Pensamento positivo
Existem pessoas que fazem girar o mundo pela positiva.
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Existem pessoas que fazem girar o mundo pela positiva.
“A Recuperação é uma dádiva, que só foi possível acolhê-la quando me rendi, baixando os braços com humildade, pedindo ajuda.”
Vivi muitos anos a acreditar que controlava o uso de drogas. Uma vida dupla, com muita manipulação, “a brincar com a vida”. Tempos limpa, tempos a usar, tempos a fazer tratamentos, a construir e a destruir. A última recaída, levou-me rapidamente a um estado de degradação, um completo descontrolo facilitado com dinheiro que meu pai deixou quando faleceu.
Completamente obcecada pelas drogas e a usar compulsivamente à procura de algo que não sabia o que era. Comecei a ter medo de morrer, mas também tinha medo de deixar as drogas e viver sem elas. Desconectada de mim. Onde é que eu estava? E foi essa necessidade de me encontrar, mais o amor das minhas filhas que deu coragem para parar de usar, mais uma vez…
Pedir ajuda foi a primeira etapa. Por um lado, sentia-me tão frágil e por outro, queria viver.
Rendi-me perante os factos evidentes da minha destruição total como ser humano. A mais visível era a componente física, mas a mais dolorosa, era destruição da minha alma, invisível a olho nu, mas visível ao meu olhar- uma mágoa enorme, vergonha, desespero, frustração e muita confusão.
Foi quando conheci o programa dos 12 passos que comecei uma viagem diferente. Encontrei pessoas como eu, que tinham problemas com drogas e que queriam aprender a viver sem ter que as usar. As identificações sucederam-se, o sentimento de pertença e amor contribuíram para que começasse a acreditar, que afinal o meu caso, não era um caso perdido, como tantas vezes ouvi.
Após a publicação sobre o abecedário da recuperação, amavelmente recebi um email da Alda Reis que respondeu ao meu apelo para participação dos visitantes/seguidores do blogue.
Segundo a Alda, acrescentou ao ABC da recuperação 2018:
Perdão,
Humor,
Dádiva,
Atitude,
Exercício físico,
Gratidão,
Auto Imagem
Bem haja Alda Reis pela sua participação.
Caso você também esteja interessado/a em participar no ABC da recuperação, pode faze-lo enviando um email para joaoalexx@sapo.pt com as palavras ABC no assunto da mensagem. Para participar não precisa de ser adicto/a, a sua opinião também é valida. Bem haja
Em 2015 o Professor David Best e colegas da Universidade de Sheffield Hallam, Inglaterra, em parceria com a Action on Addiction conduziram o primeiro questionário sobre a recuperação da adicção - dependência de substâncias psicoativas do Sistema Nervoso Central, vulgo drogas, lícitas e/ou ilícitas. Os participantes no estudo incluíam indivíduos do sexo masculino (53%) e indivíduos do sexo feminino (47%) que atualmente residem em Inglaterra. 74% dos participantes, dependentes de outras drogas, afirmaram estar também em recuperação do alcoolismo. O questionário abrangente contemplou varias áreas da vida dos indivíduos:
De acordo com os resultados do questionário os indivíduos afirmaram ter um historial de dependência de substâncias psicoativas (adicção) de 20.4 anos. De salientar que os indivíduos dependentes de álcool apresentaram uma tendência para serem admitidos, em tratamento (receber apoio profissional - meia idade, 40 e os 65 anos), em faixas etárias diferentes, dos indivíduos dependentes de substâncias psicoativas, licitas e/ou ilícitas (drogas).
- O tempo/duração da recuperação do grupo dos intervenientes ronda os 8.3 anos
- Os indivíduos do sexo feminino revelam um historial diferente, quanto ao tempo que permanecem dependentes de substancias psicoativas, comparativamente aos indivíduos do sexo masculino, 17.7 (feminino) vs. 22.4 anos (masculino). Os indivíduos do sexo feminino iniciaram a recuperação mais cedo, comparativamente aos homens – 37.2 vs. 39.2 anos.
- 65% dos participantes consideram que continuam em recuperação, enquanto 7% considera estar recuperado, vulgo curado.
- 70% afirma ter participado, pelo menos uma vez, numa reunião dos grupos de ajuda mutua, por exemplo, dos Narcóticos Anónimos, Alcoólicos Anónimos e SMART Recovery.
- 69% afirma ter recebido apoio profissional/tratamento.
- 51%. afirma ter sido sujeito a medicação prescrita pelo medico.
Conclusões
Os autores do estudo, admitem serem defensores do conceito de recuperação das dependências de substancias psicoactivas lícitas e/ou ilícitas, concentrando assim os seus esforços, principalmente, sobre os efeitos positivos da recuperação:
Amavelmente, a Editorial Bizâncio enviou-me o livro "O meu nome é..." de Alastair Campbell (alcoólico em recuperação). Aproveito para sugerir a sua leitura às pessoas interessadas sobre o tema do alcoolismo.
