de indivíduos que se re-inventam e adquirem competências que jamais sabiam da sua existência. A grande maioria das pessoas que é admitido em tratamento, seja em regime de internamento ou ambulatório, encontra-se descrente, resistente, assustado porque houve tentativas anteriores que fracassaram e consequências negativas muito dolorosas, em si próprio, na família, incluindo as crianças, e na sociedade. Recordo um caso, o Carlos (nome fictício), 40 anos, adicto ao sexo de longa duração, chegou a tratamento em regime de internamento, acompanhado pelos pais e irmã. Foi efetuada a admissão do Carlos, entretanto a família despediu-se dele e foram embora do Centro de Tratamento. Nessa noite, os restantes pacientes que estavam em tratamento não conseguiram dormir, porque o Carlos, confrontado com a sua atual realidade, descompensou, a nível psicológico (ansiedade extrema, ataques de pânico, etc.) foi necessária uma intervenção médica para o acalmar. Foi possível acalma-lo no momento, mas as crises e a descompensação psicológica mantiveram-se durante várias semanas. A adaptação do Carlos a um novo estilo de vida foi muito dolorosa (mudança)
Capacidades e competências cognitivas e emocionais em recuperação.
Como podemos executar melhores, e mais eficientes, planos de prevenção de recaída dos comportamentos adictivos personalizados (cada caso é um caso), sabendo de antemão que estamos, como seres humanos, expostos à perda da capacidade de avaliação? Da perda do juízo, do discernimento, do bom senso e capacidade critica.
Nascemos e vivemos com esta característica enviesada, portanto em recuperação dos comportamentos adictivos este enviesamento está presente no caminho. Qual é a atitude que desenvolvemos no caminho de recuperação que construímos, gostamos, protegemos, queremos ver reconhecido e melhore a autoeficácia (olhar para nós mesmos como vencedores perante a adicção)? Acontece com um número significativo de indivíduos, há medida que avançam no caminho, pretendem que a recuperação seja duradoura, mas mais importante, revele a melhor versão deles próprios (presente). A recuperação dá trabalho, senão vejamos. Diante a mudança de atitudes e comportamentos (por exemplo, reestruturação cognitiva e literacia emocional) já não se utiliza o termo “Porquê”. Utiliza-se o termo “Como.” O individuo é o agente da mudança.
Vou tentar resumir o conceito de recuperação da adicção. Cada individuo, deverá ter o seu próprio conceito de recuperação. Não é um único evento, é um caminho abrangente e personalizado, abarca a abstinência de drogas lícitas e/ou ilícitas, incluindo o álcool, a sobriedade, crenças/convicções, relações especiais com pessoas significativas, planear e coordenar, identificar traumas e/ou comorbilidades e procurar ajuda, reestruturação cognitiva e literacia emocional (honestidade, compromisso, regular as emoções, assertividade, espiritualidade, promover um estilo de vida que contempla a saúde física e mental, a carreira profissional, hobbies, auto cuidado, fatores de risco e fatores de proteção da deslize/recaída, relações saudáveis e um caminho/rumo com sentido e propósito.
O que significa avaliação? Quando procuramos a melhor resposta/abordagem é importante recorrermos à avaliação/discernimento/capacidade critica. Diante problemas, desafios e conflitos almejamos possuir capacidades e competências eficientes e resilientes que promovam a autoeficácia.
Porque é que o discernimento/bom senso/capacidade critica é tão importante nas decisões, planos, objetivos?
Estou em recuperação há 23 anos. Neste momento posso dizer que o tempo passa depressa. Quando bebia, tudo me acontecia, havia uma poluição de vozes na minha cabeça, era infernal.
Devo grande parte da minha recuperação à minha Mãe. Nunca deixou de acreditar em mim. Fazia parte das Familias Anónimas e soube como lidar comigo, principalmente nas nalturas certas.
Vou relatar 2 episódios no inicio de recuperação que me ajudaram muito a compreender o que é estar em recuperação. Aceitação da doença e como relacionar comigo próprio e com os outros de uma forma positiva e assertiva. Fiz 2 tratamentos num espaço de 1 ano. O primeiro 1999 e o segundo em 2000.
1º Episódio
Antes de 1999 fiz algumas reuniões de Alcoolicos Anónimos (AA) por sugestão da minha Mãe.
Fui a uma reunião e uma senhora mais velha partilhou a sua dificuldade em comprar uma tv para a filha que tinha sido muito importante na sua recuperação. No final da reunião em conversa com um companheiro de sala critiquei a Sra. Disse que não fazia sentido, era uma palhaçada, e isto não é alcoolismo. O companheiro da sala disse-me:
António, esta senhora tem vários anos de recuperação, já não tem vontade de beber, vontade essa que tú deves ter neste momento. Tú podes ajudar e em vez disso, estás a criticar. Quando saires da reunião vais beber certamente.
Dez minutos depois já estava a beber e foi a 1ª bofatada de luva branca que levei dos AA. Só mais tarde é que dei significado a este episódio. Identificação e interajuda contra a negação e a critica.
Em 1999 Após um acidente viação, conduzia completamente bêbado em que o carro foi para a sucata. Não compareci no julgamento e a policia compareceu na minha morada dias depois.
Aceitei ir para tratamento, não tinha alternativa. Mais uma vez foi a minha Mãe a funcionar nas alturas certas e a organizar a minha vida.
Iniciei o meu primeiro tratamento. Inicialmente não foi fácil. Aceitação do 1 Passo (Admitimos que eramos impotentes perante a nossa adicção e que tinhamos perdido o dominio da nossa vida) foi complicada, as confrontações, só queria sair e beber. Fui ficando, comecei a envolver-me, fiz amizades, os conselheiros sempre impecáveis, mas não fui honesto.
Tinha terminado uma longa relação afectiva e guardei só para mim os sentimentos e acontecimentos que tinha passado com a minha companheira.
Quando terminei o tratamento, iniciei uma nova vida, com reuniões AA e grupos dos Narcóticos Anónimos, tinha amigos, tinha um padrinho, uma vida profissional activa e recuperar a minha companheira era para mim a cereja no topo do bolo.
Correu mal.... Recai e entrei de novo num processo destrutivo.
Senti muita vergonha por ter falhado, mentido, só queria estar de novo sozinho a beber e a ouvir novamente as vozes poluentes na minha cabeça. Bebe! Bebe! Só mais uma........
A minha Mãe voltou a ser fundamental para mim. Disse-me para pedir ajuda no centro tratamento. Sugeriram-me ir a uma reunião e partilhar a recaída.
2º Episódio
Fui a reunião AA, só queria ser o primeiro a partilhar e sair da sala, estava farto, não me sentia bem e queria beber.
No final da partilha principal, um companheiro de sala antecipou-se e iniciou a partilha. Fiquei fulo, mas ouvi a partilha. Era um sr brasileiro, que passava horas na internet, nos blogs e isto em 2000, e contou o seguinte:
Um alcoólico foi parar a um centro tratamento e no fim do tratamento o pai dele financiou abertura de uma empresa. Ele precisava de uma secretária e num anúncio que colocou apareceram 2 candidatas. Escolheu uma secretária bonita sem formação e vez de uma feia com formação.
A empresa corria bem e quando quando fez 1 ano de recuperação foi jantar com a secretária para festejar. Correu mal, envolveu-se com ela e começou a beber, recaiu.
Pergunta do Blog
Quando é que recaiu??
Quando escolheu a secretária bonita???
Quando fez 1 Ano de recuperação??
Quando ouvi esta partilha identifiquei-me tanto, fez-se luz! Quando é que eu recaí?
Quando omiti ou quando fui beber 10 meses depois.
Percebi que recuperação não é recuperar o que tinha perdido. Estar em recuperação é uma nova forma de viver a vida.
Fui novamente para um centro tratamento em que procurei lidar comigo próprio. Percebi que aceitar a minha doença, lidar com os meus problemas, pedir ajuda e ajudar os outros foi fundamental para entrar e manter em recuperação.
Os conselheiros que conheci ajudaram muito e agradeço toda colaboração e experiência de vida e paciência que tiveram comigo.
Hoje sou casado, tenho uma filha, adoro a minha familia. todos os dias, antes de ir para casa no final de um dia de trabalho passo por casa dos meus pais, já velhotes, para lhes dar um beijinho e saber como estão.
Tenho um padrinho há 24 anos que sei que posso contar sempre com ele. Um bom amigo.
Não tenho um hobbie. Gosto de cinema e ouvir música. Tenho um cão há 8 anos. Antes deste também tive outro. Todos os sábados e Domingos acordo cedo e vou para o parque da Bela Vista ou para Monsanto passear.
O Bugas vai solto e sempre à frente durante 1 hora. Eu sigo-o no meio dos meus pensamentos e muitas tomadas deciões foram aqui arquitectadas. São momentos meus. Dou muita importâcia e raramente falto.
Sugerir um livro – “Into the Wild”, existe também em Filme. Forte e pesado, um empurrão para tomadas de decisões.
Todos os dias rezo a oração da serenidade.
Obrigado João
Um abraço a todos
+24
António
Comentário: Obrigado António pela tua participação no Recuperar das Dependências. Sucessos para a tua recuperação. Bem hajas
"Em geral, nos EUA, 2 (duas) é o número médio de tentativas para tratamento de problemas sérios relacionados com o abuso de drogas e alcohol. Nos casos mais graves de dependência de drogas e alcool o número de tentativas para tratamento aumentam para o dobro." Recovery Research Institute
E em Portugal? Não conhecendo números ou estimativas em investigações, consigo refletir sobre o assunto de acordo com a minha experiência empírica na area do tratamento das dependências durante três décadas. Há trinta anos atrás, a disponibilidade do tratamento era completamente diferente do que é na atualidade. Atualmente, apesar de o estigma se manter inalterável e imutável, a disponibilidade de tratamento da adicção a drogas e álcool, creio estar ao alcance de qualquer pessoa, devido às novas tecnologias. Sabemos que quando se coloca a questão da necessidade de tratamento das substâncias psicoativas (drogas lícitas, incluindo o álcool, e ilícitas) na família, recorrem ao Google para facilitar na seleção da instituição. Na minha opinião, o número de tentativas para tratamento das drogas e álcool em Portugal é semelhante à realidade dos EUA, segundo o Recovery Research Institute.
Felizmente, conheço imensos casos de pessoas que à primeira tentativa conseguiram permanecer abstinentes e em recuperação durante longos períodos de tempo. Infelizmente, conheço algumas famílias e indivíduos, que andam há mais de duas décadas a tentar resolver o problema da dependência das drogas e do álcool. Para terminar, considero mais difícil, isto é, necessário mais tentativas para tratamento do que as drogas, o álcool. O álcool é uma droga legal e a sociedade encoraja, estimula, promove o consumo e o abuso do alcool entre as pessoas - pertencemos a uma cultura que bebe. Atrevo-me a afirmar que em pleno seculo XXI ainda existem pessoas que não sabem que o álcool é capaz de gerar dependência.