De acordo com a minha experiência profissional de duas décadas, o álcool é a droga mais perigosa: afecta o individuo, a sua família, incluindo as crianças, e a sociedade. Algumas tradições culturais disfuncionais promovem e reforçam o consumo e o abuso do álcool. Paradoxalmente, as mesmas tradições disfuncionais que reforçam o estigma, a negação e a vergonha associado ao alcoolismo.
Saiba mais em Editoria Bizâncio
Dr. William Duncan Silkworth (1873-1951)
27 de Julho de 1938 - O Dr. Silkworth escreve um artigo que é publicado no livro "Big Book", dos Alcoolicos Anónimos,intitulado “A Opinião do Médico"
"Especializei-me no tratamento do alcoolismo durante muitos anos.
No inicio dos anos 30, tratei um paciente que, apesar de ter sido um homem de negócios competente, com muita capacidade para ganhar dinheiro, era um alcoólico de um tipo que eu tinha chegado a considerar irrecuperável.
Durante o seu terceiro tratamento adquiriu determinadas ideias sobre um possível programa de recuperação. Como parte da sua reabilitação, começou a dar a conhecer os conceitos do seu programa de recuperação a outros alcoólicos, incutindo neles a necessidade de fazer o mesmo com os outros. Este conceito veio a tornar-se a base de uma associação formada por alcoólicos em recuperação e pelas suas famílias em rápido crescimento. Tudo leva a crer que este homem e mais uma centena se recuperaram .
Pessoalmente, conheço também um numero de casos idênticos em que outras abordagens diferentes falharam por completo.
Estes factos parecem ter a maior importância médica, e devido às extraordinárias possibilidades de rápido crescimento inerentes a este grupo, eles podem vir a assinalar uma nova abordagem nos anais do tratamento do alcoolismo. É bem possível que estes homens tenham um solução para milhares de casos de pessoas com problemas com o álcool.
Pode confiar-se inteiramente em tudo aquilo que partilhem a respeito de si próprios.
Atenciosamente,
William D. Silworth"
Comentário: No passado dia 27 de Julho de 2014 celebrou-se setenta e seis anos (76) após a publicação da carta do Dr. Silkworth. Podemos constatar que a sua visão sobre "(...) estes homens..." veio revelar-se uma realidade inquestionável, não só nos EUA, mas em todo o mundo, incluindo Portugal. Faço votos que mais profissionais da saúde, em Portugal, possam também ter uma visão semelhante sobre o tratamento do alcoolismo visto ainda existirem imensos mitos, estigma e falsos preconceitos sobre o programa de recuperação dos Alcoólicos Anónimos.
RIP, Dr Silkworth.
Este texto, enviado pela Renata, veio no seguimento de uma publicação no Facebook onde solicitei o envio de experiências de adultos, que tenham tido pais com problemas de álcool e/ou drogas ilícitas. Eis o relato da Renata.
“Tenho um pai e uma irmã que bebem todos os fins de semana, e às vezes, no meio da semana. Vivem dizendo que é normal, e que, como todos fazem , que mal tem ? Mas percebo a incoerência nas atitudes, no modo de vida maquiado como normal, porém completamente fora do contexto. Percebo atitudes completamente diferentes do "viver em conjunto" o álcool ou a adicção retirou deles o pé do chão, como se estivessem literalmente voando ou como se vivessem em outro mundo sendo o convívio muito difícil dado ao fato que podemos ser diferentes mas precisamos concordar em conectar.
Não há dessas pessoas o menor interesse em saber sobre isso ou parar esse processo...sou adicta e “limpa” e esses familiares precisam de ajuda mas talvez a única maneira de ajudá-los seja ficando bem longe!
João, acabo de expor-lhe minha realidade e tem a ver com o post sobre familiares adictos!
Obrigada”
Renata Ramos
Nota: Todos os dados foram preservados com a devida autorização da autora. Contra a contra o estigma, a negação e a vergonha. Bem-haja Renata
Comentário: Tal como a Renata refere, a estrutura familiar aparenta estar afectada pelo álcool. Segundo alguns estudos, nos EUA, referem:
O seu pai e/ou mãe tem um problema com álcool? Ou drogas? Caso você seja filho/a de pais alcoólicos ou dependentes de drogas ilícitas escreva um pequeno texto sobre a sua experiência a fim de ser publicada no meu blogue. Pela minha experiência profissional de duas décadas e apesar de não existir estudos sobre este tema, existem em Portugal centenas, de filhos de pais alcoólicos ou dependentes de drogas, hoje adultos, que ainda sofrem em silêncio o trauma, o estigma e a vergonha. Recuperar É Que Está A Dar
